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Portugal vai deixar de ter rede móvel de terceira geração (3G). A Altice, a NOS e a Vodafone anunciaram na sexta-feira que já têm calendário para, de forma faseada, descontinuar a rede 3G. O sinal de rede começa a ser desligado já em setembro, prevendo-se o fim dos serviços de voz e internet móvel em 3G até 2025.
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A primeira empresa de telecomunicações a avançar para o fim do 3G, em Portugal, é a Altice. A dona da Meo começa a desligar o sinal no dia 4 de setembro, apontando o fim do processo para o dia 31 de janeiro de 2024.
Ao Dinheiro Vivo (DV), fonte oficial da Altice Portugal explicou que a decisão de acabar com o 3G está a ser comunicada aos clientes desde 25 de junho. O objetivo do operador é “modernizar a rede, garantindo a melhor qualidade de serviço, e dando resposta às crescentes exigências de consumo de dados e do número de devices conectados”.
A telecom considera estar em causa uma “evolução natural da rede móvel”, para garantir a “disponibilização de infraestruturas de alta capacidade face às exigências de comunicação do futuro”.
Fonte oficial da NOS, por sua vez, confirmou apenas que “também a NOS terá o seu processo de descontinuação do 3G, algo que ocorrerá de forma faseada a partir de meados do próximo ano [2024] e que, brevemente, será comunicado a todos os clientes”.
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Já a Vodafone apontou para julho de 2024 o início do processo de desligamento da rede móvel de terceira geração, assegurando que os clientes “serão atempadamente contactados”.
Apesar de a NOS e a Vodafone não terem pormenorizado o calendário, depreende-se que a NOS tenha o trabalho concluído no primeiro semestre de 2024, enquanto o 3G da Vodafone acabe até ao início de 2025. Isto, considerando que o número de estações de base 3G entre estes dois operadores e a Altice é praticamente o mesmo – e assumindo que aqueles dois players levarão o mesmo tempo que a dona da Meo a concluir o desligamento do 3G (praticamente cinco meses).
O que significa o fim do 3G?
O fim do 3G é há muito um dado adquirido pelo setor, faltava saber apenas quando aconteceria. Há mais de um ano – abril de 2022 -, os três operadores históricos admitiam ao DV acabar com esta rede móvel, seguindo uma tendência internacional já em voga na Europa desde 2021 – mas ainda não havia calendário. Países como República Checa, Alemanha deram esse passo logo em 2021. Bélgica, Luxemburgo, Polónia, Roménia, Eslováquia e Espanha determinaram o desligamento da rede 3G até 2025 (até 2030 será o 2G). Em outubro de 2022, o então CEO da Vodafone Portugal, Mário Vaz, previa o fim do 3G no país, até 2025.
Por que razão chega o 5G ao fim? Por uma questão de eficiência e qualidade dos serviços assegurados pelas redes 4G e 5G.
A rede 3G surgiu em Portugal há cerca de 20 anos. Nessa época, representou uma inovação significativa na evolução das telecomunicações nacionais, porque permitiu o acesso mais rápido à internet móvel e o streaming de vídeo no telemóvel, por exemplo.
Com o 4G e, mais recentemente, o 5G – além do consumo cada vez maior de dados móveis pelos consumidores -, os operadores sentem visto o tráfego de dados na rede 3G cair. Assim, por uma questão de gestão das frequências disponíveis no espetro (que é limitado) e para libertar verbas para investimentos em tecnologias mais recentes e mais eficientes (tanto a nível de serviço como no desempenho energético e ambiental), o fim do 3G é necessário.
Fonte oficial da Altice Portugal disse que o fim do 3G permite “uma otimização das potencialidades” do 4G e do 5G, dando mais “cobertura, velocidade e resiliência”, o que se traduz “em melhorias na experiência do consumidor e das empresas”.
Do lado da NOS, fonte oficial também referiu o “reforço da disponibilidade das redes 4G e 5G”, dando-lhes mais “qualidade de rede, maior velocidade de navegação, menor latência e maior eficiência energética”.
A Vodafone defende que acabar com o 3G permitirá realocar frequências, o que também “beneficia a digitalização do país.
Há mais de 13 mil estações dedicadas ao 3G
Os operadores não divulgaram qual o universo de pessoas que ainda usa o 3G, nem quantos aparelhos incompatíveis com as redes 4G e 5G são usados. Não obstante, as três telecom garantem dar informação e tempo aos consumidores e empresas para a transição, defendendo que o 4G e o 5G já cobrem a maior parte do país e que a maioria dos clientes já recorre a essas redes móveis.
Dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) indicam que há 13.096 estações de base 3G (4.465 da Vodafone; 4.350 da NOS; 4.281 da Meo). No final de 2021 (últimos dados disponíveis), apenas 820 mil consumidores acediam à internet móvel com 3G, sendo que apenas 32% do tráfego de dados era relativo à terceira geração da rede móvel”.
Estes valores devem ter caído bastante, tendo em conta que, no final do primeiro trimestre deste ano, 16,3% dos acessos à internet móvel já era com 5G, e 7,9% do tráfego de dados era também com rede 5G.
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