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O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, avançou com uma queixa-crime contra o acionista privado da Groundforce, Alfredo Casimiro, devido à divulgação de uma conversa privada entre ambos sobre a TAP.
A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios e o Eco, e confirmada ao Dinheiro Vivo por fonte oficial do governo. “O ministro das Infraestruturas avançou com uma participação criminal junto do Ministério Público contra Alfredo Casimiro, o dono da Pasogal”, adiantou o Ministério das Infraestruturas ao Dinheiro Vivo. Em causa estará aquela gravação, sem conhecimento ou autorização do ministro, de dois minutos e meio de conversa gravada numa reunião sobre a situação na Groundforce.
A conversa em questão, em que Alfredo Casimiro (que detém 51% da Groundforce) pergunta ao ministro sobre se Humberto Pedrosa, acionista privado da TAP (que mantém 22,5% da transportadora aérea portuguesa), está a injetar dinheiro na companhia aérea em igual proporção face ao Estado, terá sido feita sem o conhecimento do ministro e depois tornada pública.
“O ministro das Infraestruturas e Habitação avançou com participação criminal junto do Ministério Público contra Alfredo Casimiro”, revelou fonte oficial do ministério ao ECO.
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Na conversa divulgada, Pedro Nuno Santos dirá que não houve lugar a essa injeção de dinheiro e dirá que o governo se encontra ainda a negociar com Bruxelas mas que a reestruturação da TAP deverá obrigar a que parte, se não a totalidade, do valor seja convertido em capital. O ministro admite que a participação do Humberto Pedrosa “vai evaporar, vai-se transformar em pó”, escreve o ECO.
“Não sei se chega a 1%, vamos ver. Eles não vão acompanhar e vai-se diluir até uma participação residual”, acrescentará o ministro na conversa, de acordo com o Negócios.
Na gravação citada pelo jornal, o acionista privado da empresa de handling da TAP lamenta ainda “o atraso de oito meses desde a primeira conversa no âmbito de pedido de empréstimo” ao Estado. O Negócios adianta que a instrução formal desse pedido de auxílio de 30 milhões de euros só ficou completa em fevereiro.
Futuro da Groundforce continua a ser uma incógnita
Cerca de 500 trabalhadores da Groundforce manifestaram-se hoje em frente à residência oficial do primeiro-ministro para pedir ao governo que não deixe a empresa cair e que se encontre uma solução para os 2.400 trabalhadores que não recebem desde fevereiro. O protesto acontece dias depois de ter sido conhecido que as negociações entre o acionista maioritário da empresa, a Pasogal, e a TAP, para um adiantamento que serviria para pagar os salários em atraso e para um empréstimo de 30 milhões de euros, falharam, uma vez que as ações de Alfredo Casimiro já estão penhoradas e não podem ser dadas como garantia.
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Mantendo-se a incógnita sobre o futuro da empresa de handling (detida em 51% pela Pasogal de Alfredo Casimiro e em 49% pela TAP, que é cliente e acionista), todos os cenários estão em cima da mesa – da insolvência à nacionalização.
Numa reunião com o ministro das Infraestruturas, na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores e os sindicatos da Groundforce ficaram a saber que o Governo “não descarta medidas para salvar a continuidade da empresa, mas também não descarta a insolvência” e que, sem a garantia da entrega das ações, não poderá haver injeção de capital.
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