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Os trabalhadores do setor privado, com um salário base médio mensal bruto de 980 euros, podem perder 44 euros por mês, em 2023, pelo facto de os aumentos de 2,8% previstos pelas empresas não acompanharem a inflação que, este ano, se fixará nos 7,4%, como já anunciou o primeiro-ministro, António Costa. Já o salário mínimo deverá progredir 6% de 705 para 750 euros, tal como definido pelo governo. Ou seja, a distância entre a remuneração mínima e a média é cada vez mais curta, contrariando as metas do executivo.
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Um estudo da consultora Mercer, subsidiária da Marsh & McLennan, divulgado hoje, revela que “a previsão média para os incrementos salariais para 2023 ronda os 2,8%, o que se traduz numa ligeira subida de 0,5% face ao perspetivado em 2021 para 2022 (2,3%)”. Trata-se, ainda assim, de aumentos bem abaixo da inflação de 7,4% para este ano.
O DN/Dinheiro Vivo fez as contas às perdas salariais para uma remuneração base média mensal bruta – sem descontos, subsídios, prémios ou outras regalias – que, no setor privado, atingiu os 980 euros em junho, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Assim, se se aplicasse um aumento de 7,4%, em linha com a inflação, a um salário de 980 euros, o trabalhador receberia 1052 euros mensais, isto é, mais 72,50 euros. Com uma subida média de 2,8%, o vencimento crescerá apenas 27,40 euros para 1007 euros, ou seja, uma diferença de 44 euros. Esta perda junta-se a uma outra já registada em junho, de 4,7%, segundo o INE, uma vez que a inflação do segundo trimestre foi de 8% e o crescimento homólogo dos ordenados foi de apenas 3,3%.
Primeira reunião com os parceiros sociais para o Acordo de Rendimentos deverá realizar-se no dia 21. Governo poderá propor uma baixa de IRC para quem subir ordenados.
Ora, o primeiro-ministro, António Costa, tem defendido um aumento de 20% do salário médio para os próximos quatro anos. Resta saber que medidas o executivo irá tomar, no âmbito da concertação social, para atingir essa meta. O Acordo de Competitividade e Rendimentos deveria ter ficado concluído em julho, mas acabou por ser adiado para este mês. A primeira reunião com os parceiros sociais deverá realizar-se na próxima quarta-feira, dia 21, apurou o DN/DV junto de fonte oficial do ministério do Trabalho. Uma das propostas do governo, a apresentar a patrões e sindicatos, poderá passar por atribuir benefícios fiscais, em sede de IRC, para os empregadores que aumentarem os ordenados dos seus trabalhadores, sabe o DN/Dinheiro Vivo.
Relativamente a contratações, o inquérito “Total Compensation 2022” da Mercer, que analisou 160 076 postos de trabalho de 527 empresas estabelecidas no mercado português, “apresenta um cenário onde cerca de 43% das empresas assumiram aumentar o número de colaboradores ainda este ano, mas apenas 31% assumem, para já, manter esse crescimento para 2023”. Mais de metade (53%) admite dificuldade em reter profissionais, particularmente nas áreas de Engenharia, Tecnologias de Informação e Vendas e Marketing. “A situação macroeconómica parece não oferecer confiança às organizações para planear e assumir crescimento a médio prazo”, conclui Marta Dias, Rewards Leader da Mercer Portugal.
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