//Restaurantes às moscas, hipers com perdas de 20% de faturação

Restaurantes às moscas, hipers com perdas de 20% de faturação

É um cenário desolador aquele com que Daniel Serra se depara quando vai a um dos seus restaurantes. Os espaços, em centros comerciais, estão abertos. Clientes nem vê-los. “As zonas de restauração estão praticamente às moscas. Estão a acontecer faturações nunca vistas, residuais. Quando digo que a saúde mental dos empresários é muito débil é justamente pelos compromissos todos que temos, olhamos para os nossos colaboradores que estiveram sempre connosco e não sabemos o que fazer. Eles não têm nada para fazer e nós não temos dinheiro a entrar e só temos dinheiro a sair”, diz Daniel Serra. Resultado: “Tinha 6 colaboradores e tive que reduzir”. Desde março, enfrenta quebras de faturação na ordem dos 80%. Na Grande Distribuição o fecho às 13h nos fim de semana significa perder mais de 20% de uma semana de faturação.

As novas medidas de restrição anunciadas pelo Governo, que abrangem a partir de segunda-feira 191 concelhos, foram recebidas por Daniel Serra com um misto de choque – “restauração foi o setor mais afetado” – e de desilusão. “O governo anuncia medidas restritivas de forma muito criativa”, mas “não tem tido a mesma criatividade apresentar apoios”, atira o também presidente da associação Pro.Var. “Esperávamos algo robusto e com significado”, diz. Não foi o caso. Veio “fora de tempo, devia ter sido conhecido logo quando foram conhecidas as restrições”, com um “forma de cálculo feita para atribuir a menor indemnização possível”.

“O que só poderá ser por erro, de outro modo é inaceitável e até provocador”, diz indignado Daniel Serra, lembrando que em 10 meses, os restaurantes estiveram um 1/4 do tempo fechados e os dos centros comerciais, que só abriram em junho, mais tempo ainda.