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A maioria das pessoas tem uma ideia preconcebida sobre o que esperam que façam no ambiente em que os inserem. Resumindo, existe uma ideia generalizada que o grave produzido por um subwoofer deve ser ouvido, e, acima de tudo sentido.
Se isso pode até ser desejável numa utilização em ambiente de discoteca, concerto ao vivo, ou cinema em casa, já na reprodução musical, num sistema estéreo de dois canais doméstico, a integração de uma unidade de graves quer-se tão discreta quanto possível. O que por vezes não é fácil de conseguir.
Subwoofers há muitos, com propostas da maioria dos fabricantes de colunas de hi-fi, e apesar de o seu formato não variar muito (cubos de maiores ou menores dimensões) há uma característica que distingue os produtos deste fabricante de todos os outros: são construídos para serem integrados em sistemas de alta fidelidade e a REL só fabrica unidades de grave. Já o faz há mais de trinta anos e tornou-se especialista naquilo que para as outras marcas é só mais um produto para ter no catálogo.
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Os puristas do áudio de dois canais em estéreo costumam ter uma relação difícil com os subwoofers porque a sua integração no sistema e afinação, requer tempo e paciência. Ao contrário daquilo que outras marcas já oferecem: sejam pequenos ecrãs no equipamento ou aplicações para configurar o subwoofer a partir do smartphone, nas unidades de grave da REL tudo é feito manualmente.
O T/5x é a proposta da REL a seguir ao pequeno Tzero MKIII, o sucessor do famoso Quake. É um cubo selado e tem aproximadamente 30x30x30 cm, o que faz com que seja fácil de acomodar numa sala até 25 m2. Tem quatro pés metálicos na parte inferior, onde também está o altifalante feito com um composto de fibra de papel e alumínio com 20 cm que “dispara” para baixo. Só existem duas opções de cor: Branco lacado de alto brilho ou Preto piano lacado. Aplicadas em cinco camadas que resultam num acabamento digno da pintura de um automóvel de luxo, mas que condiciona o seu manuseamento sobretudo na opção em preto, que se torna muito suscetível a marcas de dedadas e pó.
O fabricante continua a acreditar na qualidade superior da amplificação analógica ao instalar no T/5x um amplificador com 125 watt em classe A/B. O painel traseiro é dominado por um enorme dissipador de calor, e é onde se encontram os controlos de volume, de inversão de fase, e para ajustar a frequência de corte do crossover entre os 30 Hz e 120 Hz. A marca vende o acessório “Arrow” para quem prefira uma ligação sem fios, mas como tanto o transmissor como o recetor precisam de alimentação, não nos parece uma solução muito prática. É ainda no painel traseiro onde se encontram as ligações para o sistema de alta fidelidade, e onde a abordagem da REL difere dos outros fabricantes: para além das entradas LFE para cinema em casa, e “Low Level”, que permitem ligar a um pré-amplificador ou a um amplificador integrado, existe uma entrada “High Level”, na forma de um conetor “Speakon”, cujo cabo vem incluído e na outra ponta se liga diretamente à saída das colunas.
Ora a REL diz-nos que esta é a forma de conseguir uma integração perfeita no nosso sistema, uma vez que é exatamente o mesmo sinal que chega às colunas que é utilizado pelo amplificador do T/5x. Assim, foi desta forma que o ligámos para o nosso teste.
Realçamos que os controlos não têm escala, a única referência ao rodar os botões são 40 “clicks”, tanto para o crossover entre os 30 Hz e 120 Hz, como para o volume. Por isso significa que vão haver algumas deslocações entre o subwoofer e o ponto de audição para acertar a afinação. Começámos com o indicador do botão do crossover no meio, o que deverá representar 60 Hz, o que estaria acima da frequência das colunas que começam nos 46 Hz, a mesma coisa para o volume, e como indicado, colocámos o T/5x num canto da sala à nossa frente.
A primeira impressão foi de que parecia de facto existir uma sobreposição de frequências entre o subwoofer, e as colunas. Rodámos 5 “clicks” para menos no crossover e melhorou. Já a “fase” foi preciso ajustar para 180 graus para ficar a trabalhar em uníssono com as colunas, mas a integração ainda não estava lá. Decidimos mover o REL para a junto da coluna direita, colocando-o do lado interior. Pronto! Tivemos um momento “eureka”, temas que conhecemos intimamente ganharam um palco e expressão que não tínhamos escutado até aqui apenas com as colunas.
O álbum Pretzel Logic da banda Steely Dan foi o primeiro disco em que na sua gravação os músicos utilizaram uma unidade de graves. Infelizmente na altura o único formato existente era o vinil, que em conjunto com os sistemas de alta fidelidade domésticos da época não eram grande coisa a reproduzir graves. O REL T/5x permitiu um vislumbre da intenção da banda, sobretudo nos temas ” Rikki Don’t Lose That Number” e “Pretzel Logic” que dá nome ao álbum.
Ao longo das semanas de teste fomos ajustando o volume até ficar ao nosso gosto, e qualquer género musical que escolhêssemos ouvir, o T/5x adicionava sempre algo que julgávamos não existir na gravação, sendo possível reconhecer a sala de espetáculos, o bar-concerto, a igreja, ou o estúdio onde fora feita. Fechando os olhos era quase possível andar entre os músicos na interpretação de “La Traviata: Prelúdio para o Ato III” pela Orquestra da Royal Opera House, dirigida por Sir Georg Solti.
Depois de devolvermos o REL T/5x, o nosso sistema continuou a tocar, mas ao fechar os olhos foi difícil gerir o sentimento de falta de algo que não se vê.
Características Subwoofer REL T/5x
Potência: 125 Watt
Resposta em baixas frequências: 32 Hz @ -6dB
Ganho: 80dB
Fase: 0° – 180°
Entradas: Neutrik Speakon, RCA, LFE
Peso: 14,3 kg
Preço: 799 euros
www.delaudio.pt
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