//Sonae com prejuízos de 75 milhões no primeiro semestre

Sonae com prejuízos de 75 milhões no primeiro semestre

Num semestre fortemente influenciado pela pandemia de covid-19, a Sonae atingiu prejuízos de 75 milhões de euros, justificado pelas provisões (non-cash) registadas nos primeiros três meses do ano e o valor inferior na avaliação dos ativos da Sonae Sierra, é avançado na comunicação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A empresa liderada por Cláudia Azevedo afirma ter tido um “desempenho muito resiliente em todos os negócios no primeiro semestre”, especialmente tendo em conta os meses de abril, maio e junho.

O volume de negócios consolidado cresceu 6% em termos homólogos, atingindo os 3136 milhões de euros no semestre. Na informação enviada à CMVM, a empresa clarifica que o desempenho semestral fica marcado por dois momentos: o confinamento e o pós-confinamento. “O período de confinamento, até meados de maio, foi marcado por um forte impacto na maior parte dos nossos negócios, positivo no caso do desempenho de vendas da Sonae MC e da Worten Portugal e condicionado, na Sonae Sierra, na Worten em Espanha e na Sonae Fashion, visto terem sido forçados a suspender as suas operações durante este período”.

No segundo trimestre o volume de negócios atingiu os 1584 milhões, mais 5% em termos homólogos. “O crescimento das vendas foi impulsionado pela rapidez na implementação de fortes medidas operacionais e pelo desempenho sem precedentes das vendas online, permitindo ganhos de quota de mercado na maior parte dos negócios, sendo de destacar o forte contributo da Sonae MC”, explica a empresa.

A empresa apresentou um EBITDA consolidado de 265 milhões de euros no primeiro semestre, sendo que no segundo trimestre foi de 128 milhões, “traduzindo um menor resultado pelo método de equivalência patrimonial da Sonae Sierra e da ISRG”.

Ao longo dos últimos 12 meses a empresa destaca também a criação de 1500 novos postos de trabalho na área alimentar.

Na comunicação à CMVM, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, afirma que “o segundo trimestre de 2020 foi seguramente um dos trimestres mais desafiantes da história da Sonae”. “Após um bom início de ano, fomos atingidos pela pandemia Covid-19 em meados de março e foi durante o segundo trimestre que sentimos os principais impactos desta situação sem precedentes.”

Destacando que “todos os negócios foram severamente afetados por este contexto adverso”, a líder da Sonae sublinha que o portefólio da empresa “apresentou um desempenho muito resiliente ao longo das últimas semanas”, destacando o desempenho da Sonae MC, onde estão marcas como o Continente, Well’s ou a Go Natural, e da Worten.

Cláudia Azevedo menciona também a “situação particularmente desafiante da Sonae Sierra”, negócio responsável pelos centros comerciais, que estiveram praticamente encerrados durante o segundo trimestre trimestre.

“Os próximos meses irão trazer diferentes tipos de desafios às nossas equipas e estou confiante de que a Sonae os irá ultrapassar. Temos um portefólio de negócios resiliente e uma sólida posição financeira, mas temos sobretudo as pessoas certas e os valores certos em toda a organização”, afirma a CEO da Sonae.

Redução da dívida em 498 milhões de euros

A empresa indica que, no primeiro semestre, reduziu a dívida em 498 milhões em termos homólogos, para 1257 milhões de euros. “As condições de financiamento da Sonae continuaram a ser caracterizadas por um baixo custo de dívida, que se manteve em 1,2% durante o 1S20 (cerca de 1,0% excluindo a Sonae Sierra), e pelo perfil de maturidade médio que ultrapassou 4 anos”, indica a companhia.

O grupo refere ainda que “aumentou o perfil de maturidade média” e a diversificação dos bancos de relacionamento, destacando também que “reforçou de forma significativa a sua estrutura de capitais”.

Até junho a empresa indica que continuou a investir, totalizando um montante de 113 milhões de euros. Deste valor, 89 milhões de euros correspondem a investimentos realizados pela Sonae MC.

Sonae MC cresceu 11,5% e Worten cresceu no online

Analisando por negócio, a Sonae MC atingiu um volume de negócios de 2431 milhões de euros no primeiro semestre, um crescimento de 11,5% em termos homólogos. A empresa destaca também o desempenho na operação de e-commerce, que enfrentou um súbito crescimento durante o confinamento. “Este desempenho reflete um impacto extraordinário da Covid-19, demonstrando a superioridade da proposta de valor dos formatos de retalho alimentar da Sonae MC, especialmente importante num setor em que permanece a restrição de 5 clientes por 100 m² nas lojas”, indica a empresa.

Já em relação à rentabilidade operacional subjacente, o impacto incremental do Covid-19 no lado dos custos, especialmente no segundo trimestre, “levou a uma margem ligeiramente inferior face ao ano passado”, explica a Sonae “Entre os custos diretos e indiretos relacionados com a pandemia destacaram-se os custos com medidas de higiene e de segurança e prémios pagos aos colaboradores para recompensar o trabalho excecional na linha de frente durante o período de confinamento, juntamente com as mudanças no canal e no mix de produtos que pressionaram a margem bruta.”

A margem de EBITDA subjacente da Sonae MC situou-se em 9,3%, ligeiramente abaixo dos 9,5% do primeiro semestre de 2019.

No caso da Worten, dedicada ao retalho de eletrónica, a Sonae destaca um desempenho forte ao longo do segundo trimestre, mesmo com contextos diferentes em Portugal e Espanha. No segundo trimestre a Worten viu o volume de negócios crescer 6%, com o canal online como principal impulsionador das vendas. Ao longo do semestre a Worten atingiu um volume de negócios de 482 milhões de euros, destacando-se as categorias de tecnologias de informação e entretenimento com forte crescimento.

Em relação à rentabilidade, o EBITDA subjacente da Worten melhorou 7 milhões de euros em termos homólogos, para 12 milhões de euros (margem de 4,7%) no segundo trimestre, impulsionado pelo desempenho das vendas, nomeadamente em Portugal.

Vendas online da Mo e Zippy num trimestre ultrapassaram números de 2019

O volume de negócios da Sonae Fashion, que compreende cadeias de lojas como a Mo ou a Zippy, recuou 25% em termos homólogos no primeiro semestre, situando-se nos 131 milhões de euros. Com as lojas fechadas durante praticamente todo o segundo trimestre do ano, a Sonae Fashion viu o impacto das vendas ser compensado pelo desempenho no canal online.

A marca de vestuário para infantil Zippy e a Mo registaram valores de vendas online 5 e 6 vezes superiores, respetivamente. Num único trimestre, as vendas online destas lojas superaram todo o desempenho de vendas de 2019, nota a Sonae.

Cartão Universo com média de quota de mercado de 14,7% no semestre

O volume de negócios da Sonae FS ascendeu a 17 milhões de euros no primeiro semestre, resultado que a Sonae descreve como alinhado com o ano anterior. “Embora não seja dos negócios mais afetados do portefólio, a atividade da Sonae FS diminuiu nos meses de confinamento, nomeadamente no que diz respeito à emissão de novos cartões de crédito e aprovações de empréstimos pessoais”, explica a Sonae.

Mesmo com a “desaceleração do mercado de pagamentos com cartão de crédito como um todo (-15% até o final de junho)”, a Sonae estima que o cartão Universo tenha registado uma quota de mercado estimada de 14,7 no primeiro semestre. “Isto representa uma quota de mercado recorde desde a sua criação e no período de confinamento, impulsionada por um forte aumento das compras online em setores como mercearia, roupas e eletrodomésticos, significativamente acima dos números históricos.”

No final de junho, a Sonae FS contabilizava 886 mil cartões Universo ativos, mais 85 mil face ao mesmo período do ano passado.

Centros comerciais afetados por pandemia

Com as medidas de restrição a manter os centros comerciais de portas fechadas, a pandemia teve “um impacto material no setor imobiliário de retalho”, indica a empresa, descrevendo que tal impactou “negativamente todas as unidades de negócio da Sonae Sierra”.

O resultado líquido da Sonae Sierra no segundo trimestre ficou em terreno negativo, com prejuízo de 56 milhões, dividido entre ” -3 M€ de resultado direto e -53 M€ de resultado indireto, este último relacionado principalmente com reavaliações de ativos durante o trimestre, uma vez que o valor dos ativos sofreu com o aumento das yields e com os impactos operacionais relacionados com a pandemia”, indica a Sonae na comunicação à CMVM.

A empresa destaca também que, apesar de ainda estarem abaixo dos valores pré-pandemia, o número de visitantes tem vindo a “evoluir positivamente” e que as vendas dos lojistas têm demonstrado sinais “encorajadores”.

ISRG com desempenho positivo após reabertura

A Iberian Sports Retail Group (ISRG) foi bastante afetada pelos primeiros meses do ano, nota a Sonae. “Após um forte desempenho em 2019, os primeiros meses do ano fiscal da ISRG foram severamente afetados pelo Covid-19, já que a partir de meados de março todas as lojas da empresa foram encerradas em Portugal e Espanha (representando um período de paragem em metade do trimestre). Esta situação implicou que o resultado do método de equivalência patrimonial da empresa incluído nas contas da Sonae fosse negativo em 6 milhões de euros no trimestre.”

A empresa refere que a reabertura das lojas desde junho, tanto em Portugal como em Espanha, tem representando um desempenho “muito positivo e encorajador”.

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