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Desengane-se quem acredita que os veículos elétricos vão no sentido oposto aos interesses de um fabricante como a Petronas Lubricants International (PLI). Nada mais errado. A multinacional malaia, especialista na produção de lubrificantes e fluidos para automóveis, tem uma palavra a dizer sobre a matéria e chamou a comunicação social de todo o mundo (o Motor 24 foi o único órgão português presente) ao seu quartel-general, em Turim, para “bater no peito” e deixar claro que também está ligada à corrente.
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O lançamento oficial da nova unidade de fluidos NEV da PLI para apoiar a pesquisa, desenvolvimento e comercialização de soluções de lubrificantes projetadas, especificamente, para o mercado de veículos elétricos (VE) é disso a maior prova. Nada ficará igual – até porque o futuro se encarregará disso – na sua atividade.
A criação desta nova divisão inovadora visa, desta forma, responder à crescente procura de VE na Europa, Médio Oriente e África (EMEA). A liderar este projeto encontra-se James Mark, anterior diretor de marketing da EMEA, na recém-criada função de responsável de Fluidos NEV.
Para melhor se entender a necessidade deste investimento da PLI, refira-se que, em 2022, um em cada sete veículos de passageiros comprados a nível mundial foi elétrico – um aumento de vendas de 60% em relação a 2021. Um número que aumentará, seguramente, à medida que a legislação europeia e os incentivos para reduzir as emissões forem implementados, bem como o desejo dos consumidores de conduzir de forma mais sustentável.
Player global da indústria
Segundo a PLI, “o aumento de VE cria novos desafios para a indústria automóvel e de lubrificantes”. Ainda assim, está “comprometida em investir recursos para ser o principal player global neste segmento e fornecer soluções de elevado desempenho que deem resposta às necessidades dos clientes”.
Além de construir sólidas capacidades técnicas no segmento, o lançamento desta unidade de negócios solidifica a próxima fase de engenharia que se baseia no impulso gerado pela linha de produtos de fluidos Petronas lona EV, o líder de mercado da PLI. “Agora, mais do que nunca, a PLI está empenhada em aproveitar a sua extensa experiência em lubrificantes para ajudar os clientes a adotar VE e a preparar-se para a transição energética dos motores de combustão interna (ICE) para VE”, reforçou a empresa durante a conferência a que deu o título de “Re-Define”.
Foram vários os responsáveis da PLI a dar a sua definição de “(re)definição”. James Mark, diretor da unidade de negócios de fluidos NEV da PLI, manifestou o seu otimismo: “Estamos numa era emocionante da indústria automóvel. Vemos mais carros nas estradas do que antes, todos com necessidades e requisitos de desempenho diferentes. Estou entusiasmado por liderar as nossas equipas de pesquisa e desenvolvimento para projetar, hoje, as soluções de fluidos EV para amanhã. Estou ansioso para fazer crescer o negócio NEV da PLI para se tornar num player global chave neste segmento.”
Por sua vez, Alessandro Orsini, diretor de marketing de Grupo e Excelência de Clientes de Grupo da PLI, acredita que a meta da PLI é ser um player de destaque na indústria de soluções de fluidos para VE. E que esta equipa será o catalisador para nos acelerar rumo a essa ambição. “A experiência de James Mark será crucial para acelerar, efetivamente, a oferta da empresa para um futuro de mobilidade sustentável e ser um player relevante de NEV Fluid em todo o mundo”, afirmou.
Sem medo dos VE
Em conversa com o Motor 24, Dirk Schwaebisch, responsável tecnológico para área de fluidos de automóveis da PLI, garantiu que a eletrificação dos automóveis “não é uma preocupação” para a PLI, mas, antes, “um desafio”.
Recordou, a propósito, que as soluções têm evoluído sempre ao longo dos tempos. “Começámos com o cavalo e a carroça, depois veio o automóvel. Sempre com etapas tecnológicas diferentes. A evolução continua. Não há que ter medo. Os VE são grandes impulsionadores da redução de emissões de gases poluentes. Depois, existem várias abordagens para lá chegar. Não há uma única resposta”, garantiu. “E, na PLI, queremos fazer parte da solução. Como cientista, é assim que vejo a questão. Inovar é o que fazemos. Desenvolvemos tecnologias que se adaptem à realidade e óleos que reforcem a eficiência dos motores de combustão, através da redução do atrito. Diminuímos, cada vez mais, a viscosidade dos óleos”, explicou.
Dirk Schwaebisch foi mais longe: “Os VE têm o seu espaço na vida e no nosso dia-a-dia. Mas não os vejo, pessoalmente, como a solução para todos os desafios que temos. Veremos uma mistura de diferentes tecnologias de motores durante um longo período de tempo. E depende as regiões. Na Europa Central pode não ser o mesmo do que na América do Sul ou mesmo no Sudeste Asiático. A América do Norte tem uma abordagem completamente diferente para resolver esses problemas. Na Europa, vemos muito o impacto da mobilidade, muitos VE na estrada. Na América, as projeções apontam, sobretudo, para os híbridos”, afirmou. Além disso, acrescentou, depende do tipo de transporte. “Nos veículos de passageiros, os elétricos fazem sentido. Mas que sentido fazem, por exemplo, em camiões de longo curso?”, questionou.
Eliminar atrito e ruído
Se colocarmos o foco da atividade da PLI em Portugal e Espanha, encontramos dois mercados muito dinâmicos, apesar de distintos. E um novo responsável: Luca Gabella, managing director da Petronas Lubricants Iberia. “Em Portugal, já ultrapassámos os dois dígitos. É um mercado muito importante para a PLI, onde vende muito bem: cerca de cinco milhões de litros. Vendemos 15, 16, milhões de litros de óleos em Espanha – ou seja, um terço em Portugal”, disse, apesar das diferenças de dimensão.
“Temos distribuidores em todo o país: dois no Porto, um em Braga e três no sul de Portugal. Mas Portugal já tem uma rede muito bem definida. É um país que fez o trabalho de casa. Pela forma como os distribuidores gerem o negócio, são exemplos para os de Espanha”, adiantou.
Luca Gabella acredita que a PLI tem um papel crucial na mobilidade do futuro. “Desde logo, a eliminação de ruídos dos VE. Como podemos reduzir o ruído que algum tipo de movimento do carro pode fazer? Quando desenvolvemos um fluido que arrefece a bateria, pensamos logo: em que mais podemos utilizá-lo? Vamos continuar a pensar em fluidos, sim, mas em soluções. São esses elementos que nos fazem pensar fora da caixa e ver como podemos fornecer soluções para um futuro que ninguém sabe como será. Quando criamos uma solução, procuramos sempre perceber se funciona para todos os clientes ou se será preciso encontrar uma específica para esse mercado”, disse.
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