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O sindicato que representa os pilotos (SPAC) emitiu um comunicado em que afirma que os dados em relação aos salários destes profissionais da TAP “não têm suporte factual” e que “assentam em dados cuja base de comparação não é idêntica”. “Trata-se de uma verdadeira campanha de desinformação que tem como único objetivo transferir para os pilotos o ónus dos maus resultados da TAP e desviar a atenção dos reais motivos que levaram o grupo TAP SGPS à atual situação”, acusam.
Os representantes dos pilotos notam que “quando se comparam os salários entre pilotos de várias companhias aéreas deve existir uma base idêntica. Ou seja, por exemplo, os mesmos dias de atividade mensal e horas de trabalho e a diferenciação entre vencimento base e variáveis associadas ao trabalho prestado e trabalho suplementar”. Por isso, dizem que “os dados que têm sido divulgados não apresentam este tipo de indicadores, não mostrando, por isso, a verdadeira situação existente entre os pilotos das várias companhias”. E comparou “a partir de uma base semelhante – as remunerações base – os salários dos pilotos da TAP, da Iberia, da Air Europa e da Air France”.
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Os números mostram que um comandante da TAP, com 10 anos de antiguidade, ganha 122 mil euros por ano. Neste caso, das três companhias, apenas um comandante da Air France ganha mais: 150 mil euros. No caso de um comandante da TAP com 15 anos de casa terá um rendimento anual de 142 mil euros, só acima do que ganha o mesmo profissional na Ibéria. E, por fim, um comandante com uma antiguidade de 25 anos na TAP ganha 175 mil euros por ano, abaixo dos profissionais de outras companhias. No caso dos comandantes com 25 anos de experiência na Ibéria a remuneração anual é de 200 mil euros, no caso da Air Europa é de 245 mil euros e no caso da Air France é de 189 mil euros.
No que diz respeito aos oficiais pilotos, o SPAC indica que um profissional com um ano aufere anualmente 56 mil euros, acima dos profissionais da Ibéria e Air Europe, mas abaixo dos da Air France que ganham 74 mil euros. No caso de um piloto com cinco anos de experiência na TAP ganha 64 mil euros, também acima da Air Europa e Ibéria, mas abaixo da Air France. E, por fim, no caso de um piloto com um década de experiência, o salário anual é de 76 mil euros, abaixo do que auferem em outras companhias. Um piloto com dez anos de experiência ganha 110 mil euros na Iberia, 125 mil euros na Air Europa e 122 mil euros na Air France.
“Numa análise sumária aos valores apresentados para a Iberia e Air Europa (facultados pelo Ministério na sua comparação) constata-se logo a total incongruência dos mesmos, senão vejamos, um oficial piloto de A330 com 10 anos, ganha mais que um comandante de A320 com 10 anos. Ora, um piloto é promovido a comandante a partir da categoria de oficial piloto, nunca ficando a ganhar menos com a promoção. Ou será expectável que haja uma progressão na carreira e o significativo acréscimo de responsabilidade inerente à função de comando de uma aeronave, havendo ao mesmo tempo uma regressão salarial. Demonstra-se assim facilmente a distorção das comparações”, diz o sindicato.
Além disso, o SPAC diz “estranhar” que não tenham sido feitas comparações com os profissionais de transportadoras como a Lufthansa ou British Airways “e que não se considere que o hub da TAP concorre com os hub destas companhias, designadamente para o Brasil e Estados Unidos da América, nem nos voos para África. Talvez porque não convém a comparação com as mesmas, dado os vencimentos dos seus pilotos serem significativamente superiores aos praticados na TAP, S.A”.
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O sindicato que representa os pilotos, em comunicado, diz ainda que: “certamente que em vez de debater os salários dos pilotos da TAP, deveria ser explicado aos portugueses o porquê de, entre 2018 e 2019, os custos com as irregularidades operacionais da companhia (custos em que a TAP incorreu devido a indemnizações por atrasos, irregularidades, cancelamentos de voos, despesas de alojamento de passageiro, entre outras) terem sido de 57 e 70 milhões de euros, respetivamente, e do indicador “Outros Gastos” ter sido, no mesmo período, de 170 e 179 milhões de euros”.
O comunicado termina com os pilotos a “reafirmam o seu total compromisso com o futuro da TAP e não hesitarão em defender o seu bom nome e ética profissional, rejeitando alinhar em campanhas que desgastam a companhia e põem em causa o seu futuro”.
O Governo entregou na semana passada o plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia. O documento contém várias medidas, entre elas o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas. O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88.
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