//Patrícia Vasconcelos. “2021 vai ser um ano ainda mais duro, sem turismo nem aeroportos”

Patrícia Vasconcelos. “2021 vai ser um ano ainda mais duro, sem turismo nem aeroportos”

Chegou à Salvador Caetano em 2012, para liderar a reestruturação da Cobus, a unidade de autocarros para aeroporto do grupo que é líder mundial do setor. Oito anos depois, Patrícia Vasconcelos foi chamada a liderar a CaetanoBus para desenvolver novo processo de reorganização interna. Vem cortar gorduras, mas também tornar a estrutura mais eficiente. E aposta tudo na mobilidade limpa e, em especial, no hidrogénio verde que, acredita, é o futuro.

Assumiu em maio a presidência executiva da CaetanoBus, é um ano difícil para começar projetos novos, não?

Sem dúvida, mas, às vezes, é com as crises que se conseguem fazer as mudanças necessárias. Como em tudo, há sempre um lado positivo.

Vem para reestruturar a Caetano Bus como fez na Cobus?

Também. Mesmo sem a crise, a CaetanoBus iria precisar de uma reestruturação. Com a crise, precisa, como todas as empresas, de se redimensionar e reorientar. Precisa de processos mais simples, mais smart. É uma empresa com muita tradição, com muita experiência dentro de porta, mas que não se foi adaptando às novas tecnologias, em termos de processo interno. Sempre foi muito aberta às tecnologias, em termos de inovação de produto, disruptiva até, mas internamente continuou a fazer como sempre fez. Chega-se a um ponto em que estes produtos completamente diferentes, com tecnologias de produção também diferentes, já não são compatíveis com a forma como se fazia antigamente, sem as máquinas e os equipamentos necessários.

Estamos a falar de investimento em digitalização e automação?

Sim. Muito investimento na fábrica em si, em meios de produção, mas também em formação de pessoas, para as adaptar a estas novas formas de fabricar e aos novos produtos.

Vai haver despedimentos?

Temos sempre lutado contra despedimentos. Reduzimos alguma coisa na produção, sobretudo através da não renovação de contratos a prazo, pela queda que tivemos da atividade, com a pandemia, mas estamos a investir em pessoas por causa do futuro que a Caetano Bus tem pela frente na mobilidade elétrica. Estamos a crescer em áreas core, contratando para a engenharia de processos, a prototipagem e o pós-venda.

Estamos a falar de uma renovação geracional?

E de negócio. Nós temos pessoas com muito conhecimento na produção de autocarros a diesel, mas que não dominam a componente de eletricidade e de mecatrónica para os novos produtos elétricos e de hidrogénio. São essas pessoas que temos de ir buscar.

Não há forma de os reciclar? Quantas pessoas contrataram e quantas saíram?

Estamos a fazer formação interna, sim, mas com a redução do volume de negócio tivemos que reduzir. No ano passado tínhamos 950 pessoas, mas produzimos quase 700 unidades. Este ano vamos produzir 425. Diria que acabaremos o ano com 850 pessoas e que, em 2021, ficaremos ela por ela.