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Recorde atrás de recorde. Foi isto que a Apple conseguiu nos últimos três meses de 2021, que se tornou oficialmente no seu melhor trimestre de sempre. A fabricante cresceu 11% para um volume de receitas inédito de 123,9 mil milhões de dólares, com os lucros a subirem também 20% para 34,6 mil milhões de dólares.
Os bons resultados, que o CEO Tim Cook disse serem “melhor que o esperado”, não escondem o abrandamento provocado pelos problemas que assolam a cadeia logística global. Há escassez de componentes e disrupções na manufatura que estão a afetar todo o tipo de empresas, o que se reflete na dificuldade de reestabelecer stocks perante uma forte procura.
Mas a empresa conseguiu escrever uma história diferente no trimestre crítico da Black Friday e do Natal do que tinha conseguido no período anterior, no qual ficou aquém das expectativas dos analistas e quantificou as perdas de receitas ligadas à disrupção logística em 6 mil milhões de dólares.
Desta vez, as coisas correram melhor.
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“Todas as categorias de produto cresceram exceto o iPad, devido aos problemas no fornecimento”, afirmou Tim Cook, na conferência com analistas que se seguiu à apresentação de resultados. “Houve uma limitação de fornecimento muito grande no trimestre de dezembro”, explicou o executivo, referindo que a empresa espera um alívio destes constrangimentos no trimestre que está a decorrer agora. Cook identificou a escassez de semicondutores como o maior problema neste momento.
No global, os analistas mostraram-se agradados sobretudo com o desempenho do iPhone, que subiu 9% e gerou receitas sem precedentes de 71,6 mil milhões de dólares.
“Estabelecemos um recorde graças ao iPhone 13, o melhor alinhamento de iPhone que alguma vez tivemos”, disse Tim Cook. “A reação dos utilizadores tem sido sem precedentes”, continuou o executivo, recordando que a Apple assinalou há poucas semanas o momento em que Steve Jobs revelou o iPhone original. “O espírito criativo que tornou esse primeiro iPhone possível prosperou desde então”, considerou.
“Mantemos uma visão muito otimista em relação ao iPhone“, indicou o executivo, em resposta a uma questão sobre o potencial crescimento de futuro do smartphone, que faz 15 anos em 2022.
A base instalada do iPhone está mesmo “em máximos históricos”, disse Cook, embora sem referir um número exato. O que a Apple revelou foi o número global dos seus dispositivos que estão em uso em todo o mundo: a base instalada global é agora de 1,8 mil milhões de aparelhos.
Nos computadores Macintosh, que cresceram ainda mais que o iPhone – subida de 25% para 10,8 mil milhões de dólares – o diretor financeiro Luca Maestri salientou que mais de metade das unidades vendidas já contêm os processadores próprios da empresa, M1.
Destaque ainda para os wearables, que atingiram os 14,7 mil milhões de dólares, e para os serviços (19,5 mil milhões), que são a segunda categoria que mais pesa nas receitas da Apple. Cook destacou o crescimento do serviço Fitness+ e o sucesso dos conteúdos originais da plataforma de streaming Apple TV+, frisando que já receberam 200 prémios e 890 nomeações.
A empresa tem agora 785 milhões de assinantes dos seus vários serviços por subscrição, o que significa uma adição de 165 subscritores nos últimos doze meses. Luca Maestri disse também que está em teste a versão beta de um novo serviço, Apple Business Essentials, desenhado para ajudar pequenas empresas a gerirem os dispositivos, os serviços na nuvem e os serviços de suporte.
O salto de 4,38% no valor das ações da Apple no mercado fora de horas, pouco depois do anúncio dos resultados, espelha o ânimo dos investidores quanto aos números do trimestre.
No que toca a regiões, a Apple conseguiu crescer em praticamente todas menos no Japão. O maior salto foi dado na China, onde as receitas deram um salto de 21% e a Apple conseguiu, inclusive, torna-se na líder do mercado de smartphones para este período. A Europa foi a segunda melhor região em termos de volume (29,7 mil milhões), a seguir às Américas (51,4 mil milhões).
E o futuro?
A Apple espera que os problemas da cadeia logística sejam aliviados neste trimestre, mas optou por não dar orientações quanto ao volume de negócios que espera para o período, devido à volatilidade das condições.
Em termos de produtos, com o mercado a esperar o lançamento de óculos inteligentes ainda este ano, Tim Cook disse que a marca gosta de anunciar coisas “quando estão prontas ou quase prontas” e que essa estratégia, aliada ao elemento surpresa, tem funcionado bem para a empresa.
Cook respondeu também a uma questão sobre o muito falado metaverso, já que os investidores consideram a Apple bem posicionada para beneficiar da tendência.
“Estamos sempre a explorar tecnologias emergentes”, disse Cook. “Esta área é muito interessante para nós.” O executivo referiu que a App Store tem mais de 14 mil aplicações viradas para a realidade aumentada e que estas já permitem aos utilizadores um acesso ao metaverso.
“Vemos muito potencial neste espaço e estamos a investir de acordo com isso”, sublinhou.
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