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Os principais bancos a operar no país perderam mais de 7,4 mil milhões de euros em poupanças de famílias e empresas até junho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo os cálculos feitos pelo Dinheiro Vivo, o BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium BCP, Novo Banco e Santander somavam, no final do primeiro semestre de 2023, cerca de 212,8 mil milhões em depósitos domésticos, o que representa um decréscimo de 3,4% face aos 220,3 mil milhões homólogos, ou seja, menos 7449 milhões de euros.
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Entre as cinco instituições financeiras, o Santander Totta foi o que mais perdeu, com os depósitos a encolherem de 40,1 mil milhões em junho de 2022, para 36,5 mil milhões de euros no final destes primeiros seis meses, ou seja, uma quebra de 8,8% ou 3,5 mil milhões, que o banco associa à “amortização antecipada de crédito pelos clientes” e à “diversificação de recursos”. O BPI, cujo stock de poupanças se reduziu em praticamente 4,4%, para 28,6 mil milhões de euros, ocupou a segunda posição na tabela percentual, contando agora com menos 1,3 mil milhões de euros na carteira, não obstante o crescimento registado no segundo trimestre do ano.
Já a Caixa Geral de Depósitos viu sair dos seus cofres quase 2,5 mil milhões de euros no espaço de um ano. Após conhecerem um decréscimo homólogo de quase 3,5%, as poupanças de empresas e famílias guardadas no banco público, liderado por Paulo Macedo, totalizavam 68,8 mil milhões. O Novo Banco, embora tenha tenha assistido igualmente a uma redução dos depósitos, registou menores estragos face aos pares, com a quantia perdida desde então a cifrar-se em 166 milhões de euros (-0,6%), para 28,2 mil milhões. Aliás, no segundo trimestre, o banco da Lone Star inverteu a tendência, apresentando um crescimento de 2,5% neste sentido.
Fora das contas dos prejuízos – contrariamente aos outros bancos -, o Millennium BCP acumulou poupanças no período em análise, tendo os depósitos em território nacional sido reforçados com 500 milhões de euros, totalizando os 50,58 mil milhões. Face ao stock de 50,53 milhões de euros verificado em junho do exercício anterior, isto significa uma ligeira melhoria de 0,09%, apesar de, segundo o presidente executivo do banco, Miguel Maya, terem sido reembolsados mais de 200 milhões de euros nos empréstimos concedidos para compra de casa.
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Certificados, amortizações e baixos juros nos depósitos
A aposta nos certificados de aforro, que até ao mês seis captaram cerca de 33,2 mil milhões de euros, assim como as amortizações parciais antecipadas do crédito à habitação, que em maio já superavam os 3,7 mil milhões, de acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), podem ajudar a explicar a fuga. Mas a baixa remuneração dos depósitos terá sido outro fator a pesar.
Os bancos nacionais continuam na cauda da Europa, tendo pago, no quinto mês de 2023, a quarta taxa de juro mais baixa nos depósitos de particulares (1,26%) da zona euro, superando apenas a Croácia, Eslovénia e Chipre. Já no caso das empresas, o juro pago foi de 2,37%, enquanto a média dos 20 países fixou-se em 2,95%.
Em declarações ao Dinheiro Vivo, André Pedro, diretor do Comparajá, diz que “as taxas mais competitivas estão, por norma, nos bancos menos conhecidos e conceituados”, ainda que “não exista uma razão propriamente válida que o explique”. Ora, tendo em conta que são as grandes instituições que têm uma maior quota de mercado, isto ajuda a explicar os níveis da taxa de juro dos depósitos de particulares em Portugal.
Quanto rendem cinco mil euros nos grandes bancos?
O comparador de produtos e serviços financeiros fez uma simulação para um depósito a prazo de cinco mil euros a um ano nos cinco bancos, a pedido do jornal, e concluiu que a remuneração mais atrativa é de 3%, na Caixa Geral de Depósitos e no BPI, com os ganhos possíveis a fixarem-se nos 109,5 euros, enquanto as taxas mais baixas estão no Millennium BCP (2,75%) e no Novo Banco (1,5%, mas para um depósito a seis meses), com ganhos possíveis sobre o montante aplicado de 99 euros e 27 euros, respetivamente. Segundo o ComparaJá, o Santander não tem oferta que se enquadre naqueles requisitos.
O diretor da empresa – que também é intermediária de crédito -, ressalva, contudo, que “os depósitos a prazo são um mercado altamente dinâmico e com condicionantes muito específicas” e que, apesar de a taxa ser sempre o principal indicador a ter em conta no momento de avaliar a oferta inerente aos depósitos a prazo em si”, “é tão ou mais importante ter em conta os fatores que o perfazem, nomeadamente o prazo, o montante a possibilidade de mobilização, o dinheiro investido ou até mesmo a capitalização dos juros”.
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