Partilhareste artigo
Doce de abóbora e enchidos de Trancoso, Bolo de Mel da Madeira, Queijo da Ilha de São Miguel, vinho alentejano, frutos secos de Torres Novas. É do melhor que se faz em Portugal, metido num cesto e levado a quem se quer agradecer e recompensar, num ano em que as celebrações nos estão vedadas. O cabaz é valioso para quem o recebe e é um presente para quem lhe dá forma, num ano em que as quebras de vendas marcam brutalmente todo o tipo de negócios.
“Esta encomenda deu-nos um balão de oxigénio, foi uma boa ajuda de final de ano que veio melhorar números muito fraquinhos”, reconhece Pedro Schmidt, um dos três irmãos que lideram a Herdade Paço do Conde, Baleizão, de onde saíram os vinhos para os 5 mil cabazes que o Novo Banco enviou a colaboradores e clientes. Foi a fórmula encontrada pela instituição liderada por António Ramalho para dar uma mão aos produtores e um presente a quem não pôde reunir.
“Em 2020, a quadra festiva não será a que idealizámos. Em tempos de distanciamento social a proximidade e a convivialidade que habitualmente promovemos não poderão ter lugar, mas se não podemos estar fisicamente juntos, podemos e devemos assinalar a nossa união e celebrar com propósito um ano em que provámos uma vez mais que estamos à altura de qualquer desafio”, diz o banqueiro ao Dinheiro Vivo. “Por isso escolhemos transformar os jantares de Natal nesta oferta carregada de simbolismo. Porque somos o banco que ajuda Portugal a fazer, escolhemos cinco produtos das cinco regiões do país e criámos este cabaz, preparado por cinco clientes nossos, que simultaneamente demonstra a capacidade de nos reinventarmos e o nosso incondicional apoio àqueles que não se resignam e que, como nós, querem manter as suas portas abertas”, justifica António Ramalho.
Subscrever newsletter
Uma ação bem recebida e cujos efeitos são evidentes, conta ao DV Ricardo Adão, que gere a madeirense Ilhopan, que forneceu o Bolo de Mel. “Temos uma componente muito forte do turismo e sofremos os efeitos da pandemia; o ano terminará com uma quebra de 38%”, mas esta encomenda contribuiu para mitigar um pouco a quebra. “Neste mês, já recuperámos alguma coisa, estando agora a cair 30% em relação ao último dezembro.”
A vender um quarto do volume de negócios para fora da Madeira, sobretudo para Portugal continental e Inglaterra, Adão acredita que o arranque de 2021 ainda será difícil, mas o verão pode recuperar “a confiança e, com ela, o turismo”. Uma ideia partilhada por Schmidt.
Com grande foco na restauração e o canal Horeca a pique, a Herdade Paço do Conde teve perdas de 20% e “o Natal não ajudou, com toda a gente à espera de ver como seriam as festas para fazer encomendas”. Mas se a vacinação correr bem, o confinamento pode terminar e regressará o consumo. Neste momento, os vinhos têm conseguido aguentar-se graças às exportações: “Foi o que nos salvou; o mercado nacional caiu a metade, mas as vendas para fora, sobretudo Canadá, Brasil, Angola e Holanda cresceram e minimizaram o impacto da crise.”
António Plácido, administrador da Casa da Prisca, não poupa elogios à iniciativa do Novo Banco, que ajudou a montar. “Além do sinal bastante positivo que dá às empresas, sentimo-nos muito lisonjeados por termos sido incluídos no sortido de produtos e escolhidos para organizar a recolha, logística, montagens e entregas, uma operação de dimensão considerável, já que estamos a falar de 5 mil cabazes a chegar a todo o país, incluindo Madeira e Açores.” O reflexo nas vendas é “inquestionável” e “influenciou positivamente” os resultados. “Foi uma importante ajuda que o banco deu a uma empresa de média dimensão como a nossa, além de nos permitir chegar a mais pessoas e ganhar notoriedade”, diz o empresário que lidera a casa de doces e enchidos de Trancoso, que fechará assim o ano a crescer e com esperança num 2021 que reforce a tendência.
Também os frutos secos entraram e estão para ficar na dieta dos portugueses, assegura a CFO da Frusel, apesar da quebra de 30% no negócio. “Esta encomenda fez a diferença para nós, mesmo porque houve várias empresas a seguir o exemplo de oferecer cabazes a clientes, colaboradores e amigos”, reconhece Sara Mendes. “Ajudou mesmo a recuperar alguma coisa neste final de um ano difícil.”
Reconhecendo-se “um otimista com pés na terra”, António Pedro Escabeche reconhece o valor da iniciativa num ano de especial dificuldade. Para o representante da LactAçores e da Unileite (União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios de S. Miguel), este foi mais um passo na “parceria forte com o NB Açores, banco que tem uma postura de procurar permanentemente soluções connosco e os nossos associados para responder a necessidades do dia-a-dia”. “A construção de cabazes foi uma boa ideia, que abraçámos com orgulho e nos permitiu levar de Norte a Sul sabores e emoções dos Açores, através do nosso queijo da Ilha, um ex-libris, reconhecido internacionalmente” – que neste ano ganha duas edições limitadas, com curas de 18 e 36 meses.
Apontando criatividade e capacidade de reinvenção e adaptação como caminhos para evitar quebras maiores, António Pedro prevê um 2021 que será de “recuperação, desde que governantes e fatores decisores estejam focados, país unido, a sociedade seja proativa e todos estejam consciencializados do que é preciso para a retoma mais rápida”.
Um papel que António Ramalho assume na continuidade. “Desde a primeira hora da pandemia demonstrámos a nossa capacidade de adaptação, inconformismo e vontade inexorável de manter as nossas portas abertas. Colocámo-nos ao lado dos clientes e assumimos o papel de segunda linha de defesa no apoio à economia”, diz o CEO do NB, reforçando o empenho da instituição em ajudar quem faz.
Deixe um comentário