//Setor de revenda de combustíveis sente-se “atacado” com afirmações do ministro

Setor de revenda de combustíveis sente-se “atacado” com afirmações do ministro

A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) afirmou esta terça-feira que não é apenas o setor automóvel o visado com as declarações do ministro do Ambiente e Transição Energética. “O setor da revenda de combustíveis, que é tutelado pelo Sr. Ministro, sente-se ‘atacado’ com as afirmações do mesmo”, escreve a ANAREC em comunicado enviado às redações.

Em causa está a afirmação de João Pedro Matos Fernandes, em entrevista publicada na edição de segunda-feira do Jornal de Negócios, de que é “muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”.

“A ANAREC repudia de forma veemente as declarações efetuadas pelo Sr. Ministro do Ambiente, segundo as quais estaríamos perante a ‘erradicação’ das viaturas a diesel e, subsequentemente, do gasóleo enquanto combustível líquido”, pode ler-se na nota.

A associação de revendedores considera as declarações de Matos Fernandes injustificadas e sem fundamentação, acusando até o ministro de falta de preparação.

Lembrando que o setor de revenda dos combustíveis representa 3.500 postos de abastecimento, a ANAREC aponta também o impacto que as afirmações terão nestas empresas e trabalhadores.

“Para além de que a receita fiscal originada pelo setor dos combustíveis, entre os quais o gasóleo, representa cerca de 10% da receita do Estado”. A associação deixa questões a Matos Fernandes: como é que vai compensar o Estado pela perda desta receita? Através do aumento do custo da energia? Penalizando desta forma os consumidores em geral?

Não esquecendo a consciência ambiental crescente, a associação afirma que a fase de produção dos veículos elétricos e o seu abate polui mais do que os mesmos processos dos veículos a diesel. “Para além de que, a energia com que estes veículos são carregados provém ainda muito da queima de combustíveis fosseis, nomeadamente o carvão. Estes são factos que não chegam ao conhecimento dos portugueses”. A ANAREC lembra ainda que as últimas formulações para motores a diesel estão cada vez menos poluentes.

“A ANAREC não ignora, nem pode ignorar, que a transição energética é uma realidade e que deve naturalmente ocorrer, mas de uma forma gradual e faseada, para não prejudicar a economia, as empresas e o país em geral”, defende. A sugestão é uma “lógica de mix energético”, como são os casos do hidrogénio, da eletricidade e de combustíveis cada vez menos poluentes.

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