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A Saint-Gobain Portugal, que detém oito fábricas em território nacional a produzir para os setores da construção, indústria e automóvel, iniciou no ano passado um plano de investimentos que ascende a 7,1 milhões de euros. O grupo de origem francesa, que tem na sua génese o fabrico de vidro, está apostado em incrementar o seu negócio de materiais para a construção no país, área para a qual perspetiva um contínuo crescimento. Até porque a pandemia não travou esta atividade – antes pelo contrário.
Como sublinha José Martos, CEO da Saint-Gobain Portugal, “os promotores imobiliários continuam a investir em projetos residenciais, as pessoas, que ficaram muito tempo em casa, perceberam que precisavam de fazer obras de renovação, e o governo, no Plano de Recuperação e Resiliência, preparou um conjunto de incentivos para a dinamização da habitação”.
O plano de investimentos, delineado ainda antes do deflagrar da pandemia, integra a ampliação da fábrica de abrasivos na Maia, que deverá ficar concluída até ao fim do ano, a criação de uma nova linha de pastas na unidade de Aveiro, projeto operacional desde dezembro passado, e a construção de um centro logístico no Carregado, cuja entrada em funcionamento ocorrerá ainda neste mês.
Estes projetos irão alavancar os negócios do grupo em Portugal, que encerrou o exercício de 2020 com vendas da ordem dos 180 milhões de euros, uma quebra da ordem dos 7% face a 2019. Segundo José Martos, as previsões para o corrente ano apontam para um volume de faturação superior a 200 milhões, uma recuperação para níveis pré-pandemia.
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A fábrica de Aveiro, especializada na produção de argamassas industriais para o setor da construção, recebeu um investimento de 1,2 milhões de euros, para permitir o fabrico de novos produtos nas gamas de colagem e pavimentos e ampliar a capacidade de produção dos produtos de revestimento de fachadas. José Martos sublinha que este projeto contribuiu para que a unidade possa garantir um melhor serviço ao nível das soluções de isolamento térmico pelo exterior e, dessa forma, responda com mais eficácia às necessidades de uma maior eficiência energética das construções. Afinal, como recorda, na União Europeia, os edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia, por 36% das emissões de CO2 e por um terço do consumo de recursos naturais.
Com o objetivo de tornar o negócio mais sustentável, o grupo francês apostou também na construção de um novo armazém logístico no centro de argamassas do Carregado, projeto orçado em 600 mil euros. Segundo o responsável, ainda neste mês ficarão operacionais mais dois mil metros quadrados, que vão permitir otimizar cargas de diferentes gamas de produtos num único espaço e, dessa forma, cortar na pegada carbónica da atividade através da redução de transportes e centralização das entregas no mesmo local.
O grupo está ainda a levar a efeito um investimento de 5,3 milhões de euros na ampliação da unidade fabril de abrasivos na Maia, com vista a uma maior automação e incremento da capacidade, que deverá ficar concluído neste ano.
É em Aveiro que, desde 2006, a Saint-Gobain tem o seu centro de investigação e desenvolvimento para argamassas industriais de colagem de cerâmica, com competências a nível global. “Portugal lidera os projetos mais avançados” nesta área, sendo que “um de cada três produtos da Saint-Gobain Weber [assim se designa a unidade de Aveiro] não existiam há cinco anos, o que representa um alto nível de inovação”, frisa José Martos.
Neste ano, o cimento-cola para cerâmica desenvolvido integralmente no centro de Aveiro foi galardoado com o Prémio Cinco Estrelas e com uma menção honrosa no Prémio Nacional de Sustentabilidade. O produto, que utiliza 30% de matérias-primas recicladas provenientes de outras indústrias, foi pioneiro a nível mundial e, neste momento, já há mesmo alguns países a seguir esta tendência, adianta o gestor.
O centro de I&D de Aveiro tem apoiado vários países, como a Índia, Bélgica, Indonésia, Gana, Angola, Hungria, China, Tailândia, Holanda ou República Checa. Segundo José Martos, no que se refere à otimização de custos, contabiliza-se um potencial de ganho para o grupo na ordem dos 18 milhões.
O grupo Saint-Gobain, que em Portugal emprega 750 pessoas, marca presença em 70 países e foi responsável por um volume de vendas a nível global de 38,1 mil milhões de euros.
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