//Pousadas de Portugal estudam internacionalização para Marrocos

Pousadas de Portugal estudam internacionalização para Marrocos

O presidente das Pousadas de Portugal afirma que o grupo continua a “estudar com tranquilidade” mais destinos com vista à internacionalização e que, para além da análise a Moçambique, Goa e Cabo Verde, está também a olhar para Marrocos.

Em entrevista à Lusa, Luís Castanheira Lopes lembrou que o plano de internacionalização a cumprir são cinco pousadas e que já estão escolhidas três localizações: Salvador da Baía, no Brasil, Montevideu, no Uruguai, e uma terceira em S. Tomé e Príncipe.

“Temos, neste momento, uma pousada feita [Convento do Carmo, em Salvador da Baía], duas localizações escolhidas, uma em Ilhéu das Rolas, em São Tomé, e para esta já há edificação”, lembrou, acrescentando que neste último destino o grupo, que já tinha ali um hotel, vai começar a adaptar a antiga roça de Porto Alegre a pousada ainda este.

Escolhido, também, já estava o edifício em Montevideu e o responsável acredita que “durante este ano” poderá começar a obra.

“As outras duas [futuras pousadas] ainda andamos à procura. Posso dizer que já visitei coisas em Moçambique e em Cabo Verde. Não há nenhuma decisão, mas andamos a ver nesses países”, afirmou. Já quando questionado se a decisão iria ficar por estes destinos, sublinhou que “podem ser outros”.

“Pode ser Goa, pode ser Marrocos, são destinos para os quais estamos também a estudar, mas com menos intensidade ainda. Estamos a estudar todas as hipóteses ao mesmo tempo. Com tranquilidade porque temos até 2023”, reforçou o responsável.

Questionado se este plano de internacionalização ‘casa’ de alguma forma com os planos do Governo para o Programa Revive internacional, disse que, “de certo ponto, sim”.

“Quando começámos à procura em Moçambique — só a ver ainda — não sabia que estava a decorrer já uma conversação entre Moçambique e o Governo de Portugal para aplicarem o conceito do Revive lá. É claro que acho uma ótima ideia e acabamos por nos enquadrar no âmbito do Revive, pois estamos a recuperar património de matriz portuguesa. Os objetivos da internacionalização das pousadas e do Revive são comuns, mas são de duas entidades autónomas, nos quais cada um está a tratar da sua vida, mas cujos objetivos efetivamente são comuns”, explicou.

Em Portugal, “até ao final do primeiro semestre” deverá ser inaugurada mais uma ampliação da Pousada da Vila, em Óbidos – ao agregar-lhe a Casa Lidador – e a Pousada Pestana Churchill Bay, na Madeira.

Para o “primeiro semestre de 2020” entrará a Pousada das Flores, no Porto, e a Pousada de Vila Real de Santo António. “Neste momento estão ambas em fase madura de obra”, afirma Castanheira Lopes.

Confrontado se atualmente já é menos moroso avançar com estes projetos, o presidente das Pousadas de Portugal reconhece que “o Governo, por exemplo, fez um esforço de diminuir a burocracia”, acabando, designadamente, “com o parecer obrigatório do Turismo de Portugal, desde há cerca de dois anos”, mas que, tendo em conta que muitas vezes estes pareceres continuam a ser pedidos pelas câmaras, “ficou-se na mesma, apesar da intenção ser boa”.

Sobre o ‘Brexit’, a saída do Reino Unido da União Europeia, o responsável reafirmou-se “preocupado”, relembrando que “os britânicos são relevantíssimos para o mercado em Portugal”.

Castanheira Lopes receia a desvalorização da libra – “podem não ter dinheiro para vir ou se vierem vêm gastar menos e depois temos mercados concorrentes que têm moeda própria” – e, por outro lado, o receio de um “acréscimo de dificuldade para que os britânicos ingressem no espaço europeu”.

“Neste momento temos que considerar o que está em cima da mesa e isso justifica a preocupação”, disse ainda.

Preocupação também continuam a ser os constrangimentos do aeroporto em Lisboa, tendo em conta “que a oferta hoteleira, para a qual [o aeroporto de] Lisboa debita clientes, continua a aumentar”.

“Se as chegadas ao aeroporto se mantiverem constantes (…), mas aumentar a oferta hoteleira, significa que muitos quartos vão ficar vagos. Até pode haver mercado, mas as pessoas continuam sem conseguir chegar cá. Não há uma consistência entre o crescimento da oferta e o não crescimento das chegadas. Isto é um problema e daí o perigo do preço médio [por quarto na hotelaria] voltar a cair”, lembrou.

Receitas de 41 milhões de euros

“Passámos dos 41 milhões de euros de receita em 2018”, disse Luís Castanheira Lopes em entrevista à Lusa, o que significa um aumento de cerca de 2,5% face aos 40 milhões de euros registados em 2017.

“Não digo que estabilizámos porque o ano 2018 foi um ano de crescimento, mas foi um ano de crescimento muito moderado. Os crescimentos de dois dígitos de 2016 para 2017 e de 2017 para 2018 terminaram”, explicou o responsável.

Já a taxa de ocupação média do ano passado rondou os 62% a 63%, em termos globais “ligeiramente inferior” à do ano anterior, com “os mercados norte-americano e francês a continuarem a ser os que mais cresceram”, disse.

“Os mercados que desceram foram o britânico e o alemão. Houve um acréscimo de portugueses – que se mantiveram, só que o número foi proporcionalmente maior por causa da queda do número de [clientes] estrangeiros”.

Ou seja, as Pousadas de Portugal viram “uma ligeira alteração no peso dos mercados”, levando a que os portugueses “tenham aumentado um bocadinho” a sua proporcionalidade, por contrapartida do decréscimo dos estrangeiros em 2018. “Os portugueses ficaram muito perto de um terço [mais de 33%], quando em 2017 representavam quase 30%”, afirmou.

À semelhança dos resultados do setor a nível nacional, no qual em 2018 o número de dormidas desceu, mas as receitas turísticas cresceram, também o grupo registou um preço médio mais alto.

“Conseguimos um preço melhor, sim. Os resultados obtidos são, sobretudo, pelo lado do preço. Porquê? Porque nos últimos anos fizemos fortes investimentos na rede de pousadas, com melhores pousadas e com pousadas com melhor produto (entrou na rede a Pousada de Lisboa, a da Covilhã, tínhamos melhorado várias no Alentejo com SPA, etc)”, explicou Castanheira Lopes.

O presidente das Pousadas de Portugal referiu ainda, sem concretizar, a subida de “cerca de 8% do resultado bruto de exploração”, numa média agregada, “já abaixo dos 10% e, portanto, muito diferente” dos crescimentos dos anos anteriores.

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