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Depois de ganhar o contrato para a a maior autoestrada de concessão privada dos Estados Unidos, a A-To-Be, o braço tecnológico da Brisa e uma das alavancas de internacionalização da empresa, ganhou o concurso para a cobrança de portagens na Houbolt Road Extension (HRE), no estado do Illinois, passando a servir um acesso privilegiado ao CenterPoint Intermodal Center, o maior centro de logística da América do Norte.
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O projeto relativo à HRE foi adjudicado à A-To-B ainda em 2021, mas, por questões de confidencialidade, só agora a empresa revelou ao Dinheiro Vivo a infraestrutura norte-americana que passa a ser servida por talento português.
“A A-to-Be vai fornecer um sistema completo de cobrança de portagem, assim como sistemas de auditoria de vídeo digital e de monitorização ativa para a manutenção da infraestrutura, ao longo da HRE”, conta Marta Sousa Uva, a CEO da holding da Brisa para o desenvolvimento tecnológico e digitalização de infraestruturas rodoviárias. O contrato vigora por dez anos, mas a gestora não revelou os valores do contrato.
Localizada na cidade de Joliet, no estado do Illinois, a HRE é uma extensão rodoviária com cerca de 2,4 quilómetros, que inclui uma ponte sobre o rio Des Plaines. A dimensão do troço pode não surpreender, mas o que chama a atenção é a relevância desta autoestrada, que liga um sublanço de estrada e uma nova ponte no Condado de Will, uma zona muito próxima da área metropolitana de Chicago por onde passam vinte mil camiões, diariamente. A HRE ainda está em construção, prevendo-se a conclusão da obra em 2023. A partir daí, de acordo com a gestora, a HRE será um acesso privilegiado ao CenterPoint Intermodal Center, o maior inland port da América do Norte (cerca de 26 mil metros quadrados e uma capacidade de carga superior a três TEU, quase o triplo da capacidade do Porto de Lisboa), que funciona como um centro de logística. Por isso, qualquer transporte que chegue ao CenterPoint Intermodal Center terá sido monitorizado pela infratech portuguesa do grupo Brisa.
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Apesar dos valores não serem revelados, Marta Sousa Uva afirma que “este é um contrato estratégico” para a A-To-Be, sendo mais um passo “na concretização da ambição de expansão da empresa nos EUA”, em linha com o plano estratégico do grupo Brisa (pôr a A-To-Be a somar 50 milhões por ano à faturação até 2025).
“A atividade da A-to-Be está, de facto, cada vez mais ligada a grandes infraestruturas”, sublinhou a CEO da A-To-Be, explicando que isso se deve ao “reconhecimento de um trabalho de excelência desenvolvido pelas equipas da A-to-Be, nos EUA e em Portugal”.
Através da infratech portuguesa, a HRE vai ter “um sistema robusto” capaz de manter um “elevado nível de precisão e consistência na identificação e classificação de veículos, algo particularmente exigente devido ao elevado tráfego de pesados que utilizará esta nova travessia sobre o rio Des Plaines”. Aliás, as autoridades locais estimam que a procura por soluções de transporte duplique nos próximos anos, naquela região próxima da área metropolitana de Chicago, o que acrescerá mais relevância à HRE e ao trabalho da A-To-Be.
Tal como o Dinheiro Vivo noticiou no final de 2021, a A-To-Be é uma das armas da Brisa para consolidar uma presença internacional, apostando forte por estes dias nos EUA. Só no último ano fechou quatro contratos que se somaram aos 13 que a infratech já tinha naquele país, incluindo a Indiana Toll Road, a maior autoestrada de concessão privada (250 km).
Para Marta Sousa Uva o sucesso nos EUA acontece pelas “capacidades e competências da empresa” que, aponta, está preparada para conseguir mais, “nomeadamente sobre os concursos que serão lançados no âmbito do chamado Plano Biden, que prevê a modernização e rejuvenescimento das infraestruturas de transportes nos Estados Unidos”. São dez mil milhões de dólares para investir em construção e tecnologia em infraestruturas.
A A-To-Be chegou aos EUA em 2007, quando a Brisa detinha uma concessão no país (que entretanto acabou). O desenvolvimento de serviços que permitem a gestão automatizada de portagens, pórticos e até asseguram a cobrança eletrónica e digital de pagamentos a partir do smartwatch ou smartphone são imagens de marca que a ajudaram a conquistar este mercado.
A infratech da Brisa está também presente em Portugal e na Polónia, mas é o mercado do outro lado do Atlântico o mais relevante. No final de 2021, a atividade da A-To-Be beneficiava 4,5 milhões de pessoas, representando mais de 25 milhões de transações de mobilidade. Servia mais de 200 parques, 1300 vias de portagem equipadas e mais de 20 operadores (em Portugal e nos EUA). Ao todo, os serviços da A-To-Be cobriam dois mil quilómetros com sistemas de gestão de tráfego.
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