O Governo já vê como certo o plano de reestruturação para a TAP depois de receber a injeção de capital no valor de 1,2 mil milhões de euros, autorizada ontem pela Comissão Europeia. E admite um reforço da posição do Estado na companhia.
“O plano de reestruturação vai começar a ser desenhado agora”, adiantou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos. Questionado sobre as condições em que esse plano poderia avançar com redução de rotas, frota e pessoal, o ministro afirmou que, apesar de não querer “especular”, “não seria sério se dissesse” que estas não podem ser algumas das consequências da reestruturação.
“Conseguimos, com honestidade, imaginar, no atual contexto e perante um futuro de elevada incerteza, para a economia como um todo, nomeadamente para o setor do turismo e da aviação, que nós podemos ter neste momento uma empresa com uma dimensão superior àquelas que serão as necessidades para os próximos anos” e isto “é uma imposição da comissão europeia que nós compreendemos e que julgo que todo o universo TAP compreende”, avisou.
O Governo não quer uma “reestruturação excessiva”. “Não queremos uma TAP pequena”, sublinhou o ministro, mas reconheceu que é preciso tomar decisões para “diminuir os prejuízos inerentes a uma situação como aquela que estamos a viver”, frisou.
À espera dos privados
O ministro adiantou que foram apresentadas condições ao acionista privado (Atlantic Gateway de David Neelman e Humberto Pedrosa) e que espera pela resposta para avançar com a intervenção. “Estamos preparados para avançar a falta a aceitação por parte do privado para avançar”, adiantou Pedro Nuno Santos, sublinhando que se trata de “uma empresa que sem uma intervenção pública acabaria por falir”.
E o Estado pode ainda vir a reforçar na companhia. “Decorre destas intervenções que os acionistas sejam também chamados, neste caso no que diz respeito aos créditos sobre a própria empresa”, indicou, “partindo do princípio que o acionista privado está tão interessado como nós em salvar a empresa”, rematou.
Trata-se de uma injeção de capital na forma de empréstimo, feita por tranches, mas, segundo Pedro Nuno Santos, não fica excluída a possibilidade de, numa fase posterior, se proceder a um empréstimo privado garantido pelo Estado.
Mais controlo das contas
O governante garantiu ainda que, dada a “intervenção de monta” que para já vai até mil milhões de euros, sobrando uma “almofada de 200 milhões” haverá mais controlo sobre o dinheiro que entra e sai da companhia.
“Obviamente que o Estado terá um quadro de monitorização e controlo dos movimentos de caixa, fundamental para nós termos certeza e segurança no destino que vai ser dado ao dinheiro que o Estado vai injetar na empresa”, adiantou Pedro Nuno Santos, recusando dar mais pormenores sobre como será feito esse controlo.
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