//Reviravolta no Novo Banco gera preocupação na banca e nos investidores

Reviravolta no Novo Banco gera preocupação na banca e nos investidores

O choque foi total. A aprovação no parlamento da anulação de novas transferências de fundos públicos para o Fundo de Resolução fazer injeções de capital no Novo Banco causou uma onda de choque sentida em várias frentes. Além do próprio Novo Banco, o sistema bancário português pode ser afetado negativamente pela decisão confirmada ontem. Segundo o secretário de Estado das Finanças, também começaram a chegar ao ministério perguntas sobre o futuro do Novo Banco. “Portugal assumiu compromissos perante a Comissão Europeia e já estamos a receber questões sobre a transferência ser menor do que o previsto, vamos gerar incerteza no Banco Central Europeu sobre a possibilidade real de o Novo Banco incumprir os rácios”, disse João Nuno Mendes no Parlamento.

Também o Banco de Portugal foi questionado sobre o tema. E a agência de notação financeira DBRS Morningstar está a seguir o assunto com atenção. “A DBRS Morningstar continuará a acompanhar a evolução legislativa em Portugal e as implicações para o NB e para o sistema bancário português no seu todo. A DBRS Morningstar atualmente avalia a dívida de longo prazo do NB em B (alto) com uma tendência negativa”, indicou numa análise divulgada ontem ao início da noite.

“Esta notícia foi inesperada e representa desafios para o Novo Banco, pois cria incerteza para o capital do banco e o plano de redução de riscos em andamento, além de aumentar o potencial de litígio”, adiantou.

Para Pedro Lino, presidente executivo da Optimize Investment Partners, “este é um jogo perigoso, numa altura em que Portugal precisava de medidas de longo prazo que ajudassem a captar investimento estrangeiro para os próximos anos”.

Tempestade inesperada

No centro da polémica está a proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda, que acabou por ser aprovada, que recomenda que o Governo “não mobilize mais recursos públicos para o Fundo de Resolução no âmbito do financiamento do Novo Banco sem que sejam conhecidos e devidamente analisados, inclusive pelo Parlamento, os resultados da auditoria à gestão do Novo Banco”.