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O empresário Óscar Meireles, líder da Quinta da Lixa, um dos maiores exportadores de Vinho Verde do país, prevê que o futuro do setor será de crescimento, com produtos “premium” para “mercados internacionais exigentes”.
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“O Vinho Verde está na moda a nível internacional. É um vinho apetecível”, anotou, observando que, cada vez mais, o consumidor “não bebe por quantidade, mas pela qualidade”.
“É nesse passo que a região dos vinhos verdes tem de caminhar”, disse, em entrevista à agência Lusa, insistindo que os Verdes que o território produz atualmente, em termos de qualidade, são muito superiores aos que havia no mercado há algumas décadas.
Crescentes cuidados de sustentabilidade na produção da vinha, nomeadamente na redução da pegada ambiental, e vinhos mais robustos, conhecidos como “vinhos de guarda”, que “evoluem muito bem na garrafa” e são capazes de proporcionar um consumo após quatro ou cinco anos da vindima, são, pontuou, trunfos que a região deve potenciar, em termos futuro.
“É preciso dar a conhecer o novo estilo de Vinho Verde. É preciso trabalhar nessa faixa. Quando conseguirmos demonstrar o potencial desse vinho, aí teremos mais uma barreira ultrapassada”, precisou.
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Óscar Meireles, que lidera a Quinta da Lixa há cerca de 35 anos, também integra a Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes.
O viticultor e engarrafador recorda que, há três décadas, quando assumiu responsabilidades na empresa, a “região era desprezada” no setor, mas hoje, nota, é credora de respeito, sendo vista como “uma grande região a nível internacional”, sobretudo nos branco e rosés.
“Não é por acaso que os nossos colegas fora da região estão a fazer investimento nos Vinhos Verdes. Isso prova que estamos no bom caminho”, afirmou, acrescentando que o território tem tido êxito na valorização do produto. Prova disso, prosseguiu, é que “o preço médio do Vinho Verde está a aumentar todos os anos, o que é positivo para os viticultores”.
Apesar do potencial dos Verdes, o empresário alerta para os desafios e dificuldades dos próximos tempos, destacando o “lobby” nórdico contra o álcool, que, admitiu, também pode penalizar o vinho.
Contudo, para Óscar Meireles, a tradição mediterrânica ligada ao consumo de vinho com as refeições “também tem muito peso”.
“Vamos ver quem tem mais força, os nórdicos ou nós”, rematou.
O líder da Quinta da Lixa recorda o sucesso da sua empresa, quando, há algumas décadas, começou a apostar, com êxito, em castas diferentes das tradicionais do Vale do Sousa, região onde se encontra a empresa (concelho de Felgueiras), nomeadamente no Alvarinho e outras “com mais marketing e nome, indo ao encontro do consumidor final”.
Atualmente, a Quinta da Lixa, com cerca de 105 hectares de vinhas próprias, já exporta mais de metade da sua produção, sendo também uma das empresas mais dinâmicas no enoturismo.
Nas vindimas deste ano, foram ultrapassados os sete milhões de quilos de uva (uma ligeira redução em relação a 2022), incluindo produtores parceiros, o que garantem quantidade suficiente para a produção de vinho, face às vendas esperadas e aos stocks atuais.
Estados Unidos, Alemanha e Japão são mercados com grandes crescimentos nos últimos anos, “muito exigentes em termos de qualidade”, tendência que se deve acentuar para a sua empresa e para outros produtores, previu.
“Temos todos, no setor, de ser muito profissionais, de termos um bom serviço, para continuarmos a crescer”, rematou.
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