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A TAP recebeu uma Ajuda de Estado de 1.200 milhões de euros e, com isso, comprometeu-se a entregar um plano de reestruturação no prazo de seis meses. O plano de reestruturação da TAP foi enviado para Bruxelas esta quinta-feira, 10 de dezembro e foi apresentado esta sexta-feira.
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, explicou que o plano de reestruturação foi feito com base no cenário base de recuperação do setor da aviação civil da IATA mas sendo um pouco mais conservadores que a IATA. “Assim diminuímos a probabilidade das surpresas serem negativas”, admitiu.
Ainda assim, a quebra das receitas nos próximos anos é acentuada. Para a TAP, explicou o governante, “prevemos ter perdas acumuladas de receita até 2025 no montante de 6,7 mil milhões de euros”.
Perdas de receita que são “inevitavelmente, perdas que decorrem da curva de procura com que estamos a trabalhar. Exige que a TAP faça um ajustamento da sua dimensão, para que o peso do apoio público seja menor. Mais ajustada à realidade que vai enfrentar”.
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“A TAP tem um conjunto de características que a torna menos competitiva. A TAP tem mais 19% de pilotos por aeronaves que os concorrentes. Mais 28% de tripulantes que concorrentes”, acrescentou. O ministro assegurou que não estava a dizer que os direitos dos trabalhadores não são justos, contudo, os custos salariais têm um peso “e a torna menos competitiva e tem consequências no negócio da TAP”.
“Os pilotos ganham mais que os nossos concorrentes. Não estamos a dizer que a responsabilidade da situação da TAP é dos trabalhadores. Mas os custos laborais são um peso”, disse, acrescentando que os custos laborais por piloto entre 2017 e 2019 subiram 37%.
Durante a conferência de imprensa, o ministro exemplificou que a companhia é menos produtiva do que a concorrência europeia: “num Airbus A321, temos cinco tripulantes, quando a concorrência europeia tem quatro”; nos pilotos, “temos regras de descanso diferentes. Precisamos de mais pilotos para produzir o mesmo”
O documento enviado a Bruxelas tem como cenário base que em 2021 a TAP venha a necessitar de um apoio de Estado de 970 milhões de euros. Ao Dinheiro Vivo, fonte do governo tinha indicou já que não será necessário um orçamento retificativo para acomodar esta despesa. Portugal e Comissão Europeia vão negociar o plano para a TAP, o que deverá demorar alguns meses. O plano final só será conhecido após o fim das negociações.
88 aviões
Pedro Nuno Santos confirmou que a TAP vai redimencionar a sua frota, reduzindo de 108 aviões para 88 aviões. “Sabemos que há um número de aviões que não podemos passar para baixo. O negócio lucrativo é o hub”, que permite ligações ao Brasil, Estados Unidos e a África. ” O que dá dinheiro à TAP é transportar passageiros para o hub e distribuir pela Europa”.
Uma redução na frota da companha aérea significa que a empresa precisará de menos pessoal. “Quando estamos a falar no número de trabalhadores que não são necessários, estamos a falar das pessoas. Isso não nos sai da cabeça em nenhum momento. O que estamos a fazer é para salvar a TAP, para que possa crescer e recuperar algum emprego que não consegue neste momento. Se não fizermos uma reestruturação séria, temos de meter mais dinheiro dos portugueses. Temos uma crise económica, com portugueses a perder salário, emprego e temos dificuldade nas respostas. Isso suscita incompreensão, legítima, sobre a injeção de capital na empresa”, disse o ministro das Infraestruturas.
Pedro Nuno Santos adiantou ainda que haverá uma redução de 1,4 mil milhões de euros em custos salariais até 2025. “Sem esta poupança, seria necessário injetar este valor adicional.
(Notícia atualizada)
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