Partilhareste artigo
O PS acusou esta quinta-feira o PSD de “desnorte total” na comissão parlamentar de inquérito à TAP, depois de Luís Montenegro ter criticado os socialistas por acumularem presidência e relator, situação a que os sociais-democratas não se opuseram na quarta-feira.
Relacionados
Em declarações aos jornalistas, no parlamento, o deputado Carlos Pereira, coordenador do PS na comissão parlamentar de inquérito (CPI), salientou que, na reunião de quarta-feira, o PSD “não apresentou nenhuma proposta de relator”, e “validou o consenso” à volta do nome de Ana Paula Bernardo.
“Se o PS não tivesse apresentado uma candidatura, não havia relator da comissão parlamentar de inquérito à TAP (…) Isto representa sobretudo uma crítica severa à liderança parlamentar do PSD e isso preocupa-nos”, referiu, realçando que este nome teria de ser designado até à quinta reunião da CPI, a que se realizou precisamente na quarta-feira ao final do dia.
Nessa reunião, a deputada do PS Ana Paula Bernardo foi designada relatora da comissão de inquérito à TAP, uma proposta apresentada pelos socialistas e aceite por todos os outros partidos. O PSD, através de Paulo Moniz, não se opôs à escolha feita pelo PS e desejou até felicidades, dizendo esperar que o trabalho “seja rigoroso”.
O deputado Carlos Pereira disse parecer “evidente que o PSD está num total desnorte sobre este tema”.
Subscrever newsletter
“Compreendo mal que o líder parlamentar e o presidente do partido não se entendam sobre estas matérias”, disse, classificando de “pura politiquice” as declarações de Luís Montenegro, que acusou de “querer esconder” medidas positivas do Governo sobre habitação e inflação.
Para o PS, o PSD “parece querer manter a chama acesa da CPI porque acha que isso lhe dá vantagem partidária, mas não tem contribuído de forma decisiva e responsável para a sua evolução”.
Questionado se o PS, que tem maioria absoluta, teria aceitado um outro relator, Carlos Pereira classificou a pergunta de extemporânea, uma vez que não existiu qualquer proposta, e, sobre o facto de acumular esta função com a presidência, lembrou que os socialistas entendiam que nem lhes cabia liderar a CPI da TAP.
“Nós estávamos absolutamente convencidos, pela leitura do Regimento, que não era o PS a liderar. A análise que os serviços fizeram foi que não era assim e nós assumimos, como não podia deixar de ser. Não fizemos nenhum finca-pé, mas aceitámos”, referiu.
Já questionado sobre a informação, divulgada na quarta-feira num requerimento do PSD de que a antiga administradora da TAP Alexandra Reis colocou o lugar à disposição em dezembro de 2021, “eventualmente, sem lugar a qualquer indemnização”, através de um e-mail enviado ao então ministro Pedro Nuno Santos, o deputado do PS salientou que o Governo já tomou “decisões severas” nesta matéria.
Carlos Pereira lembrou que já se verificou a demissão de um ministro, Pedro Nuno Santos, de dois secretários de Estado e a recente exoneração da CEO e do chairman da TAP.
“O tema será avaliado na CPI, mas não me parece que acrescente muito à situação atual, do ponto de vista das consequências estão tomadas”, disse.
No final da reunião de hoje da bancada do PSD, Luís Montenegro considerou que a acumulação pelo PS da presidência e relator da comissão parlamentar de inquérito à TAP é “uma decisão errada”.
“O PS tem maioria absoluta e decidiu que devia juntar a presidência ao facto de ter também o relator, do meu ponto de vista é uma decisão errada que não enobrece os trabalhos da comissão de inquérito”, afirmou Luís Montenegro, no final da reunião do grupo parlamentar do PSD.
Questionado se o PSD não devia ter votado contra a proposta do PS na quarta-feira, Montenegro contrapôs que os socialistas nem sequer deveriam ter avançado com essa hipótese.
“A vontade do PS é irrebatível, a partir do momento em que o PS a apresentou como facto consumado, a oposição não tem votos para a contrariar, mas parece-me um mau indicio”, disse.
Deixe um comentário