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Compensação mínima de 1,4 meses por ano de antiguidade na banca e tendo em conta todo o vencimento, valor equivalente ao subsídio de desemprego, manutenção do regime de saúde dos bancários SAMS a todos os sindicalizados e seguro de saúde para os que a este não puderam ter acesso. Estas são algumas das condições que o Santander ofereceu aos 455 trabalhadores que aceitaram negociar a saída do banco, num processo de reestruturação que se prevê que chegue a cerca de 680 pessoas.
Ao Dinheiro Vivo, fonte da instituição financeira revelou que as condições oferecidas pelo banco liderado por Pedro Castro e Almeida foram “muito além do que a lei prevê”, sendo construídas em estreita negociação com os sindicatos bancários e permitindo-se assim a saída voluntária de muitas centenas de pessoas com melhores condições do que as possíveis em contexto de despedimento coletivo.
Antes de avançar com a fase de despedimento coletivo, que permitirá ao banco atingir os valores definidos para esta reestruturação, já que duas centenas de trabalhadores não avançaram para processos de saída voluntária, o banco continuará porém, até ao último dia, disponível para negociar novas adesões aos programas, de forma a garantir soluções de mútuo acordo para o máximo possível de colaboradores.
Entre as condições a que os que optaram por rescisões voluntárias tiveram acesso, contavam-se ainda outros benefícios – como reformas em todo o plano de reestruturação para colaboradores a partir dos 55 anos, licenças retributivas para os nascidos em 1967, com acordo para a reforma no próximo ano, um pacote único de medidas de apoio na saída (incluindo manutenção de quase todas as condições de produtos e serviços financeiros e não financeiros previstos para colaboradores) e oferta de um outplacement feito à medida e prolongado no tempo, explica a mesma fonte.
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O objetivo da administração do Santander era evitar ao máximo a tomada de posições unilaterais, sabe o Dinheiro Vivo. Avançar para um despedimento coletivo implicará valores legais e custos de processos que têm como consequência a redução das propostas oferecidas aos colaboradores. Pelo que o Santander preferiu ir conduzindo o processo em diálogo com os sindicatos do setor, inclusivamente aprovando, “a seu pedido, dois planos voluntários gerais durante o ano para qualquer colaborador poder solicitar a sua saída”, acrescenta a mesma fonte bancária, ao Dinheiro Vivo.
“O desejo do banco continua a ser o de chegar a acordo com maior número possível de colaboradores. A rescisão unilateral é sempre a última opção”, afirmou fonte oficial logo que anunciou os resultados dos processos de rescisão abertos nesta reestruturação, há pouco mais de uma semana. E essa mantém-se a prioridade, assegura a fonte contactada pelo Dinheiro Vivo, que explica ainda que foram desenvolvidos esforços adicionais como a ponderação de uma centena de casos de “situações de vulnerabilidade extrema” – tendo havido inclusivamente pessoas retiradas das listas – e a aprovação de dezenas de medidas complementares para trabalhadores em maior fragilidade (extensão de outplacement, apoios a filhos menores, a universitários…).
Sindicatos respondem com dia de greve
Reunidos com o Santander nesta quinta-feira, os sindicatos da banca já decidiram alargar ao banco a greve de 1 de outubro já convocada para os trabalhadores do BCP – que na semana passada anunciou a intenção de despedir 62 funcionários -, caso a instituição liderada por Pedro Castro e Almeida insistisse no despedimento coletivo.
Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores aos seus quadros, que se somam aos cerca de 15 mil postos de trabalho cortados entre 2009 e 2020, sendo BCP e Santander os que têm processos mais agressivos, envolvendo o recurso ao despedimento coletivo se não forem atingidos os objetivos de reestruturação pela via das rescisões voluntárias. Movimento que levou a uma união inusitada entre os sindicatos da banca, que pela primeira vez se juntaram em protesto e apelaram já a governo e Presidente da República para que se trave politicamente o que não estão a conseguir parar no terreno.
Os sindicatos têm acusado os bancos de “repressão laboral” e de “chantagem para com os trabalhadores”, acusações que o setor nega em absoluto.
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