Fardas há muitas, mas a partir do final do mês, 19 mil trabalhadores do Continente e do Modelo Continente de norte a sul do país vão vestir uma farda desenhada por Luís Buchinho. O designer criou seis looks diferentes, tendo sido produzidas mais de 200 mil peças de fardamento. Tudo made in Portugal.
“Este projeto teve como principal objetivo desenhar uma coleção a pensar no bem-estar e conforto das nossas pessoas, criando um conjunto de peças modernas que, conjugadas de diferentes modos, permitem respeitar e a identidade e singularidade de cada um”, começa por dizer Fátima Valinhas, diretora de conceção loja e espaço Sonae MC. Luís Buchinho foi a “escolha natural” para este projeto, “tendo em conta o seu prestígio, percurso no universo da moda e a sua assinalável capacidade de inovação ao longo dos anos”.
Criar fardas não é uma novidade para o designer. Luís Buchinho já tinha desenhado, por exemplo, os uniformes para a cadeia Leitaria do Paço. “O desafio em criar uma proposta de fardamento é de certo modo sempre muito semelhante, uma vez que o mesmo se destina a uma grande variedade de pessoas com características muito distintas entre si. Neste caso, o desafio multiplicou-se substancialmente, uma vez que estamos a lidar com um número muito elevado de funcionários!”, diz.
Ao todo 19 mil trabalhadores da rede de hipermercados Continente e de supermercados Modelo Continente vão envergar as peças criadas no atelier do designer, “agrupadas em looks por função, que podem ser usadas de maneiras distintas. Por exemplo, calça ou saia, t-shirt de riscas vermelhas ou de risca pretas, avental azul ou vermelho…”, descreve Luís Buchinho. “São projetos muito apelativos, são desafios que colocam os designers numa linha de pensamento diferente daquela que lhes é habitual, pois em vez de pensarem para um projeto sazonal como são as coleções de moda, tem de refletir numa proposta com um grau de intemporalidade muito vasto”, diz o criador.
Ao todo foram criados seis looks distintos, por função, tendo sido produzidas mais de 224 mil peças. “Os principais desafios consistiram no desenho de linhas mais atuais e elegantes, sempre privilegiando o conforto dos colaboradores no desempenho das suas funções diárias”, diz Fátima Valinhas.
Piloto em duas lojas testou fardas
Para garantir uma correta adequação da farda às diversas funções numa loja de retalho alimentar foi feito um piloto. “Durante alguns meses realizámos um projeto-piloto em duas das nossas lojas, precisamente com o objetivo de os colaboradores testarem todas as peças e darem o seu feedback sobre as mesmas”, refere Fátima Valinhas.
Mangas demasiado largas que atrapalhavam o serviço, tecido que se enrugava demasiado por ser de linho foram algumas das críticas que chegaram ao Dinheiro Vivo de uma das lojas piloto. De que modo essa apreciação dos trabalhadores levou a reajustes nas fardas? “Este piloto revelou-se muito útil, uma vez que nos permitiu fazer diversos ajustes nas fardas, para que estas fossem ao encontro às necessidade e sugestões transmitidas pelos colaboradores”, diz diretora de conceção loja e espaço Sonae MC.
Cerca de um ano depois do projeto começar a ser pensado – envolvendo colaboradores de áreas tão distintas como conceção de loja, recursos humanos, equipamentos e marketing, bem como as equipas de loja – as fardas começam a ser implementadas a partir de 30 de setembro.
Uma aposta cujo valor de investimento a Sonae MC não adiantou. “O investimento efetuado é nas nossas pessoas, no seu conforto diário e na valorização da sua imagem profissional e pessoal”, diz apenas Fátima Valinhas.
A responsável da cadeia de distribuição sublinha, no entanto, “o compromisso da Sonae MC em apoiar a produção nacional, trabalhando com fornecedores portugueses que reconhecem a mais-valia e importância desta parceria e investimento para os seus negócios”.
A HR Proteção (Mangualde), Rofer (Landim), Workstyle (com fábrica em Vila Nova de Famalicão), Temasa (Marco de Canaveses), TMG – Têxtil Manuel Gonçalves (Vila Nova de Famalicão) foram os parceiros envolvidos neste projeto. “É de salientar o grande profissionalismo e empenho que todos eles demonstraram ao longo de todo o processo, nomeadamente no que respeita ao desenvolvimento e concretização deste projeto. Foi visível o entusiasmo de todos eles durante as visitas de acompanhamento que fomos fazendo às fábricas durante o processo”, destaca.
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