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Soundbites. Podcasts. Conversas ao vivo (ao estilo Clubhouse). Filtros de voz alimentados por inteligência artificial. O Facebook está pronto para liderar e “democratizar” o áudio “que temos visto de forma dispersa” nos podcasts (onde a Apple é pioneira), mas também nas conversas ao vivo áudio popularizadas pelo Clubhouse (e que já surgiram também no Twitter, com o Spaces). Para isso vai começar a lançar nas próximas semanas/meses várias ferramentas áudio com foco principal nos criadores e nos membros de grupos do Facebook.
O anúncio oficial foi feito a semana passada, mas esta semana entrevistámos a líder da app do Facebook (e do projeto áudio), a francesa Fidji Simo, para o podcast Made in Tech, que nos admitiu que a rede social “tem a capacidade de integrar o áudio em novas e entusiasmantes ferramentas como ainda não tínhamos visto”.
Mark Zuckerberg já admitiu numa conversa no próprio Clubhouse que há um potencial enorme no mundo áudio por explorar e Simo admite que “o áudio surge como algo natural”, existindo assim um potencial de ultrapassar a Apple nos podcasts e o Clubhouse nas conversas áudio “pelas opções que temos na nossa plataforma” e em dar “formatos longos e curtos de forma concentrada e com novas funcionalidades”.
Em destaque está o facto dos próprios vídeos também passarem a poder a ser apenas ouvidos e sem o ecrã ligado – quase tudo deverá ser testado primeiro em iOS, para iPhone.
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Aceda a todos os episódios do Made in Tech (sobre criptomoedas; exploração espacial; guerra Austrália-Facebook com entrevista ao pai do código australiano; Clubhouse; ciência na pandemia; impostos digitais com Margrethe Vestager; ensino à distância): dinheirovivo.pt/podcast/made-in-tech
Como vai funcionar? Passo a passo
O primeiro passo (para breve) será disponibilizar salas (Rooms) de conversas áudio com quem quisermos convidar – como acontece já com o vídeo -, mas que podem ser gravadas e publicadas desde logo como podcast. “Os criadores ou membros de grupos podem depois criar clips com destaques, por exemplo, com os Soundbites, para quem não tem tempo de ouvir a conversa toda” e “partilharem tudo isto na plataforma com os amigos de uma forma muito social e interativa”, explica.
A implementação completa vai durar vários meses, mas a francesa de 35 anos que está desde os 25 no Facebook e é já uma referência na empresa, admite mais entusiasmo com os Soundbites, clips pequenos de áudio que permitem uma espécie de filtros de som.
“Vamos usar avanços em inteligência artificial para remover o ruído de fundo de estivermos na rua, ou transformar a nossa voz na de um ET”, por exemplo, além de ser possível adicionar efeitos sonoros e música da biblioteca de sons, explica, admitindo potencial “inocente” para poemas, piadas, anedotas, etc.
A ideia é que se torne no que o TikTok fez para os vídeos (repetido depois no Instagram, no Reels), mas para o áudio. “Esta ideia de poder colocar um estúdio de gravação de áudio nos bolsos das pessoas é entusiasmante”, adianta a responsável que acredita que as novas ferramentas vão ajudar “a expandir a criatividade” na plataforma. O Facebook cria ao mesmo tempo opções para os criadores (de podcasts e afins) receberam donativos ou ativarem modelo de subscrição para quem os quer ouvir (no futuro poderão inclusive cobrar uma comissão sobre esse valor), algo não muito distante do que o YouTube fez com os seus criadores em vídeo.
A Apple lançou esta semana a opção dos criadores ativarem subscrição mensal paga nos seus podcasts (cobra um valor anual fixo de 45 euros) e esse é o modelo de negócio do Clubhouse, que não quer ter publicidade, no que parece uma guerra no áudio peculiar na qual o Twitter já está envolvido, tal como o Spotify (agora com a ajuda do Facebook) – em breve deve chegar ao LinkedIn.
Áudios incluídos nos perfis e partilháveis
A implementação será ao longo de meses e também deve passar, no início, com a possibilidade de integrar podcasts já existentes no Facebook (por RSS feed), incluí-los nos perfis e página de cada um e partilhá-los até porque o objetivo é sempre “manter as pessoas ao máximo na app e não terem de sair para ouvir um podcast”. Fidji Simo admite que já existiam 170 milhões de pessoas ligadas a páginas de podcast no Facebook, daí que “estes lançamentos sejam uma evolução natural para dar resposta a algo que as pessoas já faziam”. Os links de podcasts do Spotify – com quem o Facebook tem uma parceria – também passam a poder ser ouvidos num mini-player dentro da app.
Negócio voa à boleia dos anúncios mais caros
O modelo de negócio atual do Facebook – com 2,86 mil milhões de utilizadores mensais – também ganha com estas funcionalidades. Quanto mais tempo se passa na rede social, mais ganhos com a publicidade direcionada para a empresa, que viu as receitas em publicidade dispararem 48% neste último trimestre (mais de 26 mil milhões) e os lucros de três meses aumentarem em 94% (9,5 mil milhões de dólares), muito graças ao aumento do preço por anúncio (em 30%).
Sobre as questões de segurança e possíveis violações da política da empresa (com discurso de ódio, por exemplo), o Facebook já as tem disponíveis para os vídeos e irá alargar ao áudio, admitindo que muito desse trabalho já está feito pela área do Facebook AI, que é muito forte na análise de áudio pelos sistemas de inteligência artificial.
Em implementação também estão as ferramentas para se ver facilmente as atualizações do Mural sem influência do algoritmo (cronologicamente ou só alguns amigos) e as maiores limitações aos comentários.
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