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A Riopele, que está a terminar um ciclo de investimento de 35 milhões de euros, desde 2012, para se tornar na fábrica “mais moderna da Europa”, acaba de estabelecer novas metas ambientais e de sustentabilidade. A têxtil de Pousada de Saramagos que 80% dos seus produtos sejam sustentáveis, até 2025, através do recurso a matérias-primas recicladas e amigos do ambiente nas suas coleções e quer que, até 2027, toda a sua energia elétrica seja proveniente de fontes renováveis.
“Na Riopele, a sustentabilidade não é uma tendência, é uma forma de estar desde sempre. Quando comecei a trabalhar na empresa, em 1979, já tínhamos em curso projetos que visava, a conservação de água e a eficiência energética”, diz José Alexandre Oliveira, CEO da empresa, que acrescenta: “Agora, é perceptível uma maior pressão social a nível internacional par todo este tema, o que obriga as principais marcas de moda a procurarem produtos sustentáveis junto das empresas têxteis. E, tal como no primeiro dia, procuramos estar sempre na vanguarda”. Cerca de 45% de tudo o que faz são produtos sustentáveis; a meta é chegar aos 80% já em 2025.
Nos últimos cinco anos, a empresa reduziu o seu consumo energético na ordem dos 16%, não só através da instalação de uma central solar fotovoltaica, mas também mediante a compra de equipamentos industriais com maior eficiência energética. Só os painéis solares vão permitir reduzir em quase 700 toneladas as emissões de CO2 ao ano. Uma outra forma de olhar para a coisa é ver que, nos últimos cinco anos, a Riopele cortou em 13% as emissões de CO2 por cada metro de tecido produzido.
Atualmente, 48% da energia que a Riopele consome é proveniente de fontes renováveis, mas José Alexandre Oliveira acredita que, “dada a evolução que está a ser registada no setor energético, nomeadamente com fortes investimentos empresariais, será perfeitamente possível à Riopele consumir apenas eletricidade verde em 2027”.
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Mas foi na poupança de água que a têxtil deu alguns dos seus primeiros passos mais significativos para diminuir o seu impacto ambiental. Hoje, em média, 55% da água que usa é reciclada, o que significa a recuperação anual de 490 metros cúbicos de água ao ano. Além disso, tem um colector central de águas pluviais instalado nos telhados dos seus pavilhões industriais e que abastecem 2% da água consumida nos processos de fabrico.
No final do ano, a Riopele termina o plano de investimento de 35 milhões, que iniciou em 2012, essencialmente centrados na digitalização e na sustentabilidade. Mas tem já novos projetos em vista.
“Temos em curso uma candidatura em consórcio europeu, numa iniciativa coordenada pelo Cluster Têxtil, que pretende demonstrar novas soluções territoriais de economia circular para o setor têxtil. Estamos, ainda, a concluir um projeto de investimento, designado Textiles4Life, para responder aos novos desafios e exigências da sustentabilidade e digitalização. Além disso, estamos a estabelecer parcerias a nível internacional, no sentido de aprofundarmos a possibilidade de desenvolvimento de novos produtos no segmento têxtil técnico”, diz José Alexandre Oliveira, que sublinha: “O investimento da Riopele nesta área é contínuo”.
Ao nível da inovação, destaque para os tingimentos naturais e altamente inovadores, tendo por base o recurso a resíduos de romã, amêndoa e acácia. Não menos inovadores são os acabamentos naturais aplicados nos tecidos para promover o bem estar de quem os vai usar. É o caso da incorporação dos ingredientes ativos da aloé vera e do canabidiol nos tecidos, sendo que “o primeiro ajuda a pele hidratada e o seu equilíbrio natural, enquanto o segundo potencia a redução dos níveis de stress, ajudando o corpo a relaxar”.
Fundada em 1927, a Riopele é uma das mais antigas empresas têxteis portuguesas e que hoje dá emprego a 1.039 trabalhadores, com uma idade média de 41 anos. Aliás, só na última década, reforçou os seus quadros com quase duas centenas de pessoas. E ao contrário do que é tradição no mundo empresarial português, na Riopele 43% dos quadros femininos assumem cargos de liderança. É uma empresa de cariz familiar, fundada pelo avô do atual presidente e único acionista da têxtil, e que, em 2020, faturou 62 milhões de euros, contra os 79 milhões do ano anterior. Mas 2020 assegurou um marco importante: a empresa atingiu o sétimo ano consecutivo de resultados líquidos positivos.
Presente em mais de 30 mercados, para os quais exporta 95% da sua produção, a Riopele tem em base de 700 clientes, entre os quais se contam grandes marcas como a Massimo Dutti, o El Corte Inglès ou a Zara. Mas José Alexandre Oliveira não arrisca apontar perspetivas para 2021. “Admitimos que seja já um ano de alguma recuperação dos principais indicadores, mas, face a um conjunto de indefinições e incertezas no plano internacional que ainda vão subsistindo, não ouso traçar uma meta até final do ano”, frisa.
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