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As famílias que residem em zonas do país em que a televisão digital terrestre (TDT) só está disponível através de tecnologia satélite (DTH) têm até dia 9 de dezembro para beneficiar da comparticipação da Meo na aquisição de equipamentos complementares para a TDT. Ainda há, praticamente, 13 milhões de euros para subsidiar a aquisição de descodificadores de satélite.
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O programa em causa arrancou em 2012 e termina no mesmo dia em que acaba a atual licença TDT, que está nas mãos da Meo – é o incumbente que assegura o apoio. O valor total previsto para a comparticipação dos referidos kits totaliza 16,845 milhões de euros, mas só foram gastos 3,936 milhões de euros, até 30 de junho deste ano. Quer isto dizer que a diferença entre a comparticipação global possível e a realizada é de 12,909 milhões de euros, de acordo com os dados pedidos pelo Dinheiro Vivo à Autoridade nacional de Comunicações (Anacom). Ou seja, mais de 76% da verba que se destina a subsidiar a aquisição de kits DTH está por usar.
Fonte oficial da Anacom revela, ainda, que só foi comparticipada a compra de 79 836 kits DTH complementares para a TDT, entre o início do programa e 30 de junho deste ano. O regulador aponta para um total de 127 747 kits vendidos no país, desde 2012.
Apoio pensado para meio milhão de utilizadores
Após uma experiência infrutífera em meados dos anos 2000, a TDT ressurge em Portugal em 2008, ano em que a Anacom atribuiu os direitos de utilização de frequências do serviço à Portugal Telecom (hoje Altice Portugal, dona da Meo, incumbente da TDT). Apesar de ser de acesso gratuito para toda a população, a TDT representou nos primeiros anos um custo acrescido para as famílias que tinham televisões analógicas e, por isso, precisavam de comprar descodificadores para captar o sinal.
Considerando as assimetrias sociais e territoriais, foram criados programas para apoiar e incentivar as famílias mais carenciadas na migração para televisão digital. Em abril de 2011, o regulador aprovou o programa de comparticipação de kits DTH para a TDT proposto pela então PT, desenhado para um universo de 555 mil utilizadores, dos quais 426 mil até 2012, quando ocorreu o desligamento do sinal analógico de televisão. Até hoje, menos de cem mil utilizadores da TDT beneficiaram da comparticipação da Meo na aquisição de kits DTH.
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Segundo fonte oficial da Anacom, “só na ilha das Flores e na ilha do Corvo [ambas no arquipélago dos Açores]” é que há dificuldades em obter sinal da TDT. “De resto, existe [sinal] TDT e DTH em todo o lado”, afirma.
O prazo do atual programa acaba dentro de dois meses. No entanto, estando em curso o processo de renovação da licença TDT será expectável a continuação deste tipo de apoio? “De acordo com o atual direito de utilização do espetro detido pelo Meo, sim, esse programa terminará na data em que o direito cessa. A continuidade do programa estará dependente do resultado do processo em curso de renovação”, responde fonte oficial da Anacom.
Não obstante, considerando que o regulador já deu luz verde à renovação da licença TDT à Meo, “caso o direito [de utilização da TDT] venha a ser renovado em conformidade com o que consta no sentido provável de decisão aprovado pela Anacom, manter-se-á a condição de subsidiação por parte da Meo dos equipamentos recetores terminais, antenas e cablagens, incluindo mão de obra, aos clientes das zonas não cobertas por radiodifusão digital terrestre de modo a que estes não tenham qualquer acréscimo de custos por estarem em zonas não cobertas pela TDT”.
Contactada, fonte oficial da Meo confirma que, assim que a licença for renovada, a empresa “alocará as verbas necessárias para o cumprimento das obrigações”, incluindo “a obrigação de subsidiação da TDT complementar”. A mesma fonte refere que a renovação ainda não ficou totalmente fechada porque há “um conjunto de pressupostos” que “requerem a revisão do enquadramento legal da TDT”. Ou seja, falta a palavra final do Governo.
Como beneficiar da comparticipação?
As pessoas que residam em zonas com cobertura por satélite e que pretendam receber o sinal digital de televisão por via gratuita, vendo os sete canais em sinal aberto sem pagar qualquer mensalidade, ou seja, usufruindo da TDT, têm de solicitar à Meo a disponibilização dos kits DTH, através de um formulário específico. São comparticipados dois kits por habitação, por 30 euros cada (já comparticipado). O pedido pode ser feito também numa das lojas da Meo. O valor do apoio da Meo é de 47 euros.
Ora, caso esteja em condições de beneficiar deste apoio pode optar por: comprar os equipamentos pagando o seu valor total e pedir posteriormente a comparticipação junto da Meo; ou apresentar previamente a documentação necessária para confirmar que preenche os requisitos para atribuição da comparticipação e levantá-los na loja pelo valor já comparticipado, no prazo de cindo dias úteis.
Para pedir a comparticipação precisa de apresentar um documento de identificação pessoal (cartão de cidadão, bilhete de identidade ou passaporte) ou certidão do registo comercial (no caso de empresas); cartão de Contribuinte, caso não apresente o cartão de cidadão; e comprovativo de morada referente a um dos últimos três meses; bem como a fatura de compra do kit complementar e comprovativo do IBAN, quando já tenha adquirido o equipamento.
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