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Já se pode comprar um carro a hidrogénio em Portugal. O Toyota Mirai estreia-se no mercado dos veículos que emitem água e serve para condutores particulares e para empresas. Mas ainda não há um único posto de abastecimento para injetar hidrogénio de alta pressão nos tanques do modelo japonês.
O Dinheiro Vivo foi à sede do grupo Salvador Caetano conhecer o carro. Nas instalações da histórica importadora portuguesa do grupo Toyota, em Vila Nova de Gaia, foi possível experimentar uma das duas unidades de demonstração do Mirai.
A experiência de condução é semelhante à de um carro elétrico: o binário está sempre disponível para libertar os 182 cavalos, embora com uns quilos a menos e distribuição de peso equitativa entre os dois eixos.
A leveza deve-se à ausência de baterias para produzir energia. A corrente elétrica é produzida pelo próprio carro e gerida por uma unidade de comando: o sistema capta o ar poluído da atmosfera para fornecer oxigénio à pilha de combustível.
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Quando o oxigénio encontra-se com o hidrogénio dos tanques a reação gera corrente elétrica que fornece energia para o carro.
No final do processo, sai…água limpa, descarregada pelo tubo de escape. Através de um botão no painel de instrumentos, o condutor pode ativar a descarga de água. O sistema pode ser ligado à navegação do carro para evitar que a água seja lançada em locais inadequados, como parques de estacionamento.
O pioneirismo da Toyota – que lançou há duas décadas o primeiro híbrido, o Prius – choca com a realidade portuguesa.
“Queremos acabar com a questão da galinha ou do ovo: nunca houve postos porque não há carros; não há carros porque não há postos. Se realmente queremos fazer a diferença e lutar contra as alterações climáticas temos de fazer nascer a sociedade do hidrogénio”, enfatiza o relações públicas da importadora, Victor Marques.
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Enquanto não há postos, a fabricante recorre a uma estratégia caseira para dar energia ao Mirai: traz o hidrogénio de Espanha, em tanques – a mesma solução serve para testar os autocarros que emitem água da CaetanoBus.
Ainda assim, a entrada de hidrogénio é feita a metade da pressão habitual. Com o carregamento a 350 bar, a autonomia varia entre 300 e 350 quilómetros.
Em condições normais, a operação será feita a 700 bar. O carro poderá circular cerca de 650 quilómetros sem reabastecimento porque o consumo médio é de 0,79 quilos por cada cem quilómetros.
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Com capacidade total de 5,6 quilos, há três depósitos de hidrogénio de alta pressão: debaixo dos assentos traseiros, outro debaixo do compartimento da bagageira e outro sob o piso do veículo.
Na fase de lançamento, o automóvel será vendido sobretudo ao segmento corporativo, “para que possa aderir ao hidrogénio”. Com a possibilidade de deduzirem o IVA, as empresas podem comprar o modelo por 55 mil euros.
“Na Alemanha e na Inglaterra, as empresas que compraram o veículo instalaram os próprios postos. Em Portugal, mal haja o primeiro posto, as câmaras e as empresas poderão ver no Mirai uma solução amiga do ambiente”, acredita o relações públicas da marca.
Com o IVA, o preço-base para os particulares é de 66 990 euros. Assim que houver o primeiro posto, a solução poderá ser competitiva para longas viagens de carro.
Para já, o único modelo totalmente elétrico com 650 quilómetros de autonomia à venda em Portugal é o Tesla Model S, custa mais de 100 mil euros e só será entregue no início do próximo ano.
Ainda não se sabe, no entanto, quando é que os portugueses poderão abastecer um carro a hidrogénio. Vila Nova de Gaia e Cascais serão as duas primeiras cidades onde a operação será possível.
Mais a norte, a câmara de Gaia anunciou, em julho de 2020, um investimento de 1,5 milhões de euros para a instalação de um posto na freguesia de Oliveira do Douro. Com financiamento comparticipado em 50% pelo Fundo Ambiental, a unidade será instalada para servir os futuros autocarros a hidrogénio da STCP.
Em maio deste ano, a câmara de Cascais anunciou a primeira estação de abastecimento de hidrogénio, que servirá, por exemplo, para os dois autocarros comprados à CaetanoBus.
Portugal terá de acelerar a introdução do hidrogénio na mobilidade.
Até 2025, terão de existir entre 10 e 25 pontos de abastecimento, para servirem pelo menos 400 automóveis ligeiros, 25 camiões e 25 autocarros, determina o Plano Nacional do Hidrogénio, publicado há um ano.
As metas até 2030 são mais ambiciosas: pelo menos 50 pontos de abastecimento terão de servir para 750 veículos ligeiros, 250 camiões e 200 autocarros.
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