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Foi com sapatos portugueses que Alejandro Sanz, o cantor e compositor espanhol, compareceu no Passeio da Fama, em Hollywood, para a inauguração da sua estrela, na mais famosa calçada do mundo. Na cerimónia, Sanz usou umas sapatilhas da Nobrand, a marca do grupo Pedreira, de Felgueiras, e a publicação das imagens do cantor nas redes sociais fez disparar a procura pelo modelo em causa. Que entretanto já esgotou.
“Fomos apanhados de surpresa, mas foi muito bom. Logo no fim de semana, o modelo em causa esgotou na nossa loja online e estamos já a procurar fazer reposições”, explicou, ao Dinheiro Vivo, Sérgio Cunha, CEO da Nobrand. Sanz escolheu umas sapatilhas brancas do modelo Lab-Vintage da Nobrand, que combina couro, camurça e ‘nylon’, com uma sola bicolor em EVA e TR Trade. Tem um preço de venda ao público de 169,90 euros.
Luís Onofre, presidente da APICCAPS, a associação do calçado, diz que esta ação “é o resultado do esforço coletivo de promoção do calçado português nos mercados externos” e é o tipo de iniciativa que “coloca o calçado nacional num novo patamar de exigência”.
Não é de todo a primeira vez que uma estrela internacional usa calçado português, sendo sabido que nomes como Beyoncé, Oprah Winfrey, Pablo Alborán, Pippa Middleton ou Milena Smidt, a nova musa do cineasta Pedro Almodóvar, usaram sapatos made in Portugal em algum momento. Mais, parte do elenco da ‘Casa de Papel’, a série da Netflix, recorreu também a calçado português na sessão de apresentação da terceira temporada. E o ator sérvio Darko Peric, que interpreta o papel de Helsinki na série, é um apaixonado pela marca Nobrand.
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Este é o resultado do trabalho desenvolvido pela APICCAPS nos mercados internacionais, que contrata empresas de comunicação no exterior. Colômbia, Estados Unidos, Espanha ou França são alguns dos países onde conta com o apoio de empresas especializadas que procuram dar a conhecer o calçado made in Portugal a celebridades locais. “São iniciativas muito importantes para as marcas, que ajudam a dar-lhes visibilidade global”, reconhece Sérgio Cunha.
Fundada em 1988 e presente já em mais de duas dezenas de mercados, a Nobrand é a marca própria do grupo Pedreira, que dá emprego a aproximadamente 220 pessoas e deverá este ano faturar nove milhões de euros. Já vendeu mais, mas os efeitos da pandemia fizeram-se sentir. Pelo menos, embora de forma diferenciada nas várias unidades do grupo. A Nobrand, por exemplo, cresceu em 2020 e vai voltar a crescer este ano. “O negócio está a mudar e nós vamos fazer uma aposta muito séria na marca e no online. A covid-19 veio dar um empurrão enorme ao negócio digital e percebemos que temos de investir muito mais para conseguirmos atingir novos patamares e expandir o negócio”, avança o CEO da Nobrand, lembrando que, antes da pandemia, as vendas online não valeriam muito mais do que 3% e hoje já rondam os 12%.
Por outro lado, também o private label, a subcontratação da produção com a marca do cliente, está a crescer, designadamente à boleia de grandes marcas internacionais que haviam transferido as suas compras para o continente asiático e que, agora, estão de volta a Portugal. “As coisas estão a melhorar, nota-se que há um novo fôlego, estamos a colher bons frutos do mal dos outros. Os mercados asiáticos ainda estão meio fechados e os clientes estão a regressar a Portugal. Nota-se que há uma reorganização, o mercado está-se a recompor-se de uma forma muito interessante e viva. O preço é importante, mas já não é o fator primordial na compra”, refere Sérgio Cunha.
Mas nem tudo são boas notícias. A falta de matérias-primas começa a preocupar seriamente, bem como a falta de mão-de-obra. “Já há encomendas e trabalho. As matérias-primas já é mais complicado e os preços aumentaram imenso, mas é mesmo a falta de trabalhadores que nos preocupa mais. Precisávamos de empregar mais gente e não há”, sublinha o empresário. Que reclama do Governo uma solução a nível fiscal que permita baixar os impostos às empresas, relativos à mão-de-obra, de modo a que possam pagar salários mais altos, atraindo novos quadros à profissão. “Nos sapatos toda a gente ganha acima da média, mas precisamos de pagar mais, e não temos forma de repercutir isso no preço do calçado, porque ele já é caro qb como está”, sublinha.
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