A Prio inaugurou esta terça-feira um posto de abastecimento exclusivo para veículos pesados em Castanheira do Ribatejo, um investimento de 1,5 milhões de euros que surge numa altura em que desacelerou o investimento nos biocombustíveis por falta de estabilidade.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente executivo da Prio, Pedro Morais Leitão, explicou que a trajetória de crescimento da marca, desde que foi fundada em 2008, era baseada no biodisel, assumindo-se como produtor líder em Portugal, mas a falta de uma política ambiental clara levou a empresa a apostar nos combustíveis fósseis.
“O crescimento nos combustíveis fósseis que agora todos queremos reduzir e conter ao mínimo foi um mal necessário. A Prio não teria crescido nos combustíveis fósseis caso tivesse tido um caminho de progresso de crescimento sempre no biodiesel. Não tendo, teve de continuar a crescer nos combustíveis fósseis”, afirmou.
Para Pedro Morais Leitão, falta “estabilidade necessária para poder investir mais”. “Se houvesse uma política ambiental mais clara para os transportes, a Prio estaria a investir mais nessa política”, declarou.
O gestor critica o recuo do Governo na meta de incorporação de biocombustíveis, para 7% em 2019, considerando que Portugal passou os anos de austeridade “como bom aluno”, com metas ambiciosas, e agora “está a ser mau aluno face ao que a União Europeia propõe”.
“O que nos cabe comentar é que isto vem perturbar um caminho de evolução e de investimento que o setor estava a fazer”, acrescentou.
Com uma rede de 250 postos de abastecimento em Portugal, a Prio inaugurou um posto especializado no segmento dos veículos pesados, que surge no seguimento do lançamento há quatro anos do cartão ‘truck’ (camião), que pretende juntar um conjunto de serviços dedicado a este segmento de mercado, referiu o responsável da Prio.
Perto do centro logístico, no novo posto de Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, as bombas são muito mais rápidas ao abastecer ao triplo da velocidade de um posto convencional (180 litros por minuto face aos 60 litros habituais).
“Temos expectativas altas em relação a este posto. Temos expetativas que se consiga vender em 2020 20 milhões litros. Se isso acontecer, será o posto individual com maiores vendas em Portugal”, explicou.
“Se os clientes se mostrarem satisfeitos nessa altura, iremos fazer investimento em mais postos”, adiantou em entrevista à agência Lusa.
Fora do projeto, Prio antevê problemas para fazer oleoduto até aeroporto de Lisboa
O presidente executivo da Prio antevê várias dificuldades na execução do oleoduto para abastecer o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, referindo problemas que existiram no passado e que não acredita tenham desaparecido de um dia para o outro.
Em entrevista à agência Lusa, Pedro Morais Leitão disse que “gostaria muito que o projeto [do oleoduto, anunciado há duas semanas pelo Governo] avançasse”, mas lembrou que é um projeto com “um historial de 20 anos”, em que “existiram problemas”, que não terão “desaparecido de um dia para o outro”.
“Se é possível o oleoduto, é uma discussão já de longa data. Esses 40 quilómetros [desde Aveiras até ao aeroporto] passam por uma das zonas metropolitanas mais construídas. Fazer passar um oleoduto pelo meio dessa zona urbana vai garantidamente levantar problemas de licenciamento municipal, vai criar, provavelmente, zangas entre presidentes de câmara sobre quem fica com os riscos de segurança que inevitavelmente estão associados a um oleoduto”, declarou.
“Não conheço o projeto em detalhe, mas vi muitas discussões sobre o assunto”, disse, referindo que, neste momento, existe uma instabilidade acrescida relacionada com o projeto do aeroporto do Montijo.
“O que se pode esperar de consumo no aeroporto da Portela [Humberto Delgado, em Lisboa] e o que se pode esperar do Montijo? Todas estas decisões de infraestrutura exigem estabilidade”, lançou.
No passado dia 29 de maio, o ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, anunciou no parlamento que será construído um oleoduto para abastecer o aeroporto de Lisboa, que aproveitará uma conduta de água existente, num investimento de cerca de 40 milhões de euros para estar concluído em 2021.
“Esse investimento será sempre feito por entidades privadas. Temos neste momento uma candidatura para o poder fazer, utilizando aquele que é o melhor dos canais que é a conduta do Alviela, uma conduta com 150 anos que abastece Lisboa e que está em curso ser desativada, porque já existem outras alternativas”, afirmou então o governante.
A empresa interessada no projeto é a CLC – Companhia Logística de Combustíveis, S.A, controlada pela Galp, que é responsável pela exploração do oleoduto entre Sines e Aveiras de Cima e também pela armazenagem e expedição de combustíveis na instalação de Aveiras de Cima.
Entretanto, na semana passada, Matos Fernandes disse já ter o parecer jurídico que considera que o novo oleoduto para abastecer o Aeroporto Humberto Delgado é uma atividade de transporte e, por isso, “pode mesmo ser feito pela CLC”, sem ser necessário abrir um concurso público.
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