//“Queremos ser uma referência mundial em matéria de igualdade”

“Queremos ser uma referência mundial em matéria de igualdade”

Sari Brody, responsável global pela área de Igualdade, Diversidade e Inclusão do Grupo IKEA, esteve em Lisboa e falou ao Dinheiro Vivo sobre a estratégia do grupo para a área. Portugal é um exemplo para o mundo, diz, sublinhando que por cá já se atingiu a paridade e assumindo o compromisso para as questões de igualdade.

O objetivo da IKEA é alcançar 50:50 em igualdade de género e salarial até o próximo ano. Quando é que essa preocupação começou a tomar forma e quão perto estão desse objetivo?
Igualdade, diversidade e inclusão estão ligadas à cultura e aos valores humanísticos da IKEA. Em 2012, estabelecemos metas concretas para incorporar estes valores no nosso plano de negócios e torná-los uma prioridade. O objetivo era alcançar o equilíbrio de género em todos os níveis da nossa organização. Em 2018, expandimos o foco e adicionamos a igualdade salarial por trabalho de igual valor. Assumimos o compromisso com a EPIC (Equal Pay International Coalition) e o nosso CEO assinou o WEP (Women Empowerment Principles) – que incluem um compromisso público com a igualdade de género e salarial.
Temos a ambição de nos tornarmos uma referência mundial em matéria de igualdade, uma vez que podemos aproveitar a nossa presença e escala global para fazer uma diferença positiva na vida de nossos colegas de trabalho e na sociedade. É por isso que estamos a lançar esta semana um novo Plano para a Igualdade com três movimentos: Criar uma base de trabalhadores diversificada e inclusiva; Integrar a igualdade transversalmente no negócio e formas de trabalho; Criar um mundo mais igualitário e ser uma força positiva na sociedade. O nosso plano global para a igualdade dá aos mercados uma estrutura sólida que pode depois ser adaptada localmente com ações relevantes e criativas.

E, especificamente, em Portugal, como estão as coisas?
Em Portugal, estamos especialmente orgulhosos do movimento conseguido relativo ao equilíbrio de género na nossa estrutura – alcançámos um equilíbrio de 50/50 em todos os cargos de liderança e não temos diferença salarial entre homens e mulheres que executam as mesmas funções. Temos também um serviço de apoio aos colaboradores que estejam a viver uma situação de violência doméstica, para o qual temos o apoio de um prestador de serviços externo.

  1. Esse equilíbrio de género significa o mesmo número de homens e mulheres ou também há preocupações com a igualdade em diferentes níveis hierárquicos?
    O nosso objetivo é ter igualdade de género em todos os níveis da organização (colaboradores e responsáveis), em todas as funções (inclusive posições tipicamente exercidas por homens como as áreas tecnológica ou logística ou posições executadas por mulheres como os recursos humanos, por exemplo). Temos orgulho em revelar que em Portugal já alcançámos esse objetivo.
  1. Dado o problema demográfico da Europa, que políticas específicas promove o IKEA, tendo em mente a necessidade de incentivar as mulheres a ter uma família bem como uma carreira?
    A nossa estrutura global permite que os diferentes países definam iniciativas locais relevantes nesta matéria para cada situação. Por exemplo: licença parental. Em muitos países, a IKEA complementa a licença parental para permitir que cada membro do casal tenha um período adicional, enquanto o outro pode reintegrar-se no ambiente de trabalho. Nos EUA, estendemos a licença de maternidade para quatro meses, em vez do definido pelo governo de seis semanas. Também proporcionamos licença parental para quem adota filhos e para pais de todas as orientações sexuais. Na Índia, damos seis meses de licença de paternidade, para corresponder à oferta do governo de seis meses de licença de maternidade. Em Portugal estendemos a licença parental do governo e subsidiamos dois meses adicionais, se assim for a escolha dos colaboradores.
    Outra iniciativa para apoiar as famílias trabalhadoras é oferecer um serviço de acolhimento de crianças, como por exemplo na Índia, Coreia do Sul e Japão. Em alguns países, como a Suíça, temos um programa para reintegrar as mulheres no trabalho, após retornarem das suas longas licenças de maternidade. Noutros países, existe um regime de trabalho flexível, em que os horários são adaptados às necessidades dos colaboradores, para lhes permitir um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
  1. Como essas políticas ajudam a atrair e manter talentos – uma dificuldade crescente, uma vez que estamos a competir globalmente?
    A IKEA é uma empresa movida pelo seu propósito, com uma visão que pretende proporcionar um dia-a-dia melhor para a maioria das pessoas. O nosso Plano para a Igualdade é uma das formas de tornar a nossa cultura numa realidade. Sabemos que as pessoas procuram trabalhar em empresas socialmente responsáveis e com uma abordagem humana. É assim que somos percecionados e uma razão pela qual muitas pessoas se candidatam para trabalhar connosco. Ter planos ambiciosos de Igualdade, Diversidade e Inclusão ajuda-nos a liderar o caminho para uma sociedade melhor, um mundo melhor e também ter os melhores colaboradores connosco.
  1. Acredita que as gerações mais jovens estão mais preocupadas com a justiça das empresas para as quais trabalham e a possibilidade de serem criativas e participarem ativamente nas atividades do que de obter um salário muito alto?
    As gerações mais jovens procuram muito mais do que apenas um salário alto. São pessoas ambiental e socialmente conscientes e acreditam num mundo melhor e mais equilibrado em termos de igualdade. Ao mesmo tempo, as outras gerações também se estão a agregar a este movimento e percebem que os governos não estão a responder às suas necessidades e procuram que empresas assumam uma responsabilidade social e ambiental. O foco na sustentabilidade e na igualdade dá-nos uma vantagem para atrair pessoas que partilham os nossos valores, qualquer que seja sua geração.
  1. Qual é o salário médio na IKEA e preveem melhorar esse número mesmo que isso não aconteça de uma forma geral no país – como fizeram noutras ocasiões?
    Na IKEA Portugal, o salário de entrada está, há alguns anos, acima do salário mínimo nacional. Temos como propósito continuar a fazê-lo nos próximos anos, liderando no setor de retalho com números superiores ao salário mínimo nacional.
  1. Qual é a estratégia da empresa para igualdade de género e como colmatar as disparidades salariais entre homens e mulheres por todo o mundo?
    Com o nosso propósito de sermos uma força positiva para a sociedade, colaboramos com ONG e agências governamentais, bem como com as outras empresas que operam com a marca IKEA. Partilhamos as nossas iniciativas, onde procuramos liderar pelo exemplo, e criamos parcerias com outras empresas para unir esforços e fazê-los chegar à maioria da população.

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