A um passo do centenário, a Montez Champalimaud é uma referência na produção de vinhos de qualidade, que vai já na quinta geração. Mas o novo milénio não foi fácil para a empresa e a opção pelas cápsulas de rosca em detrimento das rolhas de cortiça terá sido determinante no afastamento de muitos consumidores, designadamente no mercado nacional. Agora, os vinhos Quinta do Côtto e os Paço de Teixeiró, a marca de Vinhos Verdes, regressam ao mercado, com nova imagem, novos rótulos e com rolhas de cortiça. Recuperar a notoriedade perdida é o objetivo de Miguel Mendia Montez Champalimaud, o novo responsável da empresa.
Foi pelo Paço de Teixeiró, em 2002, que a Montez Champalimaud começou a experiência de substituir a rolha de cortiça pelas cápsulas de alumínio, os chamados screw caps, mas foi só quando alargou esta opção aos seus tintos da Quinta do Côtto, no Douro, em 2004, que a polémica estalou. Na altura, Miguel Champalimaud, pai do atual gestor da empresa, argumentava com a simplicidade do processo e com a qualidade dos vedantes de alumínio, bem como com o fator económico. Mas os consumidores parecem não ter gostado e a empresa voltou atrás na estratégia.
Miguel Mendia admite que a substituição da rolha de cortiça “condicionou, de forma significativa”, as vendas no mercado nacional, porque, sendo Portugal um país “tradicional e produtor de cortiça”, a mudança “foi vista de forma negativa pelo consumidor”. Mas garante que a Montez Champalimaud só voltou a usar rolhas de cortiça porque “o sector oferece hoje garantias de qualidade de produto muito superiores às de há dez anos”.
Embora as suas origens remontem ao século XIV, altura em que surgem os primeiros registos da família no Douro, a sociedade Montez Champalimaud foi formalmente constituída em 1922. Hoje, a empresa é gerida por Miguel Mendia Montez Champalimaud, representante da quinta geração da família, estando a enologia a cargo de Lourenço Charters Monteiro.
As décadas de 80 e 90 do século passado marcaram os anos de ouro do projeto, então a cargo de Miguel Champalimaud, pai do atual responsável da empresa, um dos primeiros produtores-engarrafadores no Douro. A transferência da família para Cascais e a aposta em novas áreas de negócios, designadamente a nível imobiliário e turístico, com o desenvolvimento do resort na Quinta da Marinha, levaram a um certo ‘abandono’ do projeto vitivinícola, embora os seus vinhos se tenham mantido no mercado, com vindimas anuais, mas já sem o ‘brilho’ de outros tempos.
Agora, a empresa pretende, precisamente, reconquistar a notoriedade perdida, apostando no rebranding dos seus vinhos – o Quinta do Côtto e o Côtto Grande Escolha, no Douro, e o Paço de Teixeiró Branco e Paço de Teixeiró Avesso, na Região dos Vinhos Verdes -, com novos rótulos e um novo packaging, mas, também, numa presença reforçada nos mercados internacionais, marcando presença nas maiores feiras do mundo do sector, a Vinexpo, em França, e a Prowein, na Alemanha, dando “novo fôlego” à atividade comercial de vinhos.
Chegou a faturar um milhão de euros, com os seus vinhos a chegarem aos principais mercados do mundo. Em 2017, as vendas ficaram-se pelo 500 mil euros, com um peso especial dos mercados brasileiro, canadiano e macaense. “Agora vamos começar o caminho das pedras novamente. Acreditamos que temos marcas muito fortes, precisamos é de fazer bons vinhos e de os comunicar”, explica Miguel Mendia Montez Champalimaud.
A Quinta do Côtto tem 70 hectares de vinha, no Paço de Teixeiró, em Baião, são 14 hectares. Replantar vinhas e investir na adega são as principais prioridades da empresa, que precisa de aumentar a sua capacidade de vinificação. O enoturismo é um objetivo a médio prazo, embora ainda não esteja definido qual o investimento ou modelo de negócios a seguir.
Num ano médio, a empresa vindima cerca de 330 toneladas de uvas no Douro e 54 toneladas nos Vinhos Verdes. A última vindima foi “curta”, com uma quebra na ordem dos 40%, mas promete gerar vinhos de “excelente qualidade”.
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