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É a partir de Portugal que é desenvolvida tecnologia para gerir os camiões elétricos da Daimler. Desde outubro de 2018 que a dona da Mercedes conta com o centro tb.lx, que utiliza dados para desenvolver soluções de eletrificação para veículos pesados. O trabalho nascido a partir de Lisboa tem convencido o grupo alemão, que vai contratar mais 20 elementos até ao final do ano.
“Desenvolvemos software para camiões e tornamo-los mais eficientes e sustentáveis, graças aos dados recolhidos por estes veículos”, assinala ao Dinheiro Vivo o líder da tb.lx, Christian Lessing.
Os gestores de frota dificilmente conseguem antecipar quanto irá custar o carregamento: o preço da eletricidade nos postos não é fixo, ao contrário do que acontece com os postos de abastecimento de combustível.
O próprio carregamento também tem de ser bem feito: ao contrário dos telemóveis, se tirarmos o cabo antes de a carga ficar completa, provocamos problemas à bateria, uma das componentes mais caras num veículo elétrico.
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A tecnologia desenvolvida em Portugal é fundamental para os gestores de frota reduzirem custos e emissões. “Quando se fala na eletrificação de veículos, a gestão diária da energia é muito importante. Assim como precisamos de comida para nos alimentarmos, os veículos precisam de energia para as baterias. Por isso é tão importante conduzir os veículos com cuidado.”
Além dos dados dos camiões, as 50 pessoas que trabalham para a tb.lx desenvolvem soluções a partir das informações das empresas que gerem postos de carregamento, de mapas e também dos serviços de meteorologia.
Os motoristas dos pesados também estão na mira da tecnologia. “Avaliamos o desempenho do nosso condutor conforme as acelerações e travagens que são feitas e podemos dar-lhes algumas dicas. O nosso objetivo é transmitir estas informações em tempo real”.
A nível tecnológico, a equipa da tb.lx também utiliza ferramentas como a inteligência artificial, soluções de dados abertos, cloud, machine learning e software de engenharia.
As soluções nascidas em Lisboa têm impacto a nível local e em todo o mundo. A empresa portuguesa trabalha “muito de perto” com a fábrica de camiões da Fuso, no Tramagal, que já produziu centenas de unidades elétricas e que permitem, por exemplo, a recolha do lixo.
A nível internacional, a tb.lx trabalha em parceria com marcas do grupo Daimler instaladas em Estugarda, São Paulo, Portland (Estados Unidos) e também em Tóquio.
Atualmente, a equipa da tb.lx está em trabalho remoto. Mas ao longo do ano passado, mesmo durante o primeiro desconfinamento, foi dada primazia a um modelo híbrido. Os trabalhadores poderiam escolher entre trabalhar no escritório, respeitando a lotação máxima permitida, e trabalhar remotamente.
No momento de reforçar a equipa em Portugal, a empresa procura programadores fullstack, frontend e backend, responsáveis técnicos de produto, gestores globais de produto e especialistas em quality assurance (para garantir que não há erros).
Alemão chegou de comboio
Christian Lessing mudou-se para Portugal há praticamente dois anos. Mais de 2200 quilómetros separam Estugarda de Lisboa e o que não faltam são opções para uma viagem de avião. A gestão alemã, contudo, caracteriza-se pelas fortes preocupações ambientais.
“Quando soube da mudança, tínhamos noção de que era um bocado longe para irmos a pé. Ir de avião seria a forma tradicional. Mas…porque não irmos de comboio?” A travessia sobre carris passou por cidades como Manheim, Paris até à chegada a Lisboa.
“A viagem foi uma experiência muito boa. Por um lado, sentimos a distância, mas também tivemos a consciência de ser a forma de transporte mais sustentável. Gostaria de ver mais ligações e comboios noturnos”.
A nível pessoal, as práticas amigas do ambiente implicam a não utilização de plásticos em casa, na criação dos próprios sabões e pastas de dentes, além da compra de produtos locais tanto quanto possível. As medidas sustentáveis são extensíveis à tb.lx, que forneceu roupa própria de produção sustentável e de comércio justo.
“Todos podemos contribuir, com pequenos gestos, para grandes passos no combate às alterações climáticas”, acredita o gestor alemão.
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