//TAP: “82% dos trabalhadores continuarão a sofrer cortes no salário”

TAP: “82% dos trabalhadores continuarão a sofrer cortes no salário”

“Decidimos que é o mais acertado e justo a fazer.” Foram as palavras de Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, esta terça-feira, em conferência de imprensa, confirmando a decisão tomada pela companhia aérea, na semana passada, de aplicar uma redução de 10% nos cortes salariais dos pilotos – passando dos atuais 45% para 35% – e de aumentar o patamar salarial mínimo daqueles que não irão sofrer cortes de 1330 para 1410 euros.

Na sessão de esclarecimento à imprensa, na sede da transportadora, em Lisboa, a presidente executiva avançou que a medida de redução de corte será aplicada nos salários dos pilotos ainda este mês, com efeitos a partir de dia 1 de junho. Já quanto ao valor mínimo fixado para os funcionários que não terão redução salarial, Christine Ourmières-Widener diz que, em números, isto significa que “82% dos trabalhadores continuarão a sofrer cortes no salário”.

Depois de não ter conseguido chegar a um acordo com os sindicatos nas negociações, a CEO adiantou que, numa altura em que a TAP se encontra em fase de reestruturação, “isto é o que lhe é comportável”. Apesar de estar a voar mais, tendo já atingido 90% dos números registados em 2019, a companhia está “a ultrapassar uma situação bastante desafiante”, garante a responsável.

“São tempos desafiantes para todos”, prosseguiu a CEO. Afirmando que a TAP quer manter uma “boa relação com os seus sindicatos”, Ourmières-Widener disse compreender algumas reações “porque as questões que têm sido discutidas são críticas não só para o futuro da companhia, como para o dos seus trabalhadores”. “Aquilo que espero para o futuro é que haja respeito de ambas as partes”, acrescentou.

Questionada sobre a possibilidade de haver greve por parte dos trabalhadores, Christine Ourmières-Widener adiantou que, “até agora, não há confirmação de greves, mas veremos”. “Penso que todos os trabalhadores têm conhecimento da atual situação da TAP e percebem que qualquer interrupção será crítica para o futuro da companhia”, sublinhou a responsável.

Outros cenários negativos colocam-se em cima da mesa. Com as condições laborais a revelarem-se mais vantajosas noutras companhias aéreas fora do país, deverá a empresa portuguesa temer a perda de pilotos? “Até ao momento, não perdemos nenhum”, assegurou a CEO, dizendo que, contudo, “é melhor antecipar”. Apesar de ser uma “tarefa complicada”, Ourmières-Widener afirmou que a companhia tem unido esforços para manter os pilotos.