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A Sonae Arauco está determinada a fazer da reciclagem da madeira “um tema estratégico” e orientou os seus investimentos para honrar esse desígnio, com destaque para o de seis milhões de euros, na unidade de Oliveira do Hospital, e o de dois milhões, em Souselas. A ideia é aumentar a incorporação da componente reciclada nas suas produções, “sem nunca pôr em causa a qualidade”.
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A aposta surge da constatação de haver “falta de matéria-prima para suprir as necessidade de toda a capacidade instalada do setor”, em Portugal, refere o CEO, Rui Correia, reportando-se a dados do Centro Pinus relativos a 2022, quando se registou um défice de madeira de 50% para responder à procura industrial no país.
Desde paletes a embalagens usadas, mobiliário, portas, construções, resíduos urbanos, além das “sobras” da atividade da própria empresa, como placas, serrim ou estilha, tudo serve para alimentar esse segmento como matéria-prima a ser valorizada, com uma nova vida.
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Neste momento, a recolha dos materiais é feita em 11 centros da própria empresa, disponíveis em Portugal e em Espanha, através dos quais recebe resíduos de madeira de “centenas de entidades de todos os setores”. Essa operação “é complementada com mais de 600 contentores para recolha direta”, distribuídos pelos clientes, esclarece Rui Correia.
Na Alemanha, a empresa compra madeira reciclada aos operadores de gestão de resíduos. Para futuro, o objetivo é ” estender a rede de centros de reciclagem próprios na Península Ibérica, estando a ser equacionada “a possibilidade de replicar o modelo na Alemanha”, antecipa o gestor.
O modelo seguido “faz com que milhares de toneladas sejam reaproveitadas, evitando-se a sua queima ou a deposição em aterro”, tirando-se assim partido da característica singular da “madeira reciclada poder ser reintegrada no processo inúmeras vezes”, uma particularidade que Rui Correia classifica como “a verdadeira expressão de uma bioeconomia circular”.
É também uma faculdade que ganha ainda maior expressão se tivermos em conta a “notável” capacidade da madeira para reter dióxido de carbono, como assinala o gestor: “Ao prolongarmos o ciclo de vida deste material, estamos a assegurar que continua a desempenhar este seu papel”.
O presidente executivo da companhia destaca ainda a vantagem de a madeira reciclada “poder ser até 40% mais barata do que a verde”, sendo “geralmente mais seca”, o que se traduz num impacto positivo, por “contribuir para um menor consumo de energia durante a fase de secagem”.
As potencialidades do produto levam a Sonae Arauco a querer aumentar a incorporação de madeira reciclada para 85% no próximo triénio, no caso dos painéis de aglomerado de madeira que produz, bem como reforçar essa incorporação no processo industrial para as 775 mil toneladas até 2026, mais 19% face a 2021.
Além disso, por via de um dos projetos de investigação ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência, o EcoReFibre, prevê incorporar 25% de fibras de madeira reciclada em substituição de fibras virgens.
Neste momento, a empresa tem uma equipa especializada com cerca de 70 pessoas a trabalhar diretamente na reciclagem, área que tem vindo a ser desenvolvida desde a década de 90, segundo o CEO.
E é nesse contexto que surgem os investimentos em Oliveira do Hospital – para “uma nova linha de incorporação de materiais reciclados” – e em Souselas, para dotar o centro com “maior capacidade para integração da madeira usada para reciclagem”.
Apesar da escassez da matéria-prima, Rui Correia garante que “100% da madeira utilizada” na atividade da empresa “provém de fontes sustentáveis, de origem controlada ou certificada”, uma vez que a própria Sonae Arauco é também ela certificada de acordo com os padrões de floresta sustentável.
Nesse contexto, na Península Ibérica, a captura e produção de reciclados ainda representam 20% de toda a madeira consumida nas unidades do grupo, estando “empenhados em aumentar essa percentagem nos próximo anos”, conclui o gestor.
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