O projeto turístico para construção de três hotéis de cinco estrelas no Alvor entrou na semana passada no período discussão pública. Esta fase, aberta a todos os interessados, prolonga-se até 19 de junho, e só então a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve irá revelar a avaliação de impacto ambiental, sendo esta a segunda vez que o faz. Na primeira deliberação, conhecida em junho do ano passado, a CCDR-Algarve chumbou o projeto uma vez que identificou “impactos negativos”, obrigando o consórcio a refazer os planos e a reapresentá-los com alterações que reduzem o perfil e a volumetria da construção e reduzem o impacto ambiental e visual na zona.
Localizado na ponta de João de Arens, próximo das praias do Vau e do Alemão, o projeto é promovido pela Top Building, pela Astronow e pela Areia Feliz em parceria com a Estoril Investe, num investimento previsto que ultrapassa os 40 milhões de euros e com a criação de mais de 400 postos de trabalho diretos e 600 indiretos. O impacto da covid no turismo, cuja duração e extensão ainda estão por determinar, não afetou, para já, os planos de investimento, mantendo-se os promotores em contacto com operadores internacionais especializados em turismo sustentável para concretizar os empreendimentos logo que os procedimentos legais estejam concluídos.
Segundo os promotores, os três hotéis irão aumentar a oferta algarvia na área do ecoturismo, e o novo estudo de impacto ambiental pretende traduzir este objetivo através de uma maior preocupação com a biodiversidade da área e a gestão dos solos e águas superficiais, de modo salvaguardar a paisagem durante a construção – fase crítica para evitar danos ambientais – e, mais tarde, já com as três unidades a funcionar. O projeto de arquitetura só será conhecido mais tarde, mas os promotores têm em vista “a utilização de materiais e de soluções que assegurem o compromisso com a economia circular” e salvaguardem o ambiente.
Veja aqui o vídeo do projeto elaborado pelo consórcio
O consórcio aceitou ainda entregar para usufruto público 90 mil metros quadrados da área de que é proprietário, a que está mais próxima do mar, de modo a permitir que o espaço continue a ser usado por todos os visitantes, como acontece atualmente, em especial durante os meses de verão. Embora não faça parte do plano entregue na CDDR-Algarve, os promotores já admitiram também a possibilidade de construírem um passadiço em madeira exterior ao loteamento ou recorrer a outra solução técnica que permita às pessoas atravessarem a área sem pôr em risco o solo e a biodiversidade. Segundo os promotores, o facto de os terrenos serem hoje de acesso livre, sem qualquer delimitação, tem provocado constantes desníveis no terreno que agravam a erosão das arribas quando as águas da chuva escorrem livremente.
O projeto, que ocupa 1,8% do plano de urbanização aprovado em janeiro 2008 pela Assembleia Municipal de Portimão, exclui a construção na faixa dos 200 metros mais próxima da arriba: um dos hotéis ficará a 430 metros da orla marítima, o segundo a 340 metros e o terceiro a 230 metros. Além desta distância, o consórcio reduziu também o número de quartos que constavam do plano inicial: dos 411 previstos inicialmente, agora a proposta aponta 353, isto é, uma redução de 58 quartos destinada a dar resposta às dúvidas levantadas pela CCDR-Algarve. Os hotéis terão três pisos, sendo a altura máxima de 12 metros – menos três do que na primeira versão –, de modo a reduzir o impacto visual.
O projeto entra assim na fase decisiva, aguardando agora luz verde das autoridades para avançar com o investimento, uma iniciativa que traz algum alento ao turismo em tempos de covid.
Deixe um comentário