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Massa folhada estaladiça recheada de creme que quase derrete-se na boca. A Nata Pura é uma empresa de Vila Nova de Gaia que exporta o pastel de nata para cerca de 30 países e que no próximo ano quer conquistar o paladar dos norte-americanos. Mabílio de Albuquerque não inventou a receita mas é o primeiro grande exportador de um dos doces mais apreciados pelos portugueses.
A ultracongelação é o segredo para que tudo chegue em condições aos mercados externos. “Pegamos o mais possível em ingredientes frescos. Funcionamos à base do sabor original e depois vamos acrescentando opções, a pedido dos consumidores”, indica o empresário em entrevista ao Dinheiro Vivo.
No exterior, os pastéis parecem todos iguais e só quando trincamos é que apercebemo-nos de que há uma dúzia de sabores no mercado: além da nata, há opções de chocolate, frutos vermelhos, morangos, caramelo, chá verde, vinho do Porto, blue cheese, queijo Brie, queijo Camembert, maçã e ainda piña colada.
A combinação de sabores chega em camiões ou contentores a mercados como França, Alemanha, Países Baixos, Suíça, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Japão, Coreia do Sul, Singapura e África do Sul.
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A produção fica a cargo de duas fábricas em Portugal, que seguem a receita da empresa. Os pastéis podem ser comprados em cafés (70 gramas) ou então em supermercados, onde são comercializados como marca branca (60 gramas). Há ainda os mini-pastéis de nata (25 gramas).
Mesmo com a subida dos custos logísticos, a Nata Pura terá vendido, em 2021, um total de 12 milhões de unidades, faturando 3,5 milhões de euros. No final de 2021, a empresa voltou a deter a posição minoritária que desde 2016 estava nas mãos da sociedade de capital de risco do Estado, a Portugal Ventures.
“Em função do desenvolvimento que estávamos a atingir, a operação fazia sentido. Corríamos o risco de essa participação ficar muito mais cara ou então ir parar às mãos de outra entidade. Podíamos ficar com um parceiro que não conhecíamos ou que poderíamos não querer.”
O negócio deixará orgulhoso Álvaro Santos Pereira. Há 10 anos, o então ministro da Economia desafiou os empresários a pensarem mais nas exportações de bens: “Nenhum português pegou nas natas como se pegou no frango de churrasco.” Mais ou menos nessa altura, Mabílio de Albuquerque teve a ideia promover o doce, que nunca conquistara muitos fãs fora do país.
Antes disso, Mabílio tinha passado por uma importadora automóvel e uma sociedade de gestão e comercialização de centros comerciais. Em 2013, o empresário foi com um dos filhos a Londres para apresentar o conceito numa feira.
A entrada da empresa no mercado deu-se em 2016. O empresário, entretanto, criou o grupo BY Foods, que também tem uma marca dedicada às queijadas. A K-Jada foi servida nos voos da TAP até à chegada da pandemia. A marca irá regressar em 2022 noutro formato.
Também em 2022, a Nata Pura vai entrar nos Estados Unidos. “Conheço bem o mercado norte-americano. Já fizemos ensaios com um grande operador, antes da pandemia. A covid-19 abrandou um pouco os planos mas já temos contactos com grandes empresas locais.”
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