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Em Portugal, já são 14 estações de serviço da Repsol que contam com combustível 100% renovável e esperam ter mais uma até ao final do ano. “Começamos com o diesel 100% renovável este ano e por questões legais só está disponível para clientes que tenham cartão frota. Alguns dos nossos clientes têm depósitos próprios e outras empresas não, mas utilizam os nossos cartões Solred para poder abastecer na rede onde está disponível este combustível”, explica Rosa Veiga, responsável do Laboratório Repsol Portugal durante uma recente visita à Repsol Technology Lab (Madrid).
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A companhia tem mais de 150 parcerias, entre elas acordos com empresas como Coca-Cola, IDL e DPD e com operadores logísticos como Atlantic Cargo, HAVI, Transportes J Amaral e Transportes Florêncio Silva. Muitas destas empresas utilizam estes combustíveis porque “necessitam da confirmação de que a movimentação que fazem das suas viaturas não penaliza o ambiente”, acrescenta Veiga. O feedback dos clientes “é positivo, não há nenhuma incidência nem problemas técnicos. Temos armazenagem e distribuição própria”, sublinha a responsável do laboratório.
Nuno Soares, gestor de Produto de Combustíveis Renováveis na Repsol Portuguesa afirma que os clientes procuram este produto, há cada vez mais consciência, e em relação à possibilidade de ser o consumidor final a comprá-lo, “esperamos que seja possível num futuro não muito distante”. Cada país tem autonomia para transpor a normativa europeia e enquanto em Espanha está permitida a venda ao consumidor particular, em Portugal não. “Pode estar relacionado com o parque automóvel envelhecido e uma proteção ao cliente final que desconhece o produto”, sublinha Rosa Veiga.
A Repsol Portugal já fez algumas diligências e “sensibilizamos as autoridades”, porque os objetivos para a descarbonização crescem e “não se podem cumprir se não entrar o biocombustível”, diz a responsável. Com a transposição da última normativa “tenho esperança que a situação mude. Muitas das coisas vão alinhar-se com Espanha, faz sentido, e também com outros países europeus”. Depois, será necessário “sensibilizar a população” para promover o seu consumo. O seu valor é similar ao do combustível “e+” e espera-se que possa receber ajudas da União Europeia para baixar o preço.
Repsol prepara o arranque em Cartagena (Múrcia) da primeira fábrica dedicada exclusivamente à produção de biocombustíveis avançados na Península Ibérica.
Segurança no abastecimento
Em Portugal, a meta energética de incorporação de biocombustível para 2023 e 2024 é de 11,5% em teor energético. Indica que 11,5% da energia que a Repsol vende tem que ser feita a partir de biocombustível”, esclarece a responsável do laboratório em Portugal. Este biocombustível 100% renovável começou a ser vendido em abril de 2023 e ainda não há dados oficiais das vendas. Pode ser usado por todos os motores diesel recentes que aceitem as referências XTL ou EN 15940.
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Um dos fatores que a Repsol lembra é que são totalmente compatíveis com os combustíveis fósseis, o motor não o nota, “o importante é que o cliente final tenha a segurança do abastecimento”, acrescenta Veiga. A principal vantagem dos combustíveis renováveis é que são zero emissões líquidas e contribuem para combater as alterações climáticas. “A utilização dos combustíveis renováveis permitirá ampliar as alternativas tecnológicas de redução de emissões no setor dos transportes, de forma a que os condutores possam escolher a solução de motorização mais adequada às suas necessidades”, salienta a empresa.
Até agora a Repsol comprava este biocombustível a outros produtores que “no laboratório de Lisboa é testado para ser validado antes de ser posto à venda”, explica a responsável. A função do espaço lisboeta é o controlo de qualidade, “fazemos a validação das especificações nacionais. Simulamos também misturas no laboratório para ver que corre tudo bem e recolhemos amostras aleatórias para validar a qualidade”, acrescenta. No laboratório de Madrid, onde trabalham 250 investigadores, a grande aposta é a pesquisa, a validação das fórmulas e a transposição para a escala industrial.
A companhia começou antes a incorporar biocombustíveis nos combustíveis líquidos rodoviários da marca. Em Portugal, em 2022, foram mais de 100 000 m3, que permitiram reduzir cerca de 264 quilotoneladas de CO2 no setor da mobilidade e contribuir, assim, para a descarbonização do transporte rodoviário em Portugal. “Os combustíveis renováveis cumprem com os mesmos padrões de segurança e com a reconhecida qualidade dos restantes combustíveis da Repsol. Foram concebidos no Repsol Technology Lab com uma formulação exclusiva que assegura a máxima proteção e rendimento dos motores”, explica a companhia. Estão a dar passos decisivos para aumentar a capacidade de produção de combustível 100% renovável, até atingir 1,3 MT em 2025 e mais de 2 MT em 2030.
O próximo grande marco da empresa é o arranque da primeira fábrica dedicada exclusivamente à produção de biocombustíveis avançados na Península Ibérica, em Cartagena (Múrcia) e será uma das primeiras do seu género na Europa. Terá uma capacidade de produção de 250 000 toneladas por ano, produzidas a partir de vários tipos de resíduos, principalmente óleos alimentares usados e resíduos da agricultura e da indústria alimentar. Está previsto que esta fábrica abasteça as bombas de Portugal e já não seja preciso importar o biocombustível.
Combustíveis marítimos
Um dos grandes desafios na descarbonização está no setor náutico onde a legislação é mais confusa e os proprietários das embarcações não sabem bem os passos que devem dar. A Repsol realizou recentemente um projeto-piloto com a Administração do Porto de Lisboa (APL) e durante uns meses três das suas embarcações foram atestadas com biodiesel. “Monitorizamos as embarcações. A própria marca dos motores validava o produto que contava com misturas mais ricas. O resultado tem sido positivo, e acabado o projeto, continuam a abastecer-se com este biodiesel”, explica Rosa Veiga. Quando existem metas para reduzir as emissões, o seu consumo é mais simples de promover, considera.
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