Partilhareste artigo
Com o plano de reestruturação ainda por fechar, a TAP procura deixar as nuvens negras no passado. Com prejuízos de mais de 490 milhões até junho, a companhia já anunciou um aumento do número de voos a partir de 31 de outubro, tentando tirar partido da “abertura” nomeadamente do mercado brasileiro e americano. Ainda assim, não deve ser suficiente para equilibrar as contas, devendo a transportadora receber um novo cheque de ajudas até ao final do ano. O ano de 2022, tal como previsto, deverá ainda ser de apoios, com o Orçamento do Estado a passar um cheque de quase mil milhões de euros.
Nesta segunda-feira, 6 de setembro, termina o prazo para concorrentes da TAP – como podem ser outros companhias aéreas – se pronunciarem sobre as ajudas de Estado aplicadas à empresa. Posteriormente, competirá à transportadora aérea responder. É mais um passo na avaliação que a Comissão Europeia está a fazer ao plano de reestruturação da companhia. O fim deste processo ainda não tem uma data marcada, estando em cima da mesa várias questões. A Comissão Europeia, contactada, diz que “não comenta” a investigação que está a ser feita. Reconhece, sim, que a avaliação lançada em julho continua a decorrer, não sendo no entanto, possível antecipar quanto tempo vai demorar ou qual o desfecho.
Uma das questões em cima da mesa, será os slots. As faixas horárias, que permitem as aterragens e descolagens, são um dos pontos fundamentais na operação de qualquer companhia aérea. Nas últimas semanas, a Ryanair – que levou a tribunal os apoios prestados à TAP – acusou a transportadora portuguesa de bloquear artificialmente slots e de assim travar o crescimento de outras companhias. O governo português negou que a TAP guarde slots. Mas Pedro Nuno Santos admite que a transportadora venha a perder faixas horárias após a conclusão das negociações. “Todas as companhias aéreas têm perdido slots. Não esperamos um tratamento diferente para a TAP. Obviamente que queremos limitar ao mínimo a perda de slots”, afirmou o ministro das Infraestruturas, nesta semana.
Para já, a companhia liderada pela francesa Christine Ourmières-Widener procura dar uma mostra de confiança ao mercado, tendo reforçado número de voos para o chamado inverno IATA. A TAP quer realizar quase mais uma centena de voos semanais entre 31 de outubro e 26 de março do que neste verão. “Este inverno, a TAP vai realizar mais 91 voos por semana do que aqueles que oferece atualmente, no pico de verão, período que é tradicionalmente o de maior atividade nas companhias aéreas. O plano de voos da TAP para o inverno IATA, que tem início a 31 de outubro e se prolonga até 26 de março de 2022, prevê, no período de pico de operação programado pela companhia, um total de 941 voos de ida-e-volta por semana, mais 91 frequências semanais do que as 850 que a companhia está a oferecer este verão”, anunciou.
Subscrever newsletter
Apostando em rotas europeias mas também no Brasil (52 voos semanais, nas 12 rotas) e nos Estados Unidos (com cerca de meia centena de voos para nove rotas), a TAP procurará voltar a dar gás a dois dos seus importantes mercados antes da pandemia e que estavam em crescimento. Para ambos os mercados, a empresa tinha o chamado programa Stopover, que permitia a escala em Portugal por dois ou três dias e depois voar para outro destino europeu sem custos adicionais. Pedro Nuno Santos não escondeu, em declarações nesta semana, que as faixas horárias são “muito importantes” para ligar, por exemplo, a Europa a África ou mesmo aos Estados Unidos.
Cheque de 500 milhões
A pouco mais de um mês da entrega do Orçamento do Estado (11 de outubro), o ministro das Finanças assumiu que, tal como previsto, o documento para o próximo ano vai contemplar um novo cheque para companhia. João Leão, em entrevista à RTP3, na quarta-feira, avançava que até ao final deste ano de 2021 iria receber apoios públicos na casa dos 500 milhões de euros. Já durante o primeiro semestre a empresa recebeu, sob a forma de compensação dos prejuízos causados pela pandemia entre março e junho de 2020, um cheque de mais de 460 milhões de euros.
No Orçamento do Estado para o próximo ano, e de acordo o previsto no plano de reestruturação, a TAP vai receber ajudas de 990 milhões de euros. Mas João Leão avisa a partir daí não haverá mais dinheiro, uma vez que o plano de capitalização fica completo.
Deixe um comentário