//Renováveis, lítio e inovação: a receita Galp para atingir zero emissões

Renováveis, lítio e inovação: a receita Galp para atingir zero emissões

Se há uns anos o negócio da Galp estava 100% dedicado ao petróleo, hoje afasta-se cada vez mais dessa vertente e a melhor prova desse novo enquadramento, já experimentado nos anos mais recentes, foi o anúncio de Andy Brown, em novembro, de que a companhia não faria mais pesquisa ou prospeção de petróleo. “Queremos estar na frente e não ser empurrados pela sociedade e pela regulação”, anunciou o CEO, sem margem para recuo. Mas a mudança na estratégia implica alterações radicais na companhia. Para perceber o que mudou e o novo caminho que vai ser trilhado, o Dinheiro Vivo conversou com Teresa Abecasis, administradora da Galp com o pelouro do negócio comercial. E a chief operating officer commercial revela que “há um compromisso absoluto em termos do desenvolvimento, da inovação e das novas soluções que vão permitir regenerar o futuro de uma forma sustentável”.

“A transformação faz-se ao mesmo tempo que garantimos que os nossos clientes continuam a acrescentar valor, a ter os seus processos produtivos, e que as famílias continuam a ter qualidade de vida, a ter conforto nas suas casas e na sua mobilidade”, diz a administradora da companhia. Mas agora com soluções mais amigas do ambiente. Quer isto dizer, “com menos carbono e menos emissões de CO2”.

Naturalmente, conforme refere Teresa Abecasis, esta é uma transformação a longo prazo. Não se passa de uma petrolífera pura e dura para uma empresa de energias renováveis do dia para a noite. “Há vários anos que a empresa está a investir nas energias renováveis e somos mesmo pioneiros na mobilidade elétrica”, lembra, acrescentando que “desde 2010 que estes temas são trabalhados na Galp”.

“No último ano, porém, as coisas aceleraram bastante”, reconhece a responsável. Em quê exatamente? Na energia solar, por exemplo, onde a empresa é já o terceiro maior player da Península Ibérica, com uma capacidade instalada em operação superior a 1 GW. Essa é, aliás, uma das principais apostas da organização e umas das áreas onde incide a sua expansão. “No ano passado entrámos no Brasil, com um projeto de 600 megawatts” e a ideia da Galp é não só continuar a crescer em Portugal, Ibéria e Brasil, mas também “olhar para outras regiões do mundo onde pode estar presentes com energias renováveis”. A empresa ambiciona atingir 4 GW em operação nos próximos três anos e triplicar essa fasquia até 2030.

Nesse quadro, firma-se a apresentação, já neste arranque de ano, da Galp Solar, marca que resulta da subsidiária ei-energia independente, lançada há um ano para desenvolvimento e comercialização de sistemas solares fotovoltaicos para autoconsumo. Contando já com 4 mil clientes empresariais e domésticos em Portugal e Espanha, a Galp Solar vai concentrar toda esta oferta e gerir o portefólio de energia fotovoltaica, que representa já uma potência instalada superior a 11 megawatts, permitindo uma redução de 98 mil toneladas de CO2.

O caminho das renováveis tem-se revelado uma boa aposta, mesmo com a quebra de 48% na geração de energia verde no último trimestre do ano, face ao período anterior, “efeito sazonal das horas de luz solar”. Nesta semana, num trading update enviado à CMVM, a Galp comunicou um aumento de 26% da geração de energia renovável face ao mesmo período de 2020, tanto nas capacidades detidas a 100% pela empresa como naquelas em que detém apenas uma participação.