//Startup cria tecnologia para conversar com pessoas depois da morte

Startup cria tecnologia para conversar com pessoas depois da morte

A página principal do site da YOV, uma startup muito recente que foi criada em Los Angeles, tem um vídeo promocional a correr que mostra pessoas de luto num funeral. “A um certo ponto, todos temos de dizer adeus”, lê-se em pano de fundo. Mas a tristeza e as lágrimas são subitamente substituídas por sorrisos quando os utilizadores recebem chamadas de entes queridos que já morreram. “E se não tivéssemos de o fazer?” A pergunta é tão intemporal como a ideia subjacente: existe alguma maneira de imortalizar aqueles que amamos? Esta startup, cujo nome é um acrónimo de “You, Only Virtual”, acredita que sim.

A YOV foi criada por Justin Harrison depois de, em 2019, ter sofrido um acidente de mota e se ter deparado com o cancro terminal da sua mãe. Harrison, um psicólogo clínico, queria uma forma de continuar a replicar as interações que tinha com a mãe após a sua morte e concebeu uma tecnologia para o fazer. É uma técnica pioneira, a primeira empresa a fornecer um serviço que recolhe e arquiva a personalidade de uma pessoa com base nas suas interações emocionais e sentimentais.

A forma como isto funciona é fascinante. A aplicação estará brevemente em fase beta e apenas por convite, com 10 mil utilizadores a testarem a primeira versão durante seis meses. Descarregando a aplicação, os utilizadores poderão começar a arquivar as suas “personas” virtuais a partir das conversas que vão tendo com amigos e familiares num “círculo YOV”. A plataforma recorre a aprendizagem de máquina e análise de personalidade para construir esta “persona” e todos os elementos do círculo têm de dar permissão para o efeito.

Na eventualidade de um deles morrer, os outros membros do círculo podem continuar a interagir com ele através da sua “persona” virtual, de uma forma que recria as nuances da sua personalidade e forma de falar. Estas comunicações poderão ser feitas através de mensagens de texto, voz ou IA na primeira fase; depois, a YOV pretende adicionar comunicações 3D em vídeo com funcionalidades de realidade aumentada e realidade virtual. A ideia é que seja possível receber mensagens, chamadas ou vídeo-chamadas de alguém que já morreu e ter conversas novas com a “persona” virtual dessa pessoa.

O serviço será pago mensalmente, sendo que os utilizadores iniciais – no “Clube dos Fundadores” – terão um preço permanente de um dólares por mês.

“Está disponível em todo o mundo”, disse ao Dinheiro Vivo Anita Lane, que está a fazer a comunicação da startup. “Estamos a convidar utilizadores a inscreverem-se na fase beta neste momento.”