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A Sonae Sierra, imobiliária especializada no desenvolvimento e gestão de centros comerciais, vai instalar nos próximos dois anos painéis fotovoltaicos em todos os shoppings. A medida, que chega numa altura em que a eficiência energética está na ordem do dia devido à guerra que opõe a Rússia e a Ucrânia, insere-se no plano do grupo liderado por Cláudia Azevedo de atingir a neutralidade carbónica em 2040, antecipando em dez anos a meta definida pela União Europeia e subscrita por Portugal. A instalação dos painéis irá arrancar em 2023 em todos os ativos onde seja viável, independentemente das geografias. Este projeto, cujo investimento ainda não está quantificado, é um reforço na estratégia de alimentar os centros com energia de fontes renováveis, embora a produção própria fique muito aquém das necessidades dos edifícios.
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Nas contas de Elsa Monteiro, diretora de sustentabilidade da Sierra, a produção fotovoltaica irá representar entre 0,4 e 5% do consumo de um shopping. “Estamos conscientes que a quantidade de energia que é possível produzir por fotovoltaicos corresponde a uma percentagem muito pequena do total do consumo de cada centro”, por isso, não vamos deixar cair a política de compra de energia verde. Neste momento, “todos os ativos que temos na Península Ibérica compram energia verde. A eletricidade que consumimos nos centros é de fontes renováveis”, sublinha.
Nada nestas questões da poupança de energia e uso eficiente de recursos é nova para a Sierra que, desde o início do milénio, desenhou uma estratégia para reduzir o impacto da operação no ambiente. No ano passado, a política de gestão sustentável permitiu à empresa evitar gastos operacionais de 14,5 milhões de euros. Ao nível dos custos energéticos, a empresa registou uma poupança de 12,3 milhões e o consumo de eletricidade baixou 2% desde 2020. Recuando à primeira década do milénio, verifica-se que reduziu as emissões de CO2 em 84% e o consumo de eletricidade em 66%. Já a percentagem de reciclagem de resíduos cresceu 239% e os gastos de água diminuíram 41%. Atualmente, a percentagem de água reciclada e reutilizada situa-se nos 6%.
Elsa Monteiro sublinha que a Sierra já há muito tempo que está a atuar nestas áreas e, agora, a poupança de energia tornou-se imperativa devido aos aumentos dos custos provocados pela guerra. O contexto atual é preocupante, mas a responsável defende que “a eficiência energética deve ser conseguida sem prejudicar o nível de serviço nem a operação económica das atividades”. E frisa: “Fechar mais cedo ou abrir mais tarde não passa pelos nossos planos”. Até porque, aponta, “este ano já temos uma redução de consumo de energia muito superior ao que são os compromissos do país até março do próximo ano. Nós já estamos a atuar e comparando com os valores até 2019, nós já reduzimos muito mais que 7%”.
O governo parece que foi sensível aos argumentos dos operadores de centros comerciais. O Plano de Poupança de Energia para 2022-2023, apresentado no final de setembro, avança propostas, com caráter de recomendações, que incluem a redução do consumo energético na iluminação interior e exterior, e também na climatização, de centros comerciais, mas nada que condicione o normal funcionamento destes empreendimentos comerciais. E, entretanto, a Associação Portuguesa de Centros Comerciais vai assinar um protocolo com a ADENE – Agência para a Energia para estabelecer um plano de poupança nos shoppings nacionais.
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Elsa Monteiro admite que “algumas medidas de contingência terão de ser implementadas no curto prazo para acomodar a subida abrupta dos preços da energia que vão impactar os custos operacionais da organização”. Mas, independentemente dessa resposta, “nós estamos a trabalhar no plano de descarbonização dos nossos ativos, que serve não só para mitigar os riscos das alterações climáticas mas, sobretudo, melhorar as medidas de eficiência energética, redução de energia renovável e a escolha do tipo de energia que consumimos da rede”. Para a responsável, é um tiro no pé “prejudicar a atividade económica por causa da energia. A energia tem que fazer parte da atividade económica”.
A Sierra já definiu várias metas para alcançar a neutralidade carbónica em 2040, sendo certo que no processo serão necessárias avaliações, olhar as novas tecnologias disponíveis e fazer upgrades. Ao nível da eficiência energética, a empresa está a auditar cada centro para confirmar as poupanças que a instalação de novos sistemas e equipamentos podem gerar e identificar as medidas a implementar. O objetivo é “potenciar ainda mais a redução do consumo de energia de forma sistemática”, estimando que a implementação deste programa possa representar uma redução de 25 a 27% no portfolio da empresa.
Dentro dos objetivos, está também a substituição de gás natural por fontes de energia renovável, a sensibilização para melhores práticas entre os lojistas e otimizar os materiais de construção a utilizar nos novos edifícios ou expansões.
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