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A relação entre a gestão da TAP e os trabalhadores tem sido turbulenta nos últimos meses e o anúncio recente do primeiro-ministo em avançar com a privatização da companhia até ao final do ano veio inflamar os ânimos. O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) disse esta quarta-feira, 12, que as palavras de António Costa estão já a ter “um impacto imediato junto dos trabalhadores” contribuindo para agudizar o clima de tensão e de instabilidade que se vive, devido ao contexto inflacionista agravado pelos cortes nos salários. A estrutura sindical admite a convocação de uma paralisação nas próximas semanas.
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“Esta é a tempestade perfeita que pode levar a uma greve até ao final do ano”, ameaçou o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, na audição que está a decorrer esta manhã no âmbito do requerimento apresentado pelo PCP sobre privatização da TAP, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Os representantes dos vários trabalhadores presentes no Parlamento teceram duras críticas ao facto de não conhecerem o plano de reestruturação aprovado por Bruxelas, em 2021, que levou a despedimentos e cortes salariais na empresa, e afirmam que a privatização da empresa está a ser negociada sem o conhecimento dos trabalhadores.
“A privatização levaria à perda da TAP nacional, companhia de bandeira estratégica. Em todas as privatizações o resultado foi o mesmo: direitos laborais retirados e depois despede-se”, apontou a coordenadora da Comissão de Trabalhadores TAP, Cristina Isabel Carrilho.
O vice-presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) lamentou haver uma “degradação do ambiente laboral, que é altamente tóxico”, devido à política de cortes e de desinvestimento nas equipas.
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Trabalhadores pedem TAP eficiente
Pública ou privada? Os trabalhadores querem uma TAP eficiente e transparente, independentemente do modelo de gestão. “Não tomamos partidos, queremos uma TAP fiável, lucrativa e que respeite os trabalhadores”, pediu o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes.
O sindicato dos tripulantes concorda. “Somos a favor de uma administração competente e transparente com sensibilidade social. Que a privatização seja feita de uma maneira transparente e saudável e não à custa dos trabalhadores”, acrescentou Ricardo Penarroias.
Já o Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas assumiu aos deputados querer “uma gestão eficiente da companhia que siga as recomendações da Comissão Europeia e que procure as melhores práticas na indústria” e mostrou-se preocupado com “o rumo das negociações coletivas”.
As audições aos trabalhadores sobre a privatização da TAPcontinuam amanhã com o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), a Comissão de Trabalhadores dos Serviços Portugueses de Handling e o Sindicato Nacional dos Engenheiros (SNEET).
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