//Quando as máscaras foram um balão de oxigénio no têxtil

Quando as máscaras foram um balão de oxigénio no têxtil

As máscaras comunitárias reduziram os efeitos da pandemia junto das empresas têxteis do Norte.
Depois do cancelamento de encomendas em março, no início a produção das máscaras foi um balão de oxigénio para esta indústria, para o qual contribuiu a plataforma portuguesa Springkode, que liga as fábricas aos consumidores. A própria Google acabou por dar uma ajuda neste processo.

“Do lado das fábricas, havia uma preocupação enorme em relação à continuidade do negócio; do lado dos consumidores, sabíamos da procura por produtos de proteção por razões de saúde pública”, recorda Reinaldo Moreira, líder da Springkode.

Perto do final de março, esta indústria começou a mexer-se e já existiam alguns protótipos. “Apresentámos a nossa proposta e encontrámos uma oportunidade de mercado. A Springkode incentivou-nos e foi o nosso primeiro canal de venda”, já durante o mês de abril, recorda Sílvia Costa, presidente da empresa de confeção Bless Internacional.

A Pedrosa e Rodrigues, que trabalha com marcas de gama alta e de luxo, passou por uma situação semelhante. “Quando a pandemia se generalizou, tivemos de encontrar uma oportunidade para nos sustentarmos e manter os nossos subcontratados a trabalhar. Olhámos para as nossas prateleiras, certificámos tudo junto do Citeve [Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário] e começámos a produzir máscaras”, recorda a gestora Ana Rodrigues.

A disponibilizar os tecidos para o fabrico das máscaras esteve a Tintex. “Conseguimos que as coisas fossem feitas muito rapidamente”, recorda o responsável de operações, Ricardo Silva. Com a oferta na linha de montagem, a gestão da procura e da venda ficou por conta da Springkode. Ainda o mês de abril não ia a meio e já existiam máscaras comunitárias disponíveis, mesmo antes do arranque da certificação.

A plataforma portuguesa também contou com a ajuda da Google neste processo. “Estávamos no programa de aceleração para startups quando os efeitos da pandemia foram mais sentidos. Os ensinamentos deles foram valiosos e permitiram-nos escoar o material com muito mais facilidade”.

O sucesso das vendas foi crucial para a continuidade das fábricas parceiras da Pedrosa e Rodrigues: “Os clientes internacionais puxaram o travão de mão a um TGV em andamento. Se não fossem as máscaras, os nossos parceiros corriam um risco muito elevado de fechar.” Na Bless Internacional, esta aposta ajudou os funcionários a saírem mais rapidamente do lay-off.

Em junho, regressaram as encomendas de vestuário “de forma bastante expressiva” à Pedrosa e Rodrigues e “estão mesmo a ser feitas horas extraordinárias, reconhece Ana Rodrigues. Só que as margens de lucro baixaram e as encomendas “só são feitas quando as vendas estão garantidas”, assume Sílvia Costa. Sobreviver a este ano é a principal prioridade.

Do lado da Springkode, o número de fábricas parceiras aumentou de 15 para 21 nos últimos quatro meses e as máscaras “poderão ter uma vida para lá da pandemia na Europa”.

Ver fonte