//Quase um terço das empresas aponta 2023 ou depois para a recuperação

Quase um terço das empresas aponta 2023 ou depois para a recuperação

Cerca de 42% das empresas esperam encerrar o primeiro semestre de 2021 com uma quebra média de 46% do seu volume de negócios, face ao período pré-pandemia, sendo que, dos 35% que antecipam um aumento de faturação, esse crescimento se fica pelos 21%. Na verdade, só 10% das empresas espera conseguir chegar ao final do ano com um nível de atividade semelhante ao verificado antes da covid-19, enquanto que 32% das empresas acredita que só o conseguirá em 2022. Há 19% que aponta para uma recuperação em 2023 e 10% que são ainda mais pessimistas e defendem que tal só acontecerá depois de 2023.

Estes são dados do inquérito mensal da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) às empresas, hoje apresentado, e que foi lançado a 7 de abril, ou seja, já depois de estar em marcha o plano de desconfinamento a conta-gotas, iniciado a 5 de abril. Inquiridos sobre o termos do plano, 59% dos empresarios consideraram-no adequado, sendo “demasiado lento ou restritivo para 20% dos inquiridos” e “demasiado rápído ou imprudente” para 21%.

Para Óscar Gaspar, vice-presidente do conselho geral da CIP, estes dados mostram que a crise, que está a ser “intensa e duradoura”, “está longe do fim”. “Claramente, desconfinar não é recuperar. Estamos numa crise que se prolonga há mais de um ano, em que houve um travão a fundo em muitos setores de atividade, e a verdade é que os impactos são muito significativos. A recuperação é lenta e, em muitos casos, incerta”, defende este responsável.

Os valores da faturação das empresas em março ajudam a sustentar esta convicção: 50% das empresas que responderam ao inquérito registaram uma perda de faturação que foi, em média, 49% inferior à de março de 2020. “Isto dá nota de uma crise que não tem precedentes nas últimas décadas em Portugal”, sublinha.

Apesar da quebra esperada de 46% nas vendas no final do primeiro semestre, só 12% das empresas portuguesas esperam reduzir as suas equipas, número quase equivalente às que esperam contratara mais pessoas (13%). Em 75% dos casos, a intenção é manter o mesmo número de trabalhadores.

Sem surpresa, face a anteriores inquéritos da CIP, 84% dos empresários consideram que os programas de apoio do Governo “estão aquém ou muito aquém do necessário” e 66% considera que o acesso aos mesmos é burocrático ou muito burocrático.