//Pestana aposta na transição energética para responder a aumento de custos

Pestana aposta na transição energética para responder a aumento de custos


As caras meio tapadas dos hóspedes que nos últimos dois anos entraram nos hotéis portugueses começaram a revelar-se. A ordem de liberdade chegou e no primeiro dia em que caiu a obrigatoriedade do uso de máscaras os clientes que enchiam o lobby da Pousada de Lisboa estavam ainda divididos. O presidente executivo da marca gerida pelo grupo Pestana, Luís Castanheira Lopes, mostra-se de rosto destapado, assinalando a conquista de um período que se mostrou tenebroso para o turismo nacional. “A pandemia está a ficar finalmente debelada, hoje é o primeiro dia que se pode estar sem máscara no interior do estabelecimento sem máscara. É um sinal”, diz.

O suspiro de alívio fica a meio porque se, por um lado, há sinais positivos com o fim da pandemia, por outro, a incerteza continua a ser o sentimento presente, desta vez devido aos constrangimentos da guerra na Ucrânia que têm instigado o aumento dos preços. Os próximos meses esperam-se de retoma nos hotéis mas a fatura está a ficar pesada. A energia pesa 12% na operação e as contas somam-se em várias frentes. “Já se sente na fatura, a energia aumentou, os produtos que adquirimos para a prestação hoteleira aumentaram, as obras aumentaram, os preços do fator trabalho também aumentou porque, com menos trabalhadores, tem de haver aumento de salários, toda a faturação de custos nas diferentes áreas está a aumentar”, enumera Luís Castanheira Lopes.

Para o responsável da marca que integra o maior grupo hoteleiro português, o aumento das tarifas nos hotéis “pode vir a acontecer, mas não é opção”. A estratégia passa por “gerir melhor e resistir” embora admita que o cenário de um aumento de preços não esteja completamente excluído da lista de respostas. “Nesta fase em que estamos a libertar-nos da pandemia, e admitindo que a guerra não traz constrangimentos adicionais aos que já se verificam, temos de proporcionar às pessoas a possibilidade de usufruir da sua experiência hoteleira e não agravar as condições em matéria de preços”, indica, garantido que refletir os aumentos nos clientes “será a última opção por uma questão de recuperação e de todas as estratégias para captar mercados”.

As alternativas passam por um processo de transição energética no grupo que tem um portefólio com mais de uma centena de hotéis. “No Pestana temos já em desenvolvimento um conjunto de atividades para avançarmos para a energia fotovoltaica, para a biomassa, para alterar o perfil da nossa energia. Não apenas por uma questão económica mas por uma questão ambiental. Temos de acentuar esta intervenção pelas fontes de energia mais limpa e mais acessível. Temos também de ser mais eficazes nos nossos consumos e estamos a melhorar as práticas sem mexer no serviço hoteleiro, ver onde é que podemos ser criativos e reduzir a fatura desnecessária”, assume.

Pousadas seguem com expansão internacional

No ano que que completam o octogésimo aniversário, as Pousadas de Portugal preparam-se para inaugurar uma nova unidade em Alfama, com 50 quartos, num investimento de cinco milhões de euros. Este será um dos dois investimentos que estão a ser desenhados para a capital.

Apesar de as cidades terem sido os destinos onde a procura turística mais caiu, Luís Castanheira Lopes acredita que o panorama irá rapidamente mudar. “Vale a pena continuar a apostar em cidades, visão a longo prazo e uma componente cultural e patrimonial que as cidades têm, justificam a nossa aposta”, refere.