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Há quem tenha descoberto os seus dotes de padeiro ou pasteleiro durante os meses de confinamento, mas para aqueles que querem apenas ter um pão ou croissant quentinho a sair do forno lá de casa – sem o trabalho de pesar ingredientes, misturar ou amassar – daqui a um mês poderá encontrar uma solução no supermercado. A Panidor vai começar a vender pão e pastelaria ultracongelada. A decisão surge depois de um ano em que a covid fez disparar em 17,6% a venda de congelados.
“Queremos aproveitar a oportunidade que a pandemia nos trouxe, a mudança de hábitos de consumo, e colocar os produtos Panidor, com o nosso próprio branding, e oferecer uma forma prática de os consumir”, adianta a administradora, Marta Casimiro. “O ultracongelado é o novo fresco. Vai ser o futuro do pão”, garante a gestora da empresa de Leiria que depois de fechar 2020 com receitas de 35 milhões (-6%), conta crescer 20% neste ano.
Com mais de 10% do seu negócio com origem na hotelaria, a quebra do turismo imposta pela pandemia acabou por afetar os resultados da Panidor. E nem a corrida aos supermercados resolveu, apesar de a empresa ser a fornecedora de pão de quase todas as cadeias de retalho alimentar em Portugal. “Estou no segmento do pão quente, que decresceu vendas com a menor frequência de idas às compras. O que subiu foi a procura do pão de forma embalado, de validade prolongada”, diz Marta Casimiro. A recuperação de vendas neste canal foi só a partir de maio.
Acabaram por fechar com uma quebra de 6% das receitas, para 35 milhões de euros, muito à conta de inovação, de entrada em novos negócios – como vendas online e abertura de lojas – e exportação, que ganhou cinco pontos percentuais de peso, dos 18% para os 23%, nas receitas, com a entrada da Panidor em mercados como Dubai, Austrália, Singapura ou Coreia do Sul. “O pastel de nata é o nosso carro-chefe e a seguir vão outros produtos”, diz. Há clientes internacionais – já estão em 26 países – para os quais seguem até 40 referências.
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Neste ano o objetivo é globalmente crescer 20%, também com a ajuda dos envios internacionais. “Tivemos um novo confinamento, que não representou grande perda para nós. Neste momento, com o aumento da exportação e a grande dinâmica das grandes superfícies, estamos com níveis já um pouco acima dos valores pré-pandemia.”
Vendas online e lojas
As vendas online foram uma das áreas em que a empresa entrou no ano passado. “Tivemos vendas muito surpreendentes e o objetivo é continuar”, diz, mas com contornos diferentes. “Tínhamos clientes muito desesperados e achámos que podíamos fazer vendas online e ao mesmo tempo ajudar as pastelarias e restaurantes encerrados. Criámos 120 pontos de recolha em todo o país. Foi muito bom na altura, ajudámos os clientes – parte da venda era para eles – mas o futuro da venda online é a entrega em casa. É nisso que estamos a trabalhar.” A entrega será assegurada por empresas de transporte de congelados.
Em pausa está o crescimento da rede de lojas Panidor – com pão, carne, pastelaria doce e salgada ultracongelada, entre outros produtos – que depois da primeira abertura na fábrica de Leiria, em 2019, se expandiu em mais 18. “Durante a pandemia, percebemos que a loja de fábrica estava a faturar dez vezes mais. Tínhamos filas de carro à porta. Hoje temos 19”, diz. “Vamos mudar o conceito de loja – não pode ser só pão e carne – e vamos continuar a aumentar.”
Neste ano, a aposta é na venda ao consumidor final, com a marca Panidor. “Nos pães serão os mais correntes; na pastelaria serão croissants simples, de chocolate… Produtos que, no nosso negócio, estão testados e a ter uma ótima performance.”
Marta Casimiro acredita no potencial da nova oferta. “Uma vez experimentando este tipo de produto – é cozido a 70%, ultracongelado, com a restante cozedura a ser finalizada em casa -, o consumidor vai voltar a comprar. Não é uma aposta em falso. Nos últimos meses tem vindo a crescer a apetência por pão e pastelaria ultracongelados. É apenas pelo conforto.”
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