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A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou neste sábado que o PS deveria ser o primeiro a querer uma comissão de inquérito parlamentar sobre a TAP, alegando que o esclarecimento é essencial para a legitimação do próprio Governo.
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Catarina Martins falava aos jornalistas em Lisboa no final de uma reunião com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil. Ricardo Penarroias, dirigente sindical, manifestou o seu total apoio à constituição de uma comissão de inquérito parlamentar sobre a transportadora aérea nacional na Assembleia da República.
“O primeiro apelo que fazemos é que o PS aprove a comissão de inquérito proposta pelo Bloco de Esquerda, porque é uma necessidade da democracia ter esclarecimentos”, defendeu Catarina Martins, fazendo, depois, uma alusão ao facto de a bancada socialista ter maioria absoluta no parlamento.
“Naturalmente, se o PS estiver contra, espero que seja possível que essa comissão de inquérito exista com base em todos os outros mecanismos que o parlamento tem ao seu dispor”, completou, numa referência indireta à possibilidade de o PSD aceitar que se avance para essa comissão de inquérito de forma potestativa.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, depois das declarações de sexta-feira, no parlamento, do ministro das Finanças, Fernando Medina, aumentaram as dúvidas.
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Fernando Medina “andou todo este tempo a dizer que não fazia a mínima ideia sobre o percurso da sua ex-secretária de Estado Alexandra Reis, mas agora reconheceu que, afinal, sabia que Alexandra Reis tinha saído a meio do mandato da administração da TAP, sabia que tinha saído num acordo que tinha a ver com um conflito dentro da própria administração, mas só não sabia que tinha recebido meio milhão de euros” de indemnização. Ora, toda esta história é muito estranha”, observou.
Na perspetiva da coordenadora do Bloco de Esquerda, “não se saber nada acaba por ser uma forma de degradação das próprias condições de governação. Portanto, para que existam essas condições, o PS deveria ser o primeiro interessado na comissão de inquérito”.
“E essencial que exista transparência na democracia. Tudo aquilo que não está explicado, que está escondido, cria uma situação muito complicada ao Governo e o próprio PS deveria ter esse interesse. Como se viu [na sexta-feira, no parlamento], em resposta às perguntas da deputada Mariana Mortágua, o ministro das Finanças parece que se esforçou para não saber que Alexandra Reis teve uma indemnização de meio milhão de euros”, apontou.
Perante os jornalistas, Catarina Martins defendeu que a proposta do Bloco de Esquerda para a constituição de uma comissão de inquérito “é sensata e tem um objetivo muito determinado para permitir conclusões”, ou seja, que “num prazo de tempo conciso se perceba o que se passa na TAP e se corrijam os erros” nessa empresa, apurando-se “as responsabilidades políticas da tutela política”.
A seguir, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo, Ricardo Penarroias, lamentou que se fale muito sobre a administração, mas pouco sobre os seus trabalhadores, ouvindo-se pouco a sua voz.
“Estamos totalmente de acordo que se faça uma comissão de inquérito face ao que tem acontecido nos últimos tempos. Não existe só o episódio Alexandra Reis, mas outros que têm ocorrido. A direção deste sindicato sempre apontou a má gestão, havendo rigidez financeira, por um lado, e latitude e flexibilidade financeira para outras questões”, assinalou.
Ricardo Penarroias defendeu então “uma investigação séria, transparente, em que se apurem as responsabilidades”.
“O caso TAP não está fechado. Já sabemos que alguém recebeu dinheiro — e essa pessoa assumiu responsabilidades. Houve alguém que assumiu responsabilidades que deveria ter sabido do que tinha acontecido e demitiu-se do seu cargo. Contudo, alguém pagou para alguém receber esse dinheiro – e essa pessoa ainda não assumiu responsabilidades”, advertiu.
Mas o dirigente sindical foi ainda mais longe na sua denúncia: “E também houve uma entidade externa que redigiu o documento e que até agora não assumiu responsabilidades”, declarou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo, numa alusão às diversas partes envolvidas no caso de Alexandra Reis.
“Para o nosso sindicato este caso não acabou. Falta esclarecer muitas questões”, acrescentou.
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