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O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, afirmou esta terça-feira que “hoje, a Caixa não é uma Caixinha”, argumentando que o banco tem uma rentabilidade e autonomia financeira que permitiriam evitar processos de vendas que culminem em aquisições por um euro por um grupo bancário estrangeiro.
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Numa audição parlamentar na Comissão de Orçamento e Finanças, Paulo Macedo garantiu que caso surja algum problema em algum banco português, a Caixa tem hoje capacidade de intervir e evitar que uma instituição financeira seja adquirida por uma verba irrisória. E deu os casos do Banif e do Banco Popular como exemplos.
“A CGD não é líder em tudo [o que é negócio bancário] ou seria um banco imperial, mas o que se demonstra é que hoje a Caixa não é uma Caixinha, tem rentabilidade e tem autonomia. E é por a Caixa estar hoje como está que hoje não aconteceria um banco estrangeiro comprar o Banif e o Banco Popular por um euro”, disse o gestor.
Paulo Macedo referia-se ao período da resolução do Banif e à intervenção e posterior venda do Banco Popular. Em 2015, a operação portuguesa do Santander comprou a atividade bancária do Banif – a parte boa – por 150 milhões de euros. O banco de investimento do Banif (hoje Bison Bank) foi adquirido pelo grupo Bison Capital. Mais tarde, em 2018, a operação espanhola do Santander em Espanha comprou o Banco Popular por um euro, ficando com o banco que este tinha em Portugal. Nesses anos, o governo ainda tentou recorrer à CGD, mas o banco público vivia uma situação difícil.
“Naquela altura, a Caixa vinha de seis anos de prejuízos sem qualquer possibilidade em termos de capital e de solvabilidade”, explicou o gestor. Ou seja, a CGD não tinha condições para absorver aqueles bancos. Aliás, Paulo Macedo disse mesmo que o banco “estava à beira da resolução”.
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“Foi por isso que foram bancos estrangeiros que compraram [o Banif e o Banco Popular] e foi por isso que esses bancos ultrapassaram as quotas”. É “muito claro porque é que há bancos que cresceram na sua quota de mercado, para além do seu mérito”, acrescentou.
Não obstante, atualmente, o cenário é outro e, segundo Paulo Macedo, a Caixa é um player com lucros e ativo. “A Caixa não vai voltar ao prejuízo”, disse o gestor, considerando que “a ideia de que Caixa pode dar [só] um lucrozinho é totalmente errada”.
Macedo quer lucros para devolver ajudas ao Estado
O CEO da CGD admitiu aos deputados perseguir o lucro para a Caixa, esclarecendo que os resultados positivos “são do Estado”. Para Macedo, ao somar lucros a “obrigação” é “devolver o dinheiro ao Estado”.
A propósito de um plano estratégico e de recapitalização do banco, entre 2017 e 2020, a CGD recebeu cerca de cinco mil milhões de euros do Estado. Ora, da mesma forma que defendeu que o banco é hoje um operador ativo, o gestor assegurou querer devolver a ajuda aos contribuintes. “Senão a Caixa estava como outras instituições que são frequentemente citadas nos jornais por perdas de dinheiro que desaparece. O dinheiro na caixa não desaparece, vai ser devolvido e a um ritmo maior”, afirmou.
“É claramente uma das prioridades da CGD mostrar que pode haver dinheiro investido em empresas detidas pelo Estado que é rentável e é devolvido aos cidadãos e não se juntar a outros casos, digamos assim, que são a fundo perdido”, sublinhou o gestor que foi ministro da Saúde do Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho.
A devolução dos dinheiros ao Estado ocorre através do pagamento de dividendos, uma vez que o Estado é o acionista único do banco público. Desde a recapitalização, a Caixa já pagou ao Estado mais de 800 milhões de euros em dividendos.
No final de setembro de 2022, a CGD tinha registado um lucro de 692 milhões de euros, mais 61% em termos homólogos. Os resultados permitiram prever que, dentro de alguns meses, o banco entregará “o maior dividendo da sua história”. As contas finais de 2022 ainda não foram reveladas.
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