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O presidente executivo do Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida garantiu ontem que o processo de reestruturação do banco terminou em 2021, ano em que a instituição financeira viu o quadro do pessoal reduzir-se em 1175 trabalhadores, dos quais 49 por despedimento coletivo.
Estes números foram revelados por Castro e Almeida durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados da operação portuguesa do Santander em 2021. O banco pagou cerca de 260 milhões de euros pela reestruturação, sendo que uma boa parte dessa verba pagou indemnizações aos trabalhadores.
No final de 2021, o banco contava com 4805 funcionários, constatando-se uma redução assinalável face aos 5980 que integravam os quadros do Santander no final de 2020.
De acordo com o banqueiro, 96% dos trabalhadores saiu através de rescisões por mútuo acordo com o banco, ou por reforma antecipada ou pré-reformas, enquanto 4% não aceitou as condições apresentadas pela administração, sendo demitidos através de um despedimento coletivo.
“Acharam que através do tribunal podem ter melhores condições do que aquelas que o banco deu. Estavam no seu direito”, afirmou Castro e Almeida, dando conta que os 49 antigos funcionários que saíram no despedimento coletivo estão a contestar nos tribunais a decisão do banco. O gestor deu conta que oito providências cautelares contra o banco já foram interpostas, das quais quatro resultaram em decisões favoráveis para o Santander.
Pedro Castro e Almeida garantiu que a reestruturação ficou concluída em 2021, embora admita “um número pequeno” de saídas em 2022 através de reformas sobretudo, que poderão ser colmatadas com contratações “para a área digital”. A reestruturação de há um ano, segundo o banqueiro, visava também a prossecução da transformação digital da operação nacional.
No entanto, num horizonte de longo prazo, o gestor disse que o banco decidiu fazer a reestruturação toda de uma vez, porque tornar-se-ia “difícil” motivar quadros se a instituição enfrentasse “constantemente” reestruturações, pelo que nos próximos anos a expectativa é que as saídas de funcionários seja normalizada e haja saídas “naturais” de cerca de uma centena de trabalhadores.
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A saída de 1175 pessoas levou o banco a conseguir reduzir em 8,4% os custos operacionais, para 528,7 milhões. Só os gastos com pessoal caíram 13%, para 282,1 milhões.
A par da saída de recursos humanos, o processo de reestruturação também levou ao encerramento de 79 balcões do Santander, em Portugal. Agora, o banco tem apenas 348 dependências abertas.
Dividendo de 480 milhões relativo a 2019
A conferência de ontem serviu para o banco revelar que o negócio em Portugal obteve um lucro de 298,2 milhões de euros em 2021, mais 0,9% face ao ano anterior. Um crescimento ligeiro, apesar da margem financeira ter caído 7,3%, para 731,2 milhões, tendo em conta as baixas taxas de juro do Banco Central Europeu para a banca.
Este resultado, que continua a refletir impactos decorrentes da pandemia, vai permitir ao banco remunerar o acionista novamente. “O banco vai voltar ao pagamento de dividendos este ano”, revelou o administrador financeiro do Santander Portugal, Manuel Preto.
O banco não entregou dividendos referentes a 2019, 2020 e 2021, por opção, devido à pandemia. Mas, agora, com a situação menos incerta, o banco proporá na assembleia-geral de 28 de fevereiro o pagamento de um dividendo de “cerca de 480 milhões de euros”, referente aos lucros de 2019 (527,3 milhões de euros). Como não entregou dividendos antes, o banco acumulou capital e, agora, vai recomeçar pagar ao acionista (o grupo bancário espanhol Santander).
Quanto a 2020 e 2021, o banco ainda vai “avaliar” a situação e tomará uma decisão para o fim do ano.
“Oportunidade” para consolidação orçamental
Questionado sobre o recente resultado eleitoral, que deu uma maioria absoluta a António Costa, o CEO do Santander Portugal disse esperar que o momento reflita a “oportunidade” que há para “continuar a esta consolidação orçamental”.
Referindo que “há maior liberdade de execução face a um governo minoritário”. Castro e Almeida, apesar do histórico não ser “famoso”, espera que não se perca “uma oportunidade de curto prazo” de reduzir riscos. “Se chegarmos daqui a três anos com 115% ou 120% de dívida pública [face ao PIB], acho que vamos ter um problema”, alertou.
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