Peter Fankhauser é o rosto da falência da Thomas Cook, a segunda maior operadora turística da Europa, que segunda-feira deixou em terra 600 mil turistas e 21 mil funcionários sem emprego. Sob Fankhauser e outros administradores recaem suspeitas de avultadas remunerações.
A secretária de Estado do Comércio do Reino Unido, Andrea Leadsom, já avançou com um pedido de investigação aos membros da administração. Boris Johson, primeiro-ministro britânico, que se recusou a apoiar um plano de resgaste da companhia, acusou os administradores de receberem elevados salários quando a situação da empresa era ruinosa.
Desde que assumiu a presidência executiva da Thomas Cook, o suíço Fankhauser recebeu mais de oito milhões de libras (quase nove milhões de euros ao câmbio atual), sendo que o último salário ascendeu a um milhão. Antigo desportista de alto nível, Peter Fankhauser vive com a família numa casa de dois milhões de libras em Surrey, Inglaterra, que pela qual paga seis mil libras por mês. Mas não será o único com estas benesses.
Harriet Green e Manny Fontenla-Novoa, ex CEO’s da Thomas Cook, assim como os administradores que trabalharam no grupo nestes últimos 12 anos, podem também vir a ser investigados.
Da aeróbica ao turismo
Fankhauser sonhou ser piloto de caças, mas o pai não permitiu que embarcasse nessa viagem. Licenciou-se em Políticas, mas o seu primeiro emprego foi de professor de aeróbica. Com 29 anos assume a direção da operadora suíça Kuoni, que enfrentava sérios problemas financeiros. Rezam as crónicas que a primeira ação à frente da Kuoni foi queimar um relatório da McKinsey sobre a empresa. Logo de seguida avançou com despedimentos. O percurso no turismo continuou com a entrada na LTU alemã.
Em 2014, quando pegou na Thomas Cook, os sinais de dificuldades do grupo já eram evidentes. Mas Fankhauser já conhecia bem a operadora, onde trabalhava desde 2001 e onde exerceu várias funções.
O ataques terroristas no Norte de África, a concorrência das companhias aéreas low cost e das plataformas de reservas online, o verão quente de 2018, em que muitos britânicos optaram por fazer férias no próprio país, e a incerteza do Brexit, com os conhecidos efeitos de desvalorização da libra empurraram ainda mais a Thomas Cook para o que veio a suceder na passada segunda-feira.
Esta semana, numa carta aos trabalhadores, o último presidente executivo da Thomas Cook diz que ele e a sua equipa de gestão “exploraram todas as possibilidades para salvar o negócio”.
Deixe um comentário